Capítulo 24

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• Fernando •

Terminei de comer pensando no que comprar para ela porque sim, eu realmente me esqueci de um presente para a minha namorada. Merda. Subi correndo atrás de Amanda, ela conseguiria entrar e sair sem ser notada. Maiara amava relógios, seria mais um para a coleção que fazia, mas iria adorar de todo jeito. Encontrei minha auxiliar e pedi que saísse, descemos até a sala dos médicos para buscar meu cartão de crédito, quando Maiara me ligou pedindo que pegasse o dela e levasse até ela.

Entreguei o meu para Amanda. Animada por poder gastar meu dinheiro, saiu rapidamente e abri o armário de Maiara com a chave extra que ficava no meu chaveiro. Peguei sua carteira e tirei o cartão, mas debaixo dele havia um guardanapo dobrado. Curioso, tirei e abri. Foi impossível não sorrir ao ver que guardava o mapa ridículo que fiz da cidade com o número do meu telefone.

Foi a nossa primeira noite e ela mantinha a lembrança na carteira. Guardei no meu bolso e enviei uma mensagem para Amanda, pedindo para comprar mais uma coisa e não embrulhar para presente. ​

Cheguei ao andar da pediatria e ela estava na companhia de uma mulher vestida de terninho.

Maiara: Oi, amor. Trouxe? — Esticou a mão e entreguei. — Aqui está, traga os recibos. — Ela sorriu e a mulher saiu. Fiquei sem entender nada. — É a compradora pessoal da sua mãe. Vai fazer as compras de acordo com a minha lista muito eficiente. — Alfinetou e belisquei sua barriga, ela saltou rindo. — Como sei que você não comprou presentes, pedi que fizesse isso e vou enviar uma mensagem à coitada da Amanda, que não é a sua secretária, para voltar ao trabalho. — Ela me deu um beijo e foi para o quarto de um paciente.

Fernando: Eu também te amo!

Era odioso que ela me conhecesse como a palma de sua mão e ao mesmo tempo, uma das sensações mais incríveis do mundo. Fiquei observando-a trabalhar, apaixonado pelo seu amor e dedicação à pediatria, orgulhoso que, mesmo muito triste, com o coração partido, estava dando o seu melhor pelos pacientes.

Maiara era terrível em muitos aspectos. Seus defeitos eram difíceis de lidar. A mulher me enlouquecia com as manias de limpeza, em fazer tudo de uma vez só para não deixar pontas soltas e ter tiques que estressavam muito. Ela também era maravilhosa como companheira, uma amiga dedicada e uma profissional invejável.

Desci para a cardiologia e pouco tempo depois Amanda surgiu apenas com a moldura que pedi que comprasse.

Amanda: Comprei aqui na loja do hospital mesmo. — Ela me observou esticar o guardanapo ali dentro. — O que é isso?

Fernando: Uma lembrança do dia que conquistei a mulher da minha vida.

Amanda: Com um mapa? Ela caiu nessa? — Amanda soou ultrajada. Eu ri.

Fernando: Sim, foi com mapa e sexo épico.

Amanda: Vocês dois são muito estranhos.

Fernando: Soube que Matheus, em sua rápida passagem pelo hospital, se encantou com uma residente da cardiologia. Sabe quem é? — Olhei-a como quem não queria nada. Amanda jogou meu cartão de crédito no meu peito e saiu batendo o pé. — Vou assumir que é você! — gritei e ela andou ainda mais rápido para longe.

Devido à proximidade da ceia de Natal, a emergência estava cheia de acidentes domésticos, cortes, queimaduras, mãos cheias de farpas, decapitação de dedos — para aqueles que costumavam cortar suas próprias toras — e hipotermia. Maiara ficou ocupada em várias cirurgias seguidas e eu tive avaliação dos pacientes.

O plantão não foi complicado e nem tão estressante, afinal, a maioria estava no clima natalino. Acreditava ser um sentimento geral ter aquela melancolia do Natal, mas eu estava muito cansado quando tomei banho e me arrumei para a casa dos meus pais. Maiara demorou a descer e quando desceu, ficou horas no banheiro se arrumando com Roze.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora