Capítulo 16

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• Fernando •

No caos, nos dividimos, chamando um ao outro quando as especialidades se cruzavam. Estava um barulho ensurdecedor e eu mal conseguia auscultar meus pacientes. Ouvi um grito de um homem e quando me virei, ele arremessou Maiara contra a parede. Roberto o segurou por trás e um enfermeiro conseguiu sedá-lo. Deixei meu paciente com Amanda e levantei Maiara do chão. Seu rosto estava lavado de sangue.

Maiara: Estou bem! Preciso apenas de um pano. — Ela colocou a mão na testa.

Fernando: Não até ver esse corte. — Eu a levei para uma estação distante. No mesmo instante, meu paciente começou a parar e Amanda me gritou. Agarrei uma enfermeira. — Atenda a doutora Maiara — pedi e virei-me para Maiara. — Faça o curativo e uma TC.

Maiara: Estou bem, Fernando!

Fernando: É uma ordem, Maiara!

Corri de volta e, infelizmente, perdi o paciente. Merda.

Fernando: Diga a hora da morte e chame o necrotério.

Voltei para o próximo paciente e vi Maiara atendendo uma mulher ainda com o ferimento aberto no rosto. Parei ao seu lado e verifiquei que estava apenas com um curativo acima do corte, sangrando, e precisava de pontos. Esperei que terminasse com a paciente e a arrastei pelo braço até fora da emergência, chegando ao primeiro andar, onde havia uma estação fixa de curativos. Sem paciência, sentei-a na maca e puxei a mesa preparatória.

Maiara: Isso pode esperar! Temos uma emergência cheia, é só um corte! O paciente estava assustado e o relógio dele cortou meu rosto.

Fernando: Não pode esperar. Eu vi a queda e a força que bateu contra a parede e o chão. Além do mais, seu sangue está pingando nos pacientes.

Maiara: E temos outros que foram pisoteados porque havia uma suposta bomba no metrô.

Fernando: Mai, você é médica e sabe das consequências de uma queda. Pode não sentir nada agora porque a adrenalina está correndo em seu corpo, mas o que aconteceria se relaxasse e desmaiasse dentro de uma sala de cirurgia?

Maiara: Você está um pé no saco hoje — ela reclamou e gemeu com a picada da agulha.

Fernando: Quieta. Vou começar a costurar o seu rosto.

Maiara: Não é porque nós estamos transando que você pode crescer assim pra cima de mim.

Fernando: O que eu fiz além de estar cuidando de você e tentando costurar a sua linda testa? E você não consegue ficar quieta!

Maiara: Hoje você começou a nossa cirurgia antes de mim. Tudo bem, conheço o protocolo, mas me deixou louca quando disse: "Que bom que chegou para a cirurgia, hoje é um lindo dia" como se eu fosse uma aluna atrasada e você um professor pé no saco. Era minha cirurgia também! — ela disse e segurou minha mão. — Caralho, isso dói!

Fernando: Nunca levou pontos antes?

Maiara: Claro que não!

Fernando: Só mais dois e estará pronto. — Eu ri e voltei com a agulha, ela gemeu. — Não comecei a cirurgia sem você por falta de consideração. Você estava com outro paciente e terminando. Chegou em um perfeito horário, ainda estava na explicação. E agora, estou cuidando de você. Não seja uma chata irritadinha. — Beijei seus lábios. — Tive uma noite de sexo maravilhosa, sempre fico muito animado no dia seguinte — sussurrei, conspiratório.

Ela fez um beicinho e deitou a cabeça no meu ombro, reclamando de dor. Eu a coloquei no lugar, ainda precisando terminar.

Maiara: Estou satisfeita com todo o sexo que fizemos nessa noite, foi realmente incrível e devemos repetir em breve, antes que eu comece a ficar ainda mais rabugenta. Acho que não estou tendo um bom dia. — Ela suspirou e se encolheu, tentando fugir da sutura.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora