• Fernando •
Os internos estavam prontos para vomitar e alguns residentes mais confiantes. Ângela limpou a garganta e um deles começou a visita, relatando o estado clínico que Eduarda entrou, os primeiros exames, a melhora e o tratamento clínico. Maiara foi nada além de cruel. Perfeitamente malvada. Ela fez perguntas que eu tinha certeza de que nunca saberia responder quando era um interno.
Assim que os internos saíram, eles riram. Cruel. Achei que Amanda fosse o diabo. A pediatria parecia um pedacinho do céu, mas os médicos eram a encarnação do diabo.
Roze: Ok! Cheguei! — Roze entrou no quarto e abraçou Maiara bem apertado. — Uma hora de atraso, mas Matteo dormiu lá em casa hoje e a coisa do dente não nos deixou dormir, mas consegui fazer Roberto confessar que estava nervoso também.
Maiara: Um picolé de leite materno ajuda — Maiara murmurou no abraço.
Roze: Sério? Por que não me disse antes? — Roze se afastou, exausta.
Maiara: Eu? Você é uma médica, se vira — Maiara respondeu com uma risada.
Elas eram muito carinhosas.
Roze: Enfim, sei que não estão com tempo, mas Tati já me contou tudo, então, parabéns! — Roze bateu palminhas e ficamos olhando-a. — Tudo bem que não é um momento para fazer festa, mas vocês decidiram casar e conversaram sobre bebês, veio um mais cedo, fora da barriga, nada de resguardo, as vantagens só aumentam.
Maiara: Roze? Cale a boca. — Maiara suspirou e pegou sua bolsa. — Ela tem que mamar daqui a uma hora e meia. É o suplemento, então, dê tudo. Segure-a no colo ou eu acho que ela não vai beber. Funcionou comigo ontem.
Roze: Sei cuidar de um bebê. — Roze cobriu a boca de Maiara.
Maiara: Matteo pode responder a isso melhor — Maiara murmurou e mordeu a mão de Roze. Eu apontei para o relógio. — Ela gosta quando o patinho faz Quack e não sei mais nada sobre ela. — Encolheu os ombros e começou a chorar. De novo. — Sinto muito.
Roze: Sua menstruação está atrasada? — Roze perguntou e eu me sentei, porque não queria cair com a resposta.
Maiara: Não, idiota. Você quer que eu comece a listar os motivos pelos quais estou chorando?
Roze: Não seja uma vaca comigo, estou cuidando de você.
Elas estavam prontas para discutir.
Fernando: Ok! Chega vocês duas! — interrompi e elas pararam. — Obrigado por vir cuidar dela, em algum momento pagaremos com Matteo, mas não tão cedo, ok? — Peguei a bolsa e Roze sorriu. — E você, vamos tomar café e sair.
Nos despedimos de Eduarda. Ela ficou parada olhando, provavelmente sem entender, e saímos. Parei em uma cafeteria, comprei café e bolinhos, que comemos no carro a caminho do cemitério, onde William e Marco César estariam nos aguardando para o sepultamento. Maiara comeu em silêncio, observando o caminho, oferecia-me alguns pedaços e segurava meu copo de café. Estacionei na área central do cemitério e ela embalou nosso lixo, saindo do carro e jogando fora.
Ficamos parados olhando o caminho. Segurei sua mão e segui até onde William disse que seria o local. Não havia ninguém além deles lá. Não havia flores. Nada. Apenas dois caixões e dois buracos na grama. Maiara apertou meus dedos.
Fernando: Você quer dizer alguma coisa? — perguntei.
Negando, ficou em silêncio por quase uma hora, parada, olhando para frente, mas os meus dedos estavam bem apertados em sua mão. Depois de mais vinte minutos, deu um passo para a frente.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanficMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...