• Maiara •
Abri a geladeira para pegar a cobertura do bolo que havia feito e o interfone tocou. Apoiei a panela no balcão e tirei Duda de dentro da geladeira. Ela pegou o jeito para engatinhar, estava por todo lado, mexendo em tudo, ficando em pé apoiada nas minhas pernas e agarrando todas as coisas. Era o carteiro e eu desci para buscar a encomenda e subi de novo, com ela na porta me esperando.
Fernando desceu a escada com sua mala e eu evitei fazer um beicinho de saudades. Ele a colocou na garagem e voltou no momento em que abri o livro sobre maternidade que comprei na internet. A primeira página já me fez perceber que era um monte de besteira. Não gostei daquele livro.
Joguei-o de lado, terminei o bolo, Fernando pegou a vela e acendeu, colocando no bolo.
Fernando: Feliz dez meses, bebê! — Nós comemoramos e cantamos parabéns. Ela riu e bateu palminhas.
Maiara: Muito bem! Você cresceu e engordou!
Fernando: Está delicioso. — Fernando me ofereceu um garfo, provei e pedi outro.
Duda estava amassando seu pedaço entre os dedos e rindo. Ela era muito tímida no começo, ainda chorava muito quando nos afastávamos ou ela não nos encontrava no ambiente, mas estava totalmente sem vergonha, risonha e muito extrovertida. Tiramos foto de seu rosto todo sujo de chocolate.
Maiara: Está na hora de ir. Não quero que se atrase!
Fernando: Tem certeza que vão ficar bem? Ainda dá tempo de cancelar. Estou falando sério.
Maiara: Meu pai vai vir me buscar daqui a pouco, nós vamos ficar na piscina, à tarde a levaremos no parquinho e vou dormir lá. Vamos ficar bem.
Fernando: Me liga e eu volto correndo — ele disse e ouvimos uma buzina. — Deve ser o táxi. Não dirija com a minha filha a menos que seja uma emergência.
Maiara: Vou tentar não ficar ofendida. Desapareça — murmurei e ele me beijou. — Eu te amo, se cuida.
Fernando: Amo vocês duas.
Maiara: Dê tchau para o papai. — Mexi na mãozinha cheia de chocolate de Duda e ele saiu, sorrindo. Ouvi o barulho do portão. — Agora somos só nós duas. Vamos fazer uma festa sem o papai? — ela gritou, esfregando a mão suja do meu rosto ao pescoço. — Vai ser uma festa no chuveiro antes do vovô chegar.
Duda estava muito bagunceira no banho, ter aqueles momentos com ela era divertido, mas eu estava cansada.
Fernando e eu tivemos uma cirurgia juntos que durou muito tempo. Eu mal sentia meus dedos no final do dia. A licença dele havia começado oficialmente, ele estava fazendo trabalho remoto e administrativo. Depois do casamento, nossas vidas voltariam ao normal e Duda já estava matriculada na creche mais próxima.
Informei aos avós que eles teriam que se virar e revezar para ficar com ela durante meus plantões de longas horas. Meu pai organizou a agenda e a cada semana seria entre ele (e Nete, é claro), Filomena e Lúcia. Por hora, o andar da pediatria continuava respondendo perfeitamente às minhas expectativas e seguindo com os projetos que elaborei. Iria completar o primeiro ano no hospital com todas as minhas metas concluídas.
Antônio me explicou os motivos da visita da doutora Marina e eu não escondi que fiquei chateada. Política ou não, deveria ter conversado comigo. No entanto, ela não era compatível comigo para ocupar a vaga do doutor Rodolffo e nós encontramos outra pediatra, que estava em treinamento, se ajustando aos horários e regras. Nós nos demos muito bem.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanficMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...