Capítulo 38

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• Maiara •

Era muito para digerir. Respirei fundo e me fiz as perguntas:

Queria que ela fosse para um lar adotivo? Não.
Queria que ela tivesse um bom futuro? Sim.
Ela tinha culpa? Não.
Eu podia fazer aquilo? Não.
Estava em pânico? Totalmente.
Fernando iria me ajudar? Olhei para o homem da minha vida, que segurava minha mão, sem diminuir o aperto. Com toda certeza ele iria.

Voltei para a sala e sentei-me na cadeira novamente.

Maiara: Eu posso trocar o sobrenome dela? — questionei e fechei os olhos ao ouvir o suspiro aliviado de Fernando. Ele queria muito ajudá-la.

Brenda analisou bem a minha expressão.

Brenda: Pode. Vou entrar com o processo de troca de nome enquanto ela ainda está internada. Qual seria o sobrenome?

Maiara: O meu. 

Eu não queria nem ouvir o sobrenome do pai dela.

Brenda: Entendo. Você quer uma certidão e os documentos de adoção no seu nome?

Fernando: No nosso nome — Fernando corrigiu e olhei para ele.

Maiara: Tem certeza? — Era um momento crucial.

Fernando: Se você vai fazer isso, eu também vou — ele afirmou e apertei seus dedos.

Maiara: Nós não somos casados, isso é um problema?

Brenda: Vocês não precisam se casar para adota-la, mas...

Ela explicou detalhadamente como funcionava o processo e eu fiquei um pouco tonta, precisando acompanhar e anotar mentalmente tudo que precisava fazer. Fernando me deu um olhar, concordando com as condições e também assenti.

Fernando: Vou falar com meu advogado para redigir os documentos, diga-me o que precisa e eu trarei o mais rápido possível — ele respondeu a ela e me senti um pouco oprimida.

Fernando e eu tínhamos pensado em um contrato de união estável há um tempo, quando analisamos uns imóveis que poderíamos comprar por questão de investimento. Meu pai achou uma boa ideia fazer aplicação de bens e ele ficou de resolver, talvez já tivesse o contrato pronto, só não finalizou o restante.

A assistente social sorriu animada e entregou a Fernando uma lista de coisas. A maioria nós tínhamos em casa, no nosso escritório, graças à minha mania de organização. Eu disse a ele onde estavam e ele se comprometeu a buscar.

Brenda: Você está tomando um grande passo, mas eu te garanto, foi uma decisão linda.

Maiara: Você tem filhos adotivos? — perguntei curiosamente.

Brenda: Tenho. Meu marido é estéril e eu também. Nós amamos nossos filhos e somos felizes. Vocês poderão ter os seus próprios e serão felizes com a Eduarda.

Eu voltei a chorar. Fernando me abraçou apertado por um longo momento e secou meu rosto. Antônio tinha razão, eu não tinha condições de trabalhar. Enquanto Fernando foi em casa, ele mesmo ligou para o meu pai, porque eu não conseguia abrir a boca sem soluçar. Brenda me abraçou porque eu estava em frangalhos em seu escritório enquanto assinava os muitos documentos.

Como podia ser mãe daquele bebê? Não tinha só a guarda, como estava adotando-a para ter o meu sobrenome. Foram muitos passos em um único dia e me sentia dividida. Meu lado racional dizia que não devia dar corda aos sentimentos de raiva e vingança e sim os de amor, mas eles estavam perdendo feio.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora