Capítulo 1

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• Maiara •
Quatro anos depois
Nova Iorque

Pedro: Por aqui, senhorita Pereira — disse Pedro Vale, meu corretor e basicamente a única pessoa que vinha encontrando nas duas últimas semanas. — Acho que esse é o último. — Ele sorriu e não resisti, sorri também. Era impossível não corresponder aos sorrisos dele. No começo foi meio irritante, depois aprendi e entendi que ele era sempre alegre. —

Maiara: Estão acabando suas opções? — perguntei, seguindo-o para o interior daquele elevador antigo, cheio de grades e cheiro de graxa. — Eu lhe avisei que sou uma mulher exigente.

Pedro: Se eu consegui convencer a minha esposa a se casar comigo, consigo lhe convencer a escolher esse apartamento. — Piscou e saímos no segundo andar. —

Maiara: Uma cobertura? — Totalmente solitária. Só há um apartamento neste lugar. — Considerando que não parece um prédio residencial — murmurei e paramos na porta, ele abriu e entrei, olhando ao redor. — Imenso e sem vizinhos — completei, gostando do ambiente.

Pedro: Eu sei que é só para você, mas, pense bem. A sala é composta de três ambientes ideais. Televisão, sofá, mesinha de centro, mesinha do lado... —

Maiara: Não sabia que era decorador também. — Interrompi seu discurso e fui até a janela. — É uma linda vista aqui de cima. — Observei a pracinha e o telhado dos vizinhos. — O que há com esse lugar?

Pedro: Aqui é uma antiga estação de cartas — respondeu e olhei para baixo. Gostei bastante do piso.

Maiara: O espaço de baixo também é meu? — perguntei com curiosidade. Pedro assentiu. — Dentro do meu orçamento? — Olhei-o e ele assentiu de novo. — Vou ficar.

Pedro: E você nem viu o segundo andar! — Piscou.

Passamos pela cozinha bem espaçosa, um banheiro com uma banheira antiga, subimos uma escadinha e, no outro pavimento, havia um quartinho que imaginei como closet, outra sala que poderia ser meu escritório e um quarto amplo, com banheiro e grandes janelas de vidro.

Pedro: Foi reformado para parecer um apartamento, esse banheiro é uma adição nova e toda a encanação, aquecedor e ar condicionado são novos. Ah, as tomadas também.

Maiara: Tudo bem. Gostei. — Sorri e me virei para ele. — Quando podemos fechar negócio para que eu possa receber as chaves?

Descemos e assinei o contrato no balcão da minha nova cozinha. Peguei o telefone e fiz a transferência do dinheiro, executando a compra conforme o combinado. Recebi muitas papeladas, li com calma, Pedro tirou minhas dúvidas, separou o que era meu e o que era da imobiliária.

Pedro: Bem-vinda a São Paulo, Maiara. — Ele sorriu e trocamos um aperto de mão. — Sei que ainda está sozinha aqui, esse é meu número particular. Camila e eu insistimos que nos procure se precisar de qualquer coisa — disse e peguei o cartão, sentindo uma pontada no coração. Aquele casal que pouco conhecia me recebeu de braços abertos quando entrei naquela simples imobiliária e mergulharam na missão de me ajudar com meu novo lar.

Maiara: Obrigada. De coração — sussurrei, realmente feliz. Ele piscou e estendeu a mão com a chave. Assim que me deixou sozinha, me vi parada, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, me convencendo de que ali seria a minha casa. Andei até a janela e tirei meu celular do bolso, discando para Marco César, meu pai.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora