• Maiara •
Acordei sentindo outro corpo na cama e quase bati com a cabeça na parede ao constatar que Fernando estava bem ao meu lado. Ele parecia dormir e eu não podia acreditar na cara de pau e inconsequência em deitar na mesma cama quando claramente havia outras vazias no mesmo quarto. Levantei minha cabeça e procurei por Roze, mas ela não estava no quarto. Faltavam cinco minutos para meu relógio despertar e eu precisava fazer xixi e descer. Fernando abriu os olhos, me deu um sorriso e eu bufei.
Maiara: Não tem limites na sua perseguição? Como simplesmente deita ao meu lado com tantas camas vazias, Fernando?
Fernando: Tranquei a porta. — Ele encolheu os ombros. Menos mal. — Agora que sabe que falei a verdade, não acha que precisamos conversar? Cruzei meus braços. Não queria admitir que dei uma surtada.
Maiara: Você ainda é casado. — Encolhi os ombros. — Se ouvi bem, o divórcio sai em algumas semanas.
Fernando: Sim, é verdade. Mas não sou infiel, Maiara — ele disse com uma veemência que me deixou chocada. — Não quero que pense que sou o tipo de cara que trai quando a esposa está andando pelos corredores. Não posso permitir que tenha essa impressão de mim. Na minha vida, Mikelly é nada além da mulher que casei por quatro anos, foi uma decepção mútua de falta de amor e interesse. Somos colegas de trabalho e estamos separados de corpo há meses, em processo de divórcio também — completou. Engoli em seco, sentei-me na cama e me virei de frente. — Eu não fiquei com você para trair a minha esposa. Posso não estar solteiro perante a lei, mas estou no limbo, porque perante a lei também não estou mais casado. Encarei minhas mãos no colo e depois seu rosto.
Maiara: Não vou me desculpar pelo tapa que te dei. Aquele beijo foi inapropriado.
Fernando: Foi gostoso, assim como a primeira vez que ficamos. — Ele sorriu e resisti à vontade de sorrir também. — Eu queria te ver de novo, mas você não me ligou.
Maiara: Encontrei a sua aliança no chão da minha sala.
Fernando pegou minhas mãos, me puxando para mais perto e com delicadeza, encaixou minhas pernas nas dele. Ele estava me hipnotizando, relaxei, passando meus dedos por seu pescoço e ainda tinha a marca da minha boca ali.
Fernando: Estava no meu bolso porque eu não sabia o que fazer com ela. Nunca me divorciei antes. — Fez um ligeiro beicinho. Joguei a minha no mar, pensei, mas não ofereci essa informação.
Maiara: Tudo bem, está esclarecido, mas eu não acho uma boa ideia continuarmos o que começamos naquela noite — comecei a falar e ele abriu a boca, consternado. — Não até estar oficialmente solteiro — adicionei com um risinho. Ele bufou. — Vai me dar tempo de me habituar ao trabalho. Você é meu chefe, Fernando. Ele tirou meu cabelo da testa, beijando-me com suavidade.
Fernando: Não é proibido, mas eu te entendo. É tudo muito novo, não é?
Maiara: Exatamente! — esclareci, aliviada que havia uma parte dele que podia entender. — Foi uma surpresa te encontrar aqui, eu não estava preparada. Por isso, além das cenas que já causamos, acho que devemos trabalhar bem juntos.
Fernando: Quando estiver solteiro, posso te procurar novamente? — ele questionou e eu ri, corando.
Fernando sentou-se e ficou à minha frente. Encolhi os ombros, sem saber o que responder, não conseguia pensar com ele tão perto e lembrando como era gostoso abraçá-lo depois do sexo. Foi uma noite casual.
Maiara: Preciso que saiba de uma coisa: eu não sou fácil. Tenho problemas de confiança e não vou aceitar ficarmos juntos enquanto for casado. Não quer dizer que teremos alguma coisa, apenas que não será até estar solteiro. — Olhei em seus olhos, sendo sincera. Foi um mal-entendido e eu peguei pesado porque tinha problemas pessoais com traições. Não pediria desculpas por aquilo. Fernando apertou minha coxa.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanfictionMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...