Introdução

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• Maiara •

Estacionei o carro na garagem, sentindo dores no pescoço e com um pouco de culpa por ter extrapolado minhas horas no hospital, mas ao mesmo tempo, feliz de não ter que ficar por todo o plantão, conforme liguei avisando. Massageei a zona dolorida, entrando em casa pela porta da cozinha e sorrindo para minha foto com Luiz. Meu marido era extremamente atencioso e compreensivo. Ele não aprovava minha dedicação à medicina, mas eu sabia que ele tinha orgulho das minhas conquistas e buscava entender minhas longas horas fora de casa, a nova bolsa de estudos para pesquisa e meu tempo me dedicando à pediatria, que tanto amava. Deixei a chave no aparador e tirei o casaco, ainda com um pouco de frio. Pelo silêncio, Maraisa devia estar na faculdade e meu marido dormindo, o que significava que poderíamos namorar sem nos preocupar com barulho. Desde que a minha irmã veio viver conosco por um tempo, enquanto não tinha um emprego que lhe ajudasse a dividir o aluguel com alguém, estávamos sendo cuidadosos. Ela só tinha dezoito anos e estava no primeiro ano da faculdade. Ainda era uma menina, estava tentando que se sentisse à vontade e tivesse um lar saudável para crescer na vida. Almira, nossa mãe, nunca completou os estudos e Carlos, pai de Maraisa, não era a pessoa que se podia dizer possuir um cérebro afiado, muito pelo contrário. Tirei meus sapatos para não fazer barulho e peguei um copo, enchendo-o de água. Subi a escada, feliz por ter dois dias inteiros de folga para curtir meu marido. Ficava preocupada que estivesse negligenciando-o, mas ele garantiu que não. Não importava o quão cansada estava, sentia saudades dele em todos os aspectos e desejava estar junto. Poderíamos dormir agarradinhos, passear e até prepararia seu jantar favorito. Esperava que ele não inventasse de visitar a mãe, por mais que gostasse muito da minha sogra, queria ficar somente com ele. O quarto que Maraisa dormia estava aberto e todo bagunçado, encostei a porta para fingir que não vi a zona e virei no corredor, deparando-me com duas pessoas fazendo sexo na minha cama. Uma delas era o meu marido. O som do copo se quebrando misturou-se com o do meu coração. Eles saltaram surpresos e me olharam com um misto de medo, pânico e quase arrependimento. Luiz, nu, parou à minha frente e me segurou pelos ombros. Eu não conseguia olhar no rosto dele ou para qualquer outra direção. Gritei para que me soltasse, apenas batendo em suas mãos imundas, que estavam tocando outro corpo com o prazer que devia ser dedicado a mim. Meu peito estava apertado e a falta de ar só aumentava conforme meus soluços explodiam e meus olhos ficavam inundados. Desci a escada aos tropeços, não suportando ficar nem mais um segundo naquele lugar. Peguei meu sapato e as chaves do carro, puxando meu braço, que ele insistia em ficar segurando enquanto implorava por minha atenção. Entrei no meu carro e arranquei da garagem, seguindo pela minha rua sem prestar atenção no caminho. Tudo que vinha na minha mente era que meu compreensível, atencioso e apaixonado marido, estava me traindo com a minha irmã caçula.

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora