• Fernando •
Roberto fez sinal para entrar e cada um foi para um lado. Sentamos e esperamos por quase uma hora, até ele começar a se mexer lentamente e suas pálpebras se agitarem. Ele abriu os olhos e franziu a testa, olhando por um longo tempo antes de se virar, procurando por alguém. Ele reconheceu minha mãe e moveu os dedos.
Sérgio: Filomena? O que aconteceu? Sofri algum acidente? — Ele moveu os lábios cansados e ela começou a chorar. — Não, baby. Não chore. Só estou sentindo uma dor de cabeça. O que aconteceu? Cadê Fernando?
Filomena: Qual é a última coisa que você lembra? — ela perguntou com suavidade.
Sérgio: Eu não sei. Um jantar com almôndegas e sei lá, vem várias coisas na minha mente. — Ele tossiu um pouco e virou-se para mim. — Ei, garoto! Não te vi aí. O que aconteceu comigo?
Fernando: É uma longa história. — Peguei sua mão e beijei. Meus olhos transbordaram com lágrimas e ele ficou confuso.
Sérgio: Parece que eu não tenho lugar nenhum para ir, então, podem me contar. — Ele sorriu e Roberto apareceu na porta. — Ei, olha o meu outro garoto! Cadê o seu chefe?
Roberto: Antônio?
Sérgio: Não. Qual é o nome dele mesmo?
Roberto: Eu sou o atendente agora. — Roberto parou do lado dele. — Preciso fazer uns testes, então, colabore comigo e não faça piadas — pediu com um risinho, mas sua voz estava embargada. Ele fez todos os testes, minha mãe observou atentamente e quase pulou no lugar quando meu pai respondeu a eles muito bem. — Excelente!
Sérgio: O que está acontecendo? Querida, pode me dizer! Eu aguento!
Minha mãe olhou pra mim e assenti. Roberto ficou, caso a reação do meu pai fosse completamente física. Comecei a contar quando vi que minha mãe estava com dificuldade de falar. Fui o mais calmo e conciso possível. Ele ficou me olhando, prestando atenção nas minhas palavras e chorou quando informei que passou cinco anos fora de sua vida.
Tremendo, segurou a mão da minha mãe, pedindo para que ela ficasse calma e eu continuei resumindo o que aconteceu com ele, basicamente, sem entrar em detalhes com o que aconteceu com a família. Ele ficou em silêncio quando parei de falar. Assimilando tudo. Deveria ser muito difícil entender o que perdeu.
Enviei uma mensagem para Maiara saber que ele estava acordado.
Sérgio: Querida, não chore. Não foi culpa sua. Mamãe só balançou a cabeça. — Por que eles não entram? — ele perguntou e vi meus tios com Tati parados na porta. — Aconteceu algo mais?
Sinalizei para que eles entrassem e ele ficou muito feliz em ver todo mundo. Tio Antônio atualizou meu pai sobre sua vida e o hospital nos últimos anos, tia Lúcia também contou algumas partes e papai se deliciou completamente quando Tati contou que era uma interna do hospital e estava interessada na neurologia, para a felicidade de Roberto.
Sérgio: Você ainda está com aquela garota? Qual o nome dela? Mikelly?
Fernando: Não. Nós nos casamos e nos divorciamos.
Maiara estava do lado de fora com Duda.
Sérgio: Quem é a mulher bonita com um bebê lá fora? — Ele olhou com interesse. — Eu conheço aquela criança.
Fernando: Minha noiva e minha filha. — Fiz sinal para que Maiara entrasse. Meu pai beliscou minha mão que estava perto da dele. — Ai! O que é isso?
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Todas as coisas que eu sonhei
FanficMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...