• Fernando •
Terminei de comer pensando no que comprar para ela porque sim, eu realmente me esqueci de um presente para a minha namorada. Merda. Subi correndo atrás de Amanda, ela conseguiria entrar e sair sem ser notada. Maiara amava relógios, seria mais um para a coleção que fazia, mas iria adorar de todo jeito. Encontrei minha auxiliar e pedi que saísse, descemos até a sala dos médicos para buscar meu cartão de crédito, quando Maiara me ligou pedindo que pegasse o dela e levasse até ela.
Entreguei o meu para Amanda. Animada por poder gastar meu dinheiro, saiu rapidamente e abri o armário de Maiara com a chave extra que ficava no meu chaveiro. Peguei sua carteira e tirei o cartão, mas debaixo dele havia um guardanapo dobrado. Curioso, tirei e abri. Foi impossível não sorrir ao ver que guardava o mapa ridículo que fiz da cidade com o número do meu telefone.
Foi a nossa primeira noite e ela mantinha a lembrança na carteira. Guardei no meu bolso e enviei uma mensagem para Amanda, pedindo para comprar mais uma coisa e não embrulhar para presente.
Cheguei ao andar da pediatria e ela estava na companhia de uma mulher vestida de terninho.
Maiara: Oi, amor. Trouxe? — Esticou a mão e entreguei. — Aqui está, traga os recibos. — Ela sorriu e a mulher saiu. Fiquei sem entender nada. — É a compradora pessoal da sua mãe. Vai fazer as compras de acordo com a minha lista muito eficiente. — Alfinetou e belisquei sua barriga, ela saltou rindo. — Como sei que você não comprou presentes, pedi que fizesse isso e vou enviar uma mensagem à coitada da Amanda, que não é a sua secretária, para voltar ao trabalho. — Ela me deu um beijo e foi para o quarto de um paciente.
Fernando: Eu também te amo!
Era odioso que ela me conhecesse como a palma de sua mão e ao mesmo tempo, uma das sensações mais incríveis do mundo. Fiquei observando-a trabalhar, apaixonado pelo seu amor e dedicação à pediatria, orgulhoso que, mesmo muito triste, com o coração partido, estava dando o seu melhor pelos pacientes.
Maiara era terrível em muitos aspectos. Seus defeitos eram difíceis de lidar. A mulher me enlouquecia com as manias de limpeza, em fazer tudo de uma vez só para não deixar pontas soltas e ter tiques que estressavam muito. Ela também era maravilhosa como companheira, uma amiga dedicada e uma profissional invejável.
Desci para a cardiologia e pouco tempo depois Amanda surgiu apenas com a moldura que pedi que comprasse.
Amanda: Comprei aqui na loja do hospital mesmo. — Ela me observou esticar o guardanapo ali dentro. — O que é isso?
Fernando: Uma lembrança do dia que conquistei a mulher da minha vida.
Amanda: Com um mapa? Ela caiu nessa? — Amanda soou ultrajada. Eu ri.
Fernando: Sim, foi com mapa e sexo épico.
Amanda: Vocês dois são muito estranhos.
Fernando: Soube que Matheus, em sua rápida passagem pelo hospital, se encantou com uma residente da cardiologia. Sabe quem é? — Olhei-a como quem não queria nada. Amanda jogou meu cartão de crédito no meu peito e saiu batendo o pé. — Vou assumir que é você! — gritei e ela andou ainda mais rápido para longe.
Devido à proximidade da ceia de Natal, a emergência estava cheia de acidentes domésticos, cortes, queimaduras, mãos cheias de farpas, decapitação de dedos — para aqueles que costumavam cortar suas próprias toras — e hipotermia. Maiara ficou ocupada em várias cirurgias seguidas e eu tive avaliação dos pacientes.
O plantão não foi complicado e nem tão estressante, afinal, a maioria estava no clima natalino. Acreditava ser um sentimento geral ter aquela melancolia do Natal, mas eu estava muito cansado quando tomei banho e me arrumei para a casa dos meus pais. Maiara demorou a descer e quando desceu, ficou horas no banheiro se arrumando com Roze.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanfictionMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...