Capítulo 46

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• Maiara •

Fernando me deu um olhar aquecido e desviei, envergonhada de sua paquera na frente da Duda, mas arrastei meu pé em sua panturrilha.

Fernando: Vou solicitar a licença amanhã.

Maiara: Deixe para segunda-feira, você está de folga no domingo e seu tio terá menos tempo para ter um ataque cardíaco.

Fernando: Podemos aproveitar que o verão está chegando e viajar. — Ele se animou e concordei. — Podemos ficar em  Bertioga, o que acha? Duda vai amar todo o espaço para brincar.

Maiara: Ficar lá é uma excelente ideia. — Limpei a boquinha de Duda. — Muito bem, você comeu tudo! — Bati palmas e ela acompanhou do jeito dela. — Quer um pouco de vinho? Ah, escolhemos a comida da cerimônia.

Fernando: Ah, os caras me deram o tamanho das roupas deles e sapato.

Maiara: Acho que até agora está tudo bem.

Eduarda bateu com a parte dura da mamadeira na boca e começou a chorar. Fernando a tirou da cadeirinha, segurando-a e finalizei meu jantar, satisfeita. Duda arremessou uma quantidade de purê no rosto de Fernando. Ele fechou os olhos na hora.

Maiara: Ai, meu Deus! Suas mãos são incontroláveis!

Fernando: Acho que tem purê no meu ouvido também. Você achou isso bonito? Sabe o que está na hora? Banho.

Eduarda não estava desacelerando por nada. Talvez a soneca da tarde tenha sido longa demais. Nós brincamos com ela na cama até que ela mesma deitou na minha barriga e acomodou o rosto entre meus seios, coloquei a chupeta em sua boca e ela adormeceu tranquilamente, cansada de brincar com Fernando de cosquinha e com a girafa.

Enquanto adormecia, Fernando me contou todas as fofocas que estava perdendo. Quem estava dormindo com quem, as amizades que romperam e os vacilos profissionais. Ele era ótimo nos detalhes, ainda fazia sons para exemplificar os momentos.

Levantei-me com cuidado e coloquei Duda no berço, ligando o abajur na luz mais fraca e trazendo para o quarto o monitor do bebê. Nas primeiras noites, Fernando e eu ficávamos levantando toda hora, preocupados, ela chegou a dormir algumas conosco. Nete disse que era importante que ela dormisse sozinha, em seu próprio quarto e soubesse chamar quando acordasse. Desde então, ela acordava de madrugada, mas não todo dia, só se ela dormisse cedo.

Estava ficando boa em "ler" a Duda.

Voltei para o quarto e Fernando estava mexendo no celular. Acomodei o monitor no lado dele da cama, tirei minha camisola, calcinha e sutiã. Fernando me deu um olhar e voltou para o celular. Peguei o aparelho de sua mão e sentei-me em seu colo.

Fernando: Sexo de reconciliação? — Ele soou esperançoso. — Estou merecendo.

Maiara: Você merece muitas coisas, algumas vezes, uns bons tapas e outras, beijos deliciosos. — Inclinei-me e arrastei meu nariz por sua bochecha, deixando meus lábios tocarem sua pele com carinho.

Antes de me beijar, Fernando tirou meu cabelo do rosto para olhar bem dentro dos meus olhos, algo que eu amava e me passava segurança.

Fernando: Eu te amo, Maiara. Sei que não é fácil estar com um bebê e você tem se mostrado uma mãe exemplar. — Ele me beijou e me entreguei, de corpo, alma e coração. Ele era dono de uma parte importante da minha vida, responsável por grandes felicidades e por me fazer sentir uma mulher transbordante.

Além de colar meus pedaços quebrados, ele também se empenhou em realizar meus sonhos. Mesmo aqueles que nunca confessei abertamente.

Acordar depois que eu decidi aproveitar cada segundo do meu dia com Duda e continuar sendo uma ótima cirurgiã, me renovou. Fernando saiu cedo e eu não continuei dormindo, levantei e ocupei a mesinha do escritório, trabalhando de casa. O sistema do hospital me permitia analisar todos os meus documentos.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora