• Fernando •
No caos, nos dividimos, chamando um ao outro quando as especialidades se cruzavam. Estava um barulho ensurdecedor e eu mal conseguia auscultar meus pacientes. Ouvi um grito de um homem e quando me virei, ele arremessou Maiara contra a parede. Roberto o segurou por trás e um enfermeiro conseguiu sedá-lo. Deixei meu paciente com Amanda e levantei Maiara do chão. Seu rosto estava lavado de sangue.
Maiara: Estou bem! Preciso apenas de um pano. — Ela colocou a mão na testa.
Fernando: Não até ver esse corte. — Eu a levei para uma estação distante. No mesmo instante, meu paciente começou a parar e Amanda me gritou. Agarrei uma enfermeira. — Atenda a doutora Maiara — pedi e virei-me para Maiara. — Faça o curativo e uma TC.
Maiara: Estou bem, Fernando!
Fernando: É uma ordem, Maiara!
Corri de volta e, infelizmente, perdi o paciente. Merda.
Fernando: Diga a hora da morte e chame o necrotério.
Voltei para o próximo paciente e vi Maiara atendendo uma mulher ainda com o ferimento aberto no rosto. Parei ao seu lado e verifiquei que estava apenas com um curativo acima do corte, sangrando, e precisava de pontos. Esperei que terminasse com a paciente e a arrastei pelo braço até fora da emergência, chegando ao primeiro andar, onde havia uma estação fixa de curativos. Sem paciência, sentei-a na maca e puxei a mesa preparatória.
Maiara: Isso pode esperar! Temos uma emergência cheia, é só um corte! O paciente estava assustado e o relógio dele cortou meu rosto.
Fernando: Não pode esperar. Eu vi a queda e a força que bateu contra a parede e o chão. Além do mais, seu sangue está pingando nos pacientes.
Maiara: E temos outros que foram pisoteados porque havia uma suposta bomba no metrô.
Fernando: Mai, você é médica e sabe das consequências de uma queda. Pode não sentir nada agora porque a adrenalina está correndo em seu corpo, mas o que aconteceria se relaxasse e desmaiasse dentro de uma sala de cirurgia?
Maiara: Você está um pé no saco hoje — ela reclamou e gemeu com a picada da agulha.
Fernando: Quieta. Vou começar a costurar o seu rosto.
Maiara: Não é porque nós estamos transando que você pode crescer assim pra cima de mim.
Fernando: O que eu fiz além de estar cuidando de você e tentando costurar a sua linda testa? E você não consegue ficar quieta!
Maiara: Hoje você começou a nossa cirurgia antes de mim. Tudo bem, conheço o protocolo, mas me deixou louca quando disse: "Que bom que chegou para a cirurgia, hoje é um lindo dia" como se eu fosse uma aluna atrasada e você um professor pé no saco. Era minha cirurgia também! — ela disse e segurou minha mão. — Caralho, isso dói!
Fernando: Nunca levou pontos antes?
Maiara: Claro que não!
Fernando: Só mais dois e estará pronto. — Eu ri e voltei com a agulha, ela gemeu. — Não comecei a cirurgia sem você por falta de consideração. Você estava com outro paciente e terminando. Chegou em um perfeito horário, ainda estava na explicação. E agora, estou cuidando de você. Não seja uma chata irritadinha. — Beijei seus lábios. — Tive uma noite de sexo maravilhosa, sempre fico muito animado no dia seguinte — sussurrei, conspiratório.
Ela fez um beicinho e deitou a cabeça no meu ombro, reclamando de dor. Eu a coloquei no lugar, ainda precisando terminar.
Maiara: Estou satisfeita com todo o sexo que fizemos nessa noite, foi realmente incrível e devemos repetir em breve, antes que eu comece a ficar ainda mais rabugenta. Acho que não estou tendo um bom dia. — Ela suspirou e se encolheu, tentando fugir da sutura.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanficMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...