Capítulo 10

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• Maiara •

Acordei sentindo outro corpo na cama e quase bati com a cabeça na parede ao constatar que Fernando estava bem ao meu lado. Ele parecia dormir e eu não podia acreditar na cara de pau e inconsequência em deitar na mesma cama quando claramente havia outras vazias no mesmo quarto. Levantei minha cabeça e procurei por Roze, mas ela não estava no quarto. Faltavam cinco minutos para meu relógio despertar e eu precisava fazer xixi e descer. Fernando abriu os olhos, me deu um sorriso e eu bufei.

Maiara: Não tem limites na sua perseguição? Como simplesmente deita ao meu lado com tantas camas vazias, Fernando?

Fernando: Tranquei a porta. — Ele encolheu os ombros. Menos mal. — Agora que sabe que falei a verdade, não acha que precisamos conversar? Cruzei meus braços. Não queria admitir que dei uma surtada. 

Maiara: Você ainda é casado.  — Encolhi os ombros. — Se ouvi bem, o divórcio sai em algumas semanas.

Fernando: Sim, é verdade. Mas não sou infiel, Maiara — ele disse com uma veemência que me deixou chocada. — Não quero que pense que sou o tipo de cara que trai quando a esposa está andando pelos corredores. Não posso permitir que tenha essa impressão de mim. Na minha vida, Mikelly é nada além da mulher que casei por quatro anos, foi uma decepção mútua de falta de amor e interesse. Somos colegas de trabalho e estamos separados de corpo há meses, em processo de divórcio também — completou. Engoli em seco, sentei-me na cama e me virei de frente. — Eu não fiquei com você para trair a minha esposa. Posso não estar solteiro perante a lei, mas estou no limbo, porque perante a lei também não estou mais casado.  Encarei minhas mãos no colo e depois seu rosto.

Maiara: Não vou me desculpar pelo tapa que te dei. Aquele beijo foi inapropriado.

Fernando: Foi gostoso, assim como a primeira vez que ficamos. — Ele sorriu e resisti à vontade de sorrir também. — Eu queria te ver de novo, mas você não me ligou.

Maiara: Encontrei a sua aliança no chão da minha sala.

Fernando pegou minhas mãos, me puxando para mais perto e com delicadeza, encaixou minhas pernas nas dele. Ele estava me hipnotizando, relaxei, passando meus dedos por seu pescoço e ainda tinha a marca da minha boca ali. 

Fernando: Estava no meu bolso porque eu não sabia o que fazer com ela. Nunca me divorciei antes. — Fez um ligeiro beicinho. Joguei a minha no mar, pensei, mas não ofereci essa informação. 

Maiara: Tudo bem, está esclarecido, mas eu não acho uma boa ideia continuarmos o que começamos naquela noite — comecei a falar e ele abriu a boca, consternado. — Não até estar oficialmente solteiro — adicionei com um risinho. Ele bufou. — Vai me dar tempo de me habituar ao trabalho. Você é meu chefe, Fernando.  Ele tirou meu cabelo da testa, beijando-me com suavidade.

Fernando: Não é proibido,  mas eu te entendo. É tudo muito novo, não é?

Maiara: Exatamente! — esclareci, aliviada que havia uma parte dele que podia entender. — Foi uma surpresa te encontrar aqui, eu não estava preparada. Por isso, além das cenas que já causamos, acho que devemos trabalhar bem juntos. 

Fernando: Quando estiver solteiro, posso te procurar novamente? — ele questionou e eu ri, corando.

Fernando sentou-se e ficou à minha frente. Encolhi os ombros, sem saber o que responder, não conseguia pensar com ele tão perto e lembrando como era gostoso abraçá-lo depois do sexo. Foi uma noite casual. 

Maiara: Preciso que saiba de uma coisa: eu não sou fácil. Tenho problemas de confiança e não vou aceitar ficarmos juntos enquanto for casado. Não quer dizer que teremos alguma coisa, apenas que não será até estar solteiro. — Olhei em seus olhos, sendo sincera. Foi um mal-entendido e eu peguei pesado porque tinha problemas pessoais com traições. Não pediria desculpas por aquilo.  Fernando apertou minha coxa.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora