Capítulo 15

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• Fernando •

Maiara e eu atravessamos a rua de mãos dadas e entramos no hospital sabendo que todos estavam nos olhando, mas com toda honestidade, eu não me importava. Depois da noite anterior, tive certeza de que queria aquela mulher para sempre. Nunca tive um relacionamento em que eu pudesse falar sobre o trabalho, desabafando sobre meus pacientes, sem ter que ser um robô imparcial o tempo todo.

Com Mikelly em casa, fazíamos qualquer coisa, menos conversar. Principalmente sobre o trabalho. Já com Maiara foi diferente, nós tivemos uma noite incrível. Mesmo com o fato de que eu dormi logo que cheguei, ela não se importou, jantamos e fizemos boas sacanagens que me deixariam sorrindo pelos próximos dias. Pela manhã, ela acordou estranha, falou no telefone com alguém e depois desceu meio distante, porém, poderia estar sonolenta também.

Chegamos à sala dos médicos para trocar de roupa. Ela e Roze se trancaram no banheiro como faziam toda manhã, mas dessa vez não havia risadinhas ou barulhos engraçados, apenas silêncio. Roberto olhou desconfiado para a porta. Diego chegou a virar e eu me sentei, esperando. Algo estava errado. O que será que ela tinha? Maiara era uma pessoa fácil de ler. Meu instinto dizia que algo estava muito errado.

Antônio entrou e me desejou sorte no transplante. Também perguntou se eu iria aguentar ficar por todo o plantão e eu disse que sim. As duas saíram do banheiro, Maiara parecia em outro mundo, completamente perdida e Roze meio confusa. Elas abriram seus armários e tiraram os jalecos com suas coisas.

Maiara: Podemos conversar por um momento? — Maiara perguntou e assenti. Roze, Roberto e Diego saíram. Paulo entrou, encheu um copo de café, nos deu um aceno e saiu. Ela se sentou à minha frente.

Maiara: Eu sei que talvez esse coração demore muito ou possa vir rápido, estamos sempre correndo no trabalho e ontem nós tivemos outro tipo de conversa. Enfim, eu só quero ter certeza de que estaremos na mesma página.

Fernando: Você quer marcar um horário para falarmos sobre nossas maneiras de trabalhar em uma sala de cirurgia? Acho que fomos bem da primeira vez e em todas as outras.

Maiara: É um transplante cardiopulmonar, Fernando.

Fernando: Eu sei, querida. Depois do almoço, na hora livre?

Maiara: Ótimo. — Ela sorriu, levantou e saiu. Totalmente estranha. Será que ela não gostou de eu ter preparado o café da manhã? Duas noites seguidas era muito? Estávamos indo rápido demais? Meu Deus, estava completamente perdido como uma garotinha!

Meu celular tocou e era Amanda, eu já estava atrasado para as primeiras visitas. Respirei fundo e me levantei, saindo da sala e parando próximo ao elevador, quando vi Maiara e Mikelly juntas.

Mikelly: Você está saindo com o meu marido? — Mikelly perguntou e Maiara riu.

Maiara: Eu não sei se você se casou tão rápido depois do divórcio, mas se está falando de Fernando, seu ex-marido, nós estamos tendo muitas noites de sexo alucinante. Satisfeita? — Maiara retrucou e eu ouvi Mikelly grunhir.

Fernando: Sexo alucinante? — questionei atrás delas e Mikelly saltou. Maiara entrou no elevador.

Mikelly: Oi Fernando. — Mikelly me deu um sorriso que eu costumava adorar.

Entrei no elevador sem respondê-la. Ela parou à nossa frente. As duas saíram no andar da pediatria.

Fernando: Vejo você depois, baby. Maiara olhou para trás e piscou. Eu sorri.

O elevador abriu no meu andar e Amanda me deu um olhar exasperado enquanto falava com os internos.

Fernando: Quem vai apresentar o primeiro paciente?

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora