Capítulo 11

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• Fernando •

Maiara passou por mim e sorriu timidamente, mas não parou. Olhei para sua bunda e disfarcei. Nas últimas duas semanas, consegui roubar um beijo por semana, com muito custo e sacrifício. Trabalhamos bem juntos e tivemos bons momentos com nossos colegas, mas toda vez que chegava perto demais, ela sussurrava a palavra solteiro e me deixava louco de vontade e tesão. 

Em duas semanas, enfrentamos dois plantões de trinta e seis horas, dezoito cirurgias juntos e muitos traumas no meio do caminho. Tio Antônio disse que encontrei a minha "esposa do trabalho", a mulher que era facilmente meu braço direito e que tinha completa sintonia. Quase deixei escapar que tínhamos bastante sintonia na cama também. Foi épico. Na hora do almoço eu estava faminto por ter pulado o café da manhã. Encontrei Roze, Maiara e Amanda dividindo a mesma mesa e quando finalizei a minha compra, Paulo e Ângela também estavam lá. Ocupei o lugar vazio ao lado dela, abrindo minhas embalagens e sorri internamente quando ela pegou dois morangos inteiros da minha salada de frutas e comeu enquanto falava com Roze. 

Tornou-se costume nosso roubar algumas coisas interessantes dos pratos, mas o fato de que ela se sentiu à vontade o suficiente para aquilo, renovou as minhas forças de quebrar as barreiras. A mulher era uma rocha de determinação e autocontrole.

Diego: Fernando, se esconda. — Diego sentou-se ao meu lado, branco como uma folha de papel.

Roze: Olha quem vem aí... as gêmeas do mal — Roze cantarolou e ele gemeu.

Diego: Tarde demais. Tarde demais — Diego murmurou e Roberto sentou-se ao lado dele, abrindo a lata de suco com uma expressão alterada. Que porra havia acontecido?

Roberto: Suas mães nos arrumaram encontros às cegas com duas garotas da administração que definitivamente não fazem nosso tipo — Roberto disse com irritação e virou o suco no copo. — Filomena disse que tem uma surpresinha especial para você.

Fernando: Deus, não. É o quinto encontro que estou fugindo, já não tenho mais desculpas — gemi, enfiando meu garfo na salada. 

Amanda: Elas estão atravessando e estão determinadas — Amanda comentou e eu percebi que ela estava adorando o show. — Focadas. Destemidas.

Fernando: Cale a boca — resmunguei, olhando rapidamente para as duas, que vinham animadas, falando com todas as pessoas no caminho. — Não dá mais para sair sem ser notado.

Maiara: Não mesmo. — Maiara riu, interessada. — É só um encontro às cegas. Por que estão reclamando tanto? Se você for menos extravagante, tem trinta por cento de chance de dar certo, mas é melhor não levar para jantar, o que pode te resultar em uma conta a mais no fim do dia e em setenta por cento dos casos não vale a pena, o que acaba gerando uma espécie de decepção, fazendo com que oitenta por cento dos encontros às cegas não cheguem até o segundo. 

Fernando: Maiara? Você tem traumas com encontros ou coisa do tipo? 

Maiara: O que foi? Mergulhei de novo nas estatísticas. Desculpe. — Ela corou.

Nós rimos. Ela era toda sobre porcentagem, números e sabia coisas que até Deus duvidava.  Ela murchou na cadeira querendo se esconder. Sempre que tinha esses rompantes, ficava toda vermelha, me dando uma incrível vontade de mordê-la.

Roberto: Espere até que ela arrume encontros para você e aí nós conversaremos — Roberto resmungou e eu ri.

Maiara não sabia o quanto as gêmeas podiam ser terríveis.  Roberto descobriu que ela foi minha por uma noite, então parou com as cantadas irritantes. Tanto ele quanto Diego estavam me incentivando a derrubar as barreiras dela, já Roze, minha amiga, se afeiçoou tanto a Maiara, as duas estavam tão juntas, que se bandeou para o outro lado e estava ajudando-a resistir. Roze era uma traidora.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora