Capítulo 51

606 57 10
                                    

• Fernando •

Senti as mãos de Maiara no meu braço e me virei, abraçando-a enquanto observávamos meu pai entubado em seu quarto da UTI. 

Analisei cuidadosamente todos os exames dele e vi que Roberto fez uma excelente cirurgia. Foi muito difícil emocionalmente para todos nós, mas para ele, foi uma grande responsabilidade em mãos. Por anos, tio Antônio insistiu em procurar mais opiniões e eu e minha mãe não aguentávamos mais ter esperança. Era complicado lidar com médicos e nós quase o perdemos. 

Beijei a testa de Maiara. Alguns minutos atrás ela estava nervosa que eu estivesse chateado por ter agido por minhas costas, mas eu não fiquei e não ficaria. Ela tinha uma boa intenção e estava ajudando Tati.

Maiara: Vamos para casa. Seu pai não vai acordar agora. 

Fernando: Eu sei, mas eu quero estar aqui quando ele acordar.

Maiara: Não vai ser hoje. Roberto disse que vai mantê-lo assim até amanhã à tarde. Sua mãe está muito nervosa, ela vai dormir em casa e Antônio irá ficar. 

Dei um aceno e voltei a olhar para o meu pai.

Fernando: Leve Duda para casa. Eu vou encontrar com vocês depois.

Maiara suspirou e se afastou. Ela estava preocupada, mas queria estar ali quando ele abrisse os olhos. Sentei-me em uma cadeira do lado de fora do quarto e Roberto me deu um copo de café. Ficamos em silêncio por longas horas até que Roze começou a ligar e Roberto disse que passaria a noite, então decidi que também ficaria. Estava tarde e não adiantaria nada ligar para Maiara, que se não fosse por Duda, estaria ali comigo, mas a nossa menina precisava descansar. 

XX: Fernando Zorzanello? — Um garoto de entrega perguntou no andar e me levantei. — Sua esposa mandou entregar isso aqui — ele explicou e peguei as pizzas, bolinhos recheados e garrafas de suco. Dei uma nota de gorjeta ao rapaz, porque o pedido estava pago. 

Roberto me ajudou a levar as coisas até uma salinha e nós comemos ali. Maiara sabia que eu não ia voltar para casa. Não podia estar em nenhum outro lugar a não ser ao lado do meu pai. Roberto estava ciente de que poderia ter efeitos colaterais e talvez sequelas por toda a vida, mas havia a chance de que ele voltasse a ser quem era. Uma boa chance. 

Eu me apeguei a essa expectativa durante toda a noite.

Meu pai passou a madrugada inteira com sinais vitais bons e respondendo aos estímulos físicos. De manhã cedo, tomei banho e troquei de roupa para meu scrub e jaleco. Desci para a cafeteria e ouvi um "amomamãe" muito conhecido, que me acordava na maioria das madrugadas. Virei-me, procurando-as e encontrei Maiara estacionando o carrinho ao lado de uma mesa. Duda estava me chamando. 

Maiara não me viu, distraída com sua bolsa, tirando o celular. Roze chegou e ajoelhou em frente a Duda, brincando, mas ela continuou a me gritar. Tati também chegou na mesa, assim como Ângela. Maiara olhou para Duda, finalmente entendendo e olhou para mim, abrindo um sorriso lindo. Eu fui até elas, com saudades. 

Maiara: Bom dia, amor da minha vida. — Ela beijou meus lábios. — Como foi a sua noite?

Fernando: Ele não acordou ainda, vou ficar verificando-o de tempos em tempos. Como foi a noite com ela?

Maiara: Fez a festa da madrugada. Não consegui comer, estou enjoada do tanto que fiquei preocupada. 

Fernando: Ela comeu? Você está bem?

Maiara: Vou ficar bem, só com fome e preocupada. É claro que ela comeu ou ninguém estaria ouvindo qualquer coisa a não ser seus gritos. — Maiara começou a rir e pedimos nosso café da manhã. Peguei meu bebê no colo.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora