Capítulo 42

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• Maiara •

Maiara: Você quer dar a mamadeira? — ofereci a Lúcia. Ela sorriu animada e pegou Eduarda. — Eu sei do jantar surpresa. — Soltei, porque não estava me aguentando. — Estou muito cansada, Lúcia. Desculpa. 

Só queria ir para casa e dormir. Ambientar Eduarda parecia ser uma tarefa muito difícil.

Lúcia: Vamos fazer no fim de semana, vai ser uma festa na piscina. — Ela sorriu e ofereceu a mamadeira que Eduarda já não negava mais quando sentia o cheiro. 

Agradeci, aliviada. Elas queriam agradar. Estavam felizes com a bebê e desejavam fazer parte, mas eu ainda não estava bem. Vi Fernando sair do elevador com uma mala vazia e fiquei confusa.

Fernando: Achei que seria ideal adiantar, levando a maior parte das coisas hoje, para amanhã sairmos só com o que pudermos levar na mão — ele explicou e assenti, olhando para o seu rosto. Ele estava chateado. — Seu pai estava lá com William... montando o quarto dela.

Maiara: Não bem montando. Queria que eles disfarçassem e deixassem o mais fácil porque você está cansado. Não queria que ficasse à noite acordado, entendeu?

Fernando: Mas eu queria fazer isso — ele falou baixinho e eu suspirei. — Entendi que quer cuidar de mim, mas eu posso fazer isso, porém, imaginei que fosse um berço e não um quarto inteiro. — Fernando encostou a testa na minha. — Pedi reforços — confessou com um sorrisinho. — Seu pai, William e eu não vamos dar conta. Paulo, Diego e Roberto irão para casa. Cerveja, jogo, montar móveis e um quarto de bebê até amanhã.

Maiara: Eu quero uma festinha também. — Abracei-o apertado e beijei seu pescoço. — Só me prometa que vai dormir? Nós dois com privação de sono é muito. — Fechei meus olhos por um momento e ele me sacudiu. — Desculpe. Cochilei.

Fernando riu e eu comecei a rir também. Ficamos abraçados, rindo como dois bobos no corredor e depois entramos. Eduarda nos olhou com sua expressão suave e fiz questão de dar-lhe um sorriso grande, para estimular sua alegria. Comecei a dobrar as roupinhas, deixando seu pijama, dois conjuntos de roupas limpas, trocas de fralda e itens de banho. Abri a mala enquanto Fernando brincava com ela. 

Meu coração derretia de amor cada vez que ele era um bobo com Eduarda.

Lúcia e Tati precisaram ir embora. Assim que guardei tudo, me deu vontade de chorar de novo. Não tinha mais lágrimas no meu reservatório. Passar por aquela experiência foi traumatizante e esperava que nunca mais, qualquer bebê próximo a mim precisasse ficar internado. Eduarda ainda tinha um longo caminho, sua recuperação demandava amor e carinho, além dos cuidados médicos. 

Fernando foi embora levando as coisas e Eduarda chorou quando o viu sair. Achava bonitinho que ela sentisse a nossa falta. Ainda não me sentia mãe, mesmo que tivesse um papel a caminho que me certificava daquilo. Estava cuidando dela. Queria muito que fosse saudável e feliz, mas dentro de mim, ainda não fazia sentido a palavra mãe. 

Não era pelos pais biológicos dela. Era por mim, mas talvez, minha sogra tivesse razão ao dizer que meu lado maternal estava florescendo e iria tomar forma conforme a adoção de Eduarda fizesse sentido na minha cabeça.  

Fernando tinha razão, enterrar minha irmã foi como tirar bolas de peso dos meus pés que me mantinham no mesmo lugar. Estava mais leve. Livre de toda raiva e mágoa. No entanto, ainda não conseguia perdoar o que fizeram com Eduarda. A negligência deles foi ainda mais cruel ao ponto de errarem a data de nascimento dela. Carlos disse que mamãe cuidava de Eduarda desde o primeiro dia, que Maraisa sequer quis amamentar.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora