Capítulo 28

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• Fernando •

Nós dormimos após o banho. Ela culpou a romã duas vezes antes disso e eu fui obrigado a mostrar que não precisava de nenhuma fruta afrodisíaca para me deixar excitado. Ela sabia que aquelas provocações me pegavam, não era nada engraçadinha. No meio da noite, meu celular recebeu a chamada de um número desconhecido que me deixou em alerta, quase deixei passar, mas sendo médico, eu não me dava ao direito de perder ligações.

William: Senhor Zorzanello? O senhor ainda não me conhece, eu sou William, segurança pessoal do senhor Marco César. Nós acabamos de dar entrada na emergência, o senhor Marco esteve sentindo fortes dores no peito e no braço nessa madrugada, eu o trouxe o mais rápido que consegui. O hospital ligará para Maiara e ele não quer que ela se assuste — ele disse e me sentei na cama.

Eram três da manhã.

Fernando: Você pode me colocar com quem está atendendo? — pedi e meu plantonista noturno atendeu o telefonema. — Ele é o pai da Maiara. Remova-o para a sala trauma quatro, eu estou a caminho. Não deixe meu sogro morrer. — Finalizei a ligação e virei-me para Maiara, apagada. — Ei, bebê. Acorde — chamei suavemente duas vezes e ela gemeu, tentando virar e fugir das minhas mãos. — Amor, olha pra mim. — Ganhei sua atenção. — Seu pai deu entrada na emergência, precisamos nos vestir.

Com um pulo da cama, completamente histérica, muito diferente da reação com a mãe, correu para se vestir. Troquei de roupa, enfiando meus tênis no pé, puxando uma camiseta que não tinha certeza se vesti do lado certo, peguei as chaves e desci correndo atrás dela, que já estava atravessando a rua e mal tinha visto um ônibus que estava passando. Puxei-a de volta pelo casaco e ela repetia sem parar "está tudo bem, está tudo bem".

Atravessamos a rua e entrei direto na emergência.

Maiara: Não! Me deixe ir lá! Me solta, William! — ela gritou para um homem alto que estava segurando-a. Cheguei na recepção. — Fernando! É meu pai, me deixa ir, é meu pai!

Eu tive que ignorar seu lamento. Ela não podia entrar e vê-lo morrer.

Fernando: Como ele está? — Entrei na sala e peguei um par de luvas. A enfermeira estava realizando o ECG. — Oi, Cesão. — Sorri ao vê-lo de olhos abertos. — Ainda com dor no peito? — Ele balançou a cabeça. — O quanto foi administrado de morfina?

Trabalhar com meu próprio sogro foi uma experiência bem apavorante. Marco César estava mal, mas felizmente, reagindo. Antes de colocá-lo para descansar, ele tirou a máscara de oxigênio e sussurrou no meu ouvido algo que me deixou encucado. Abri a porta e William estava nela. Apenas repeti o que me foi dito "Pelicano, diga a William".

Estabilizado, abri a porta e Maiara veio correndo. Ela apenas me olhou, praticamente implorando por uma boa notícia. Balancei a cabeça e abri um sorriso, ela suspirou e segurou a minha mão.

Fernando: Está estável. Ele parecia muito nervoso com todo mundo ao redor dele. Algum histórico?

Maiara: Hipertensão. Ele nunca me deu um susto desses.

Fernando: Eu acredito que ele seja um potencial paciente para RM. Vou transferi-lo para a intensiva essa noite, dependendo de como for, amanhã para o quarto e logo que estiver o máximo recuperado, vou realizar os exames investigativos das artérias — expliquei e ela chorou, concordando. — Ele vai ficar bem.

Maiara: O que falou com William que ele saiu daqui como um furacão? — Maiara secou os olhos, usando um lenço de papel.

Fernando: Pelicano". William mencionou algo?

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora