• Fernando •
Enfrentar um plantão de trinta e seis horas em pleno começo de dezembro era quase uma tortura. Porque a temporada de acidentes estava oficialmente aberta. O hospital já estava decorado para o Natal e a grande árvore erguida na recepção ampla. Todos os andares receberam decorações padrão, exceto a pediatria, que parecia a verdadeira casa do Papai Noel.
Superou a decoração de Halloween e foi divertido ver todas aquelas crianças fantasiadas, com mães segurando o suporte de soro, batendo na porta do quarto dos pacientes dos outros andares, nos quais Maiara deixou um saco de doce para ser distribuído. Ela estava ensaiando com eles uma música natalina, assim cada médico que entrava no quarto dos pacientes, eles cantavam um trecho e poderiam ganhar um bastão de doce – que eu provei e não era tão doce assim, mas eles não pareciam se importar.
Não tinha um funcionário do hospital que não dava um jeito de passar um tempinho na ala da pediatria, seja para brincar com as crianças ou ver qual a nova invenção da minha namorada, que explodia criatividade pelas orelhas.
Fernando: Mai! Nós vamos chegar atrasados!
Maiara: Estou procurando um brinco! — ela gritou de volta.
Não sabia qual era a lógica de colocar um brinco se ela iria passar as próximas trinta e seis horas sem ele. Desceu a escada pronta e finalmente pudemos sair, a vantagem de morar tão perto era que não dava para se atrasar tanto. Não me considerava atrasado a um quarteirão do hospital. Maiara estava falando sobre a excursão de compras com minha tia, que adorou a ideia de poder decorar a pediatria para o Natal e a árvore gigante que estava logo na entrada, quando minha prima passou por nós dois, correndo.
Tati: Oi Mai, estou de volta para você!
Maiara: Há uma tarefa para ser entregue agora, faça isso antes de qualquer coisa. Fale com Ângela — Maiara respondeu e Tati assentiu, quase batendo em um médico que comprava café. — Ela é uma das melhores e é sério. Parece que a medicina corre no sangue da sua família. Tati é incrível e será ainda melhor quando se formar.
Fernando: Eu também acho. E meu pai queria que eu fosse advogado.
Maiara: Eu ficaria com você mesmo que fosse um advogado engomadinho, mas prefiro que seja esse médico bonito — ela me provocou, beijando minha bochecha. A porta do elevador se abriu e Mikelly estava lá dentro. — Bom dia, doutora Mikelly. — Maiara deu um aceno, sempre educada com minha ex-mulher, mesmo quando recebia muitos foras de volta. Eu só balancei a cabeça.
Mikelly: Bom dia casal feliz. — Mikelly saiu para a recepção.
Maiara: Eu realmente me sinto mal quando ela nos pega em momentos assim. — Maiara suspirou. — Sei que ela faz questão de me provocar na maior parte do tempo e anda atrás de mim contando histórias de vocês dois para me fazer ciúme, mas em parte sinto muita pena, porque ela está desesperada. É triste.
Fernando: Você não tem culpa. Não tem nada a ver com o que aconteceu entre nós. Meu casamento com ela acabou e ponto. — Olhei para o seu rosto. — Deixe isso pra lá.
Como todas as manhãs, Maiara e Roze se trancaram no banheiro e ouvi as gargalhadas e outros barulhos, como se estivessem pulando. Roberto olhou para a porta e arqueou a sobrancelha. Diego apenas riu e balançou a cabeça. Sentei-me, já pronto para trabalhar e recebi uma mensagem avisando para que esperássemos Antônio vir até a sala, que ele tinha coisas a nos dizer.
Maiara: Ei, bebê, você pode comprar alguma coisa para o café da manhã? — Maiara saiu do banheiro, vestida. — Já que você foi o primeiro a acordar, ficou enrolando e não fez café. Estou com fome.
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Todas as coisas que eu sonhei
Fiksi PenggemarMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...