Capítulo 48

644 59 13
                                    

• Fernando •

Amanda, de acordo com o que Maiara dizia, era a minha esposa do trabalho. Embora eu amasse trabalhar com minha mulher e nossa química fosse além da cama, minha auxiliar era meu cérebro fora do corpo e por esse motivo, significava que a conhecia como a palma da minha mão. Ela estava cantarolando enquanto lia resultados de exames. Dividiu seu chocolate vegano sem lactose comigo, sem brigar. 

A pessoa mais fria e cruel que eu conhecia, cantava uma música feliz, balançando a cabeça. Eu até poderia deixar passar se durante um lanche rápido, eu não tivesse ouvido Matheus cantar a mesma música. Eu era lento para muitas coisas, mas aquilo, peguei no ar depois que eles chegaram juntos. 

Fernando: O que está acontecendo entre você e o doutor sem noção? 

Amanda: Eu não sei do que está falando.

Fernando: É mesmo? Então por que o porteiro disse que tem um homem entrando lá no apartamento? — Joguei verde e ela ficou vermelha. O porteiro do prédio jamais falaria algo. 

Amanda: Matheus precisava de um lugar para ficar e Ângela, coração mole, ofereceu o meu sofá. Eu fiquei um pouco tocada porque o idiota quase morreu por causa de Mikelly, mas já me arrependi. 

Fernando: Ele dorme no sofá mesmo?

Amanda: Fernando!

Fernando: O que foi? Me conta! Maiara fica me pedindo novidades quando chego em casa e estou sem nada para atualizá-la. Você tem que ter pena da minha mulher!

Amanda riu e me bateu com o prontuário, saindo de perto, dizendo que não tinha nada com Matheus e nunca teria. Besteira. Eles estavam fodendo. Ou bem perto disso. Eu a segui, porque era um idiota sem amor à vida.

Amanda: Você não tem que ir embora? Acho que tem mulher e filha para cuidar! — Ela me empurrou para o elevador, me entregando todas as coisas e literalmente me chutou para fora do meu andar. 

Roberto me ligou para desabafar sobre um paciente. Ele e Roze estavam de plantão, a mãe de Matteo doente e soube, por mensagens, que tínhamos mais um bebê em casa naquela noite. Eu tinha um dever de padrinho e pai, seria uma loucura. Tomei banho, troquei de roupa e vi que meu tio me enviou tudo o que tinha da nova pesquisa. Eram tantos arquivos que sequer consegui carregar com dados móveis. 

Atravessei a avenida correndo quando o sinal fechou. Entrei em casa e parei com a cena linda à minha frente.

Maiara estava dançando com Duda no colo. Havia panelas a pleno vapor na cozinha, vários vegetais espalhados pelo balcão e ela estava com o som alto o suficiente para superar o choro dela. Duda segurava o rosto de Maiara, que sorriu para ela, ainda choramingando e meio rindo. Encostei-me na porta da sala, pensando o quanto amava aquela mulher. Ela era a luz da minha vida. 

Ela era a luz do dia na escuridão em que eu estava vivendo. 

Duda acabou gargalhando em uma rodopiada e Maiara me viu, sorrindo e continuou dançando. Matteo percebeu a minha presença, colocou o bumbum para o alto e se equilibrou, engatinhando com ferocidade na minha direção. Agachei e o esperei chegar, pegando-o no colo. Ganhei sorrisos e beijos babados. 

Fernando: Oh, não, pare com isso. — Maiara acalmou o choro estridente de Duda. — Ela está com muito ciúme dele. — Moveu os lábios e ri. Fui até minha filha e beijei sua bochecha, ela agarrou minha camisa e quis meu colo também. Fiquei com os dois bebês nos braços.

Maiara: Vou olhar o molho do frango, se eu parasse para colocá-la na cadeirinha, o choro começava de novo. Só quer ficar no colo. — Maiara pegou uma colher de pau. Frango assado ao molho agridoce, aquela licença seria incrível se ela cozinhasse todos os dias.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora