Capítulo 49

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• Maiara •

Abri a geladeira para pegar a cobertura do bolo que havia feito e o interfone tocou. Apoiei a panela no balcão e tirei Duda de dentro da geladeira. Ela pegou o jeito para engatinhar, estava por todo lado, mexendo em tudo, ficando em pé apoiada nas minhas pernas e agarrando todas as coisas. Era o carteiro e eu desci para buscar a encomenda e subi de novo, com ela na porta me esperando.

Fernando desceu a escada com sua mala e eu evitei fazer um beicinho de saudades. Ele a colocou na garagem e voltou no momento em que abri o livro sobre maternidade que comprei na internet. A primeira página já me fez perceber que era um monte de besteira. Não gostei daquele livro.

Joguei-o de lado, terminei o bolo, Fernando pegou a vela e acendeu, colocando no bolo.

Fernando: Feliz dez meses, bebê! — Nós comemoramos e cantamos parabéns. Ela riu e bateu palminhas.

Maiara: Muito bem! Você cresceu e engordou!

Fernando: Está delicioso. — Fernando me ofereceu um garfo, provei e pedi outro.

Duda estava amassando seu pedaço entre os dedos e rindo. Ela era muito tímida no começo, ainda chorava muito quando nos afastávamos ou ela não nos encontrava no ambiente, mas estava totalmente sem vergonha, risonha e muito extrovertida. Tiramos foto de seu rosto todo sujo de chocolate.

Maiara: Está na hora de ir. Não quero que se atrase!

Fernando: Tem certeza que vão ficar bem? Ainda dá tempo de cancelar. Estou falando sério.

Maiara: Meu pai vai vir me buscar daqui a pouco, nós vamos ficar na piscina, à tarde a levaremos no parquinho e vou dormir lá. Vamos ficar bem.

Fernando: Me liga e eu volto correndo — ele disse e ouvimos uma buzina. — Deve ser o táxi. Não dirija com a minha filha a menos que seja uma emergência.

Maiara: Vou tentar não ficar ofendida. Desapareça — murmurei e ele me beijou. — Eu te amo, se cuida.

Fernando: Amo vocês duas.

Maiara: Dê tchau para o papai. — Mexi na mãozinha cheia de chocolate de Duda e ele saiu, sorrindo. Ouvi o barulho do portão. — Agora somos só nós duas. Vamos fazer uma festa sem o papai? — ela gritou, esfregando a mão suja do meu rosto ao pescoço. — Vai ser uma festa no chuveiro antes do vovô chegar.

Duda estava muito bagunceira no banho, ter aqueles momentos com ela era divertido, mas eu estava cansada.

Fernando e eu tivemos uma cirurgia juntos que durou muito tempo. Eu mal sentia meus dedos no final do dia. A licença dele havia começado oficialmente, ele estava fazendo trabalho remoto e administrativo. Depois do casamento, nossas vidas voltariam ao normal e Duda já estava matriculada na creche mais próxima.

Informei aos avós que eles teriam que se virar e revezar para ficar com ela durante meus plantões de longas horas. Meu pai organizou a agenda e a cada semana seria entre ele (e Nete, é claro), Filomena e Lúcia. Por hora, o andar da pediatria continuava respondendo perfeitamente às minhas expectativas e seguindo com os projetos que elaborei. Iria completar o primeiro ano no hospital com todas as minhas metas concluídas.

Antônio me explicou os motivos da visita da doutora Marina e eu não escondi que fiquei chateada. Política ou não, deveria ter conversado comigo. No entanto, ela não era compatível comigo para ocupar a vaga do doutor Rodolffo e nós encontramos outra pediatra, que estava em treinamento, se ajustando aos horários e regras. Nós nos demos muito bem.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora