Capítulo 5

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• Maiara •

Encostei-me à porta e coloquei a mão na boca, com vontade de gritar como uma garotinha. Que noite maravilhosa e surpreendente! Ele foi tão... sexy. Eu nunca tive um parceiro sexual que me deixasse fora de mim. Tivemos tantas rodadas na noite anterior que não sabia como ainda estava de pé, estando inchada e dolorida em todos os lugares certos, mas não me importava, porque tinha seu número e talvez ligasse para ele após o meu primeiro plantão.

Dava até mais vontade de trabalhar sabendo que poderia ter um sexo muito vantajoso que tirasse todas as minhas tensões. Subi a escada para o meu quarto cantarolando, tomei banho e segurei meu travesseiro com o cheiro dele, mas eu tinha que trocar os lençóis e colocar aqueles para lavar. Continuei de roupão enquanto fazia a tarefa, sem me preocupar em vestir roupas. Joguei-me na cama, salvei o número dele e me controlei para não enviar uma mensagem e parecer uma completa perseguidora. Pedro respondeu às minhas mensagens e me distraí fazendo todo tipo de ameaça, mas ele disse que achou melhor não mencionar inquilinos ou eu iria desistir, e os contratos estavam no meu e-mail. Não estava realmente chateada e confiei nele quando disse que Tom e Lívia não davam trabalho algum e cuidavam bem do espaço. Salientei que era responsabilidade dele cuidar de qualquer problema, receber o aluguel e dar a atenção devida porque eu não tinha tempo para fazer nada daquilo. A conversa durou tanto que desci faminta, pronta para comer ovos fritos com torradas.

Passei pela sala e pisei em algo duro, que machucou a sola do meu pé. Abaixei e peguei a aliança de aro grosso, dourada, caída no meu piso de madeira. Dentro, estava a inscrição: Mikelly e Fernando Zorzanello, 29/10/2019. — Filho da puta! Ele é casado! Eu não podia acreditar! Segurei a aliança mais apertado e desejei ligar para ele, despejar todo tipo de palavrão e extravasar a minha raiva. Mas não conseguia fazer meus pés se moverem. Sentei-me no sofá, completamente mortificada de ter tido uma noite de sexo com um homem casado e que ainda deixou cair a aliança no chão da minha sala! Meu rosto esquentou de vergonha e dó do coração da outra mulher, tão enganada como um dia eu fui. Tinha pavor de traição e me senti tão suja por fazer parte de uma que era melhor que Fernando Zorzanello não aparecesse na minha frente novamente, ou eu não responderia pelos meus atos.

Irritada, guardei a aliança na gaveta da mesinha ao lado do sofá e fui para a cozinha, precisando extravasar a minha raiva. Bati a clara dos ovos com o fuê em uma bacia apenas para movimentar meu braço bruscamente e descontar a minha raiva. Fritei e comi com torradas, percebendo que acordei exuberante, feliz e muito bem comida, mas que agora me recusava a me sentir bem diante da infelicidade de outra mulher. Lavei a louça, pensando no que deveria fazer. A aliança guardada me fazia sentir estar guardando uma granada na sala da minha casa. Não podia ficar me torturando, tinha que levar algumas coisas para o hospital mais tarde para não chegar de mala logo no primeiro dia. Decidi que arrumaria minha bolsa, focando em meu trabalho e ignorando o babaca do Fernando para lá. Meu celular vibrou e era a minha mãe. Já fazia dois meses que não nos falávamos e ela nunca desistia. Atendi apenas para ter sossego por mais uns dias antes que ela voltasse a me ligar.

Maiara: Oi mãe . — Coloquei no viva-voz para poder arrumar minhas coisas.

Almira: Oi filha, como você está? Faz um tempinho que não sei notícias suas e liguei para o hospital, me informaram que não faz mais parte do quadro de funcionários. Aconteceu alguma coisa?

Maiara: Nada de mais. Mudei de cidade e de hospital.

Almira: Ah, sim. Onde está agora?

Maiara: Em São Paulo — murmurei, pensando na irritação em passar informações da minha vida.

Almira: Ah, que máximo! Eu te desejo sucesso, você é a melhor médica desse mundo mesmo, vai tirar de letra! — Ela soou animada. Sempre alegre, mas fez uma péssima escolha ao apoiar a outra filha.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora