Capítulo 43

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• Fernando •

06 de maio — SIM! Eu amo você!

Toda vez que parava em frente à geladeira e via o bilhete, tinha vontade de agarrá-la novamente e fazer outra festa. Ela não só disse sim, como colocou a aliança e escolheu a data. Provavelmente, tinha a lista de convidados também. A primeira vez que li, foi há dois dias, o primeiro dia de Duda em casa, quando tivemos uma manhã agitada para podermos descansar à tarde. Maiara pediu que eu descesse e fizesse a mamadeira. Eu fui, sonolento, também com fome e parei, tentando entender o que diabos significava aquilo escrito na geladeira. 

Fiz a mamadeira me sentindo zonzo.

E só quando estava subindo a escada foi que entendi. Ela aceitou. Disse sim e marcou a data! 

Foi simplesmente um surto. Cheguei no quarto alterado e ela estava rindo. Eu me joguei em cima dela, ganhando uma gargalhada e um gritinho. Beijei-a de forma indecente para fazer com uma criança no quarto, mas eu não me importava. Beijei a mão dela com a aliança repetidas vezes. Maiara ficou rindo até cair em um choro emocionado, que fez com que Duda chorasse também. Nós voltamos a fazer uma festa, comemorando e mostrando a bebê que estava tudo bem, até que ouvimos uma risadinha do nosso lado. 

Duda deu a primeira risada conosco, que não foi tímida e nem rápida. Maiara deu um salto na cama e gritou para pegar o celular e eu, fui correndo, quase tropeçando. Duda achou incrível a bagunça, continuou gargalhando enquanto a gente ria e pude filmar, porque se um dia viesse a esquecer, poderia ver novamente. Rezava para que nunca esquecesse o primeiro dia de felicidade da minha menininha. 

Nós não saímos da cama naquela noite. Pedi pizza e Duda jantou papinha, que dessa vez Maiara colocou pedaços pequenos de cenoura. Foi importante ficarmos sozinhos nos últimos dias e atingi a tolerância dos nossos pais em nos deixar quietos. Trabalhei meu turno normalmente e iria ficar um tempo sem pegar grandes plantões, porque o hospital estava me perseguindo com as horas extras.

Abri a geladeira e tirei os ovos para fazer a omelete que a minha noiva manhosa pediu para o café da manhã. Duda ainda estava dormindo em seu berço, a primeira noite foi bem difícil, ela acordava a cada hora e chorava quando não nos via. No dia seguinte, Maiara disse que a deixou o dia inteiro no quarto, brincando, lendo historinhas e na hora da soneca, colocou-a no berço e ela ficou. Funcionou e ela só acordou uma vez no meio da madrugada e depois, às seis horas em ponto. 

Adaptar um bebê em casa era mais difícil do que os livros diziam. Maiara e eu estávamos com olheiras, cansados, preocupados e um tanto divertidos com as descobertas. 

Nete nos enviou uma cadeira alta, berço portátil e um canguru. Ela também aproveitou para comprar pequenos biquínis e maiôs bonitinhos e fraldas para piscina. Sorte a nossa termos uma família participativa, porque mesmo sendo médicos e ela especificamente uma pediatra, ficamos um pouco perdidos em ter um bebê vinte e quatro horas por dia dependendo de nós. 

Ouvi Duda chorar do berço e Maiara saiu do quarto, de camisola, bocejando com os cabelos completamente em pé e embolados de um único lado. 

Bati os ovos, olhando-a se inclinar para tirar Duda do berço e tive a visão de sua bunda sem calcinha. A noite anterior foi feliz de muitos modos: não só porque a criança dormiu o tempo todo, mas também porque pudemos ter o nosso primeiro sexo de noivado. Foi ainda mais gostoso. Ainda não tínhamos dado a notícia a ninguém. 

Maiara desceu com Duda, as duas estavam com o cabelo descontrolado e olhei meu próprio reflexo, constatando que também tinha o meu de pé.

Maiara: Estou com muita fome — Maiara murmurou e colocou Duda na cadeirinha alta, dando-lhe o patinho para que ela mordesse. Pegou uma banana e amassou.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora