• Fernando •
Após o jantar, deixei as mulheres sozinhas na cozinha falando sobre as cores do casamento e subi as escadas até a biblioteca, com Duda em meus braços. Bati antes de entrar. Meu pai estava sentado, olhando para a janela, com uns livros médicos ao seu redor e virou-se. Por um instante, foi como se ele não me conhecesse e estava pronto para me apresentar novamente quando abriu um sorriso.
Sérgio: Oi, Duda. Veio ver o vovô?
Entrei com cuidado e sentei-me ao seu lado, colocando-a entre nós. Duda agarrou um livro com força e jogou longe, quase rasgando uma página. Dei a ela um brinquedo e meu pai o sacudiu à sua frente, sorrindo para ela.
Ele não fazia ideia de como conhecia Duda ou quando, mas simplesmente sabia quem ela era. Nós conversamos sobre a cardiologia, com calma e tranquilidade. Ficou óbvio que ele não entendia que eu cresci e me tornei um médico, mas ele ouviu minhas opiniões profissionais e depois, foi deitar.
Duda coçou os olhos, começando a ficar charmosa. Ao ver Maiara, esticou os braços com um beicinho.
Fernando: Quer a mamãe, é?
Maiara: Vem aqui, meu amor. — Maiara a aconchegou em seus braços.
Meus avós chegaram e só estavam ali por causa do bebê e da comida, mas também tranquilizaram Maiara sobre o trabalho. Tati entrou, exausta, faminta, jogando suas bolsas e livros no sofá e indo para o banheiro lavar as mãos. Ela reclamou que estava de saco cheio da neurologia e eu ri. Roberto era gente boa, os outros médicos nem tanto.
Lúcia: É incrível como ser amado muda tudo — Tia Lúcia disse sorrindo para Duda. — O jeitinho que já olha fazendo manha, pedindo colo e até choramingando para dormir...
Maiara: Ela foi feita para nós, não é, amor? — Maiara beijou a bochecha gordinha de Duda.
Fernando: Ela engatinhou, foi muito fofo. Maiara filmou, ainda é meio engraçado, mas está indo bem. Bebês na idade dela já engatinham e ela se desenvolveu bem nessas duas semanas, só faltava um pouquinho de estímulo.
Nós fomos embora quando Duda começou a ficar uma pessoinha irritante e anti social que só queria ficar no colo, puxando a gola da minha camisa. Ela estava com sono. No meio do caminho para casa, fez cocô, o que tornou a viagem um pequeno momento difícil, já que não parou de chorar. Percebi que precisava tirar aquela licença o mais urgente possível para também ter momentos com a minha filha.
Não queria ser o cara que chegava de noite para o jantar. Queria que tivéssemos muitos momentos juntos, por mais que ela não se lembrasse disso quando crescesse, mais teríamos uma conexão mais forte. Maiara tirou a fralda, limpou os excessos e a levamos para o banho.
Ainda chorando, foi uma novela colocar sua roupa de dormir. Fiz a mamadeira e troquei de roupa enquanto Maiara se despia e tirava a maquiagem. Duda ficou sentada na cama, olhando-nos com os olhos e nariz vermelhos, e os lábios em um beicinho, fazendo careta toda vez que não voltávamos para perto dela.
Maiara: Você simplesmente quer chorar, não é? Jogou a chupeta longe, empurrou seu pai, arrancou a presilha do cabelo, me mordeu durante o banho. Virou um pequeno monstrinho. — Maiara disse e se deitou na cama, acomodando Duda e pegando a mamadeira. — Eu não vou ficar lá no seu quarto com você chorando, vou passar pela tortura bem acomodada.
Duda mamou até a metade e dormiu. Uma guerra para dormir. Não entendia as crianças. Era confuso compreender seus sentimentos. Em seu sono, virou para o meu lado e eu sorri, observando sua feição serena, toda calma e linda. Ela era um bebê lindo. Não parecia mais a criança sofrida, cheia de marcas, machucados e abaixo do peso. Suas perninhas gordinhas eram a prova de que estava indo bem.
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Todas as coisas que eu sonhei
FanficMaiara Carla Pereira estava perdida em um mar de amargura. Traída da pior forma por duas pessoas que muito amava, ela se muda para São Paulo disposta a começar uma nova vida, comandando toda ala da pediatria de um dos melhores hospitais do país. Mui...