[35] Tudo que eu queria dizer para você

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RYUJIN

Uma coisa que eu tinha certeza era que nunca iria querer ver a face de meu pai novamente, mas eu agi contra minha própria decisão, porque eu precisava de respostas.

O que ele fez comigo era imperdoável, claro, e eu nunca iria perdoá-lo realmente, não importava o que acontecesse, mas acho que eu merecia pelo menos uma resposta.

Por que ele tentou acabar com a minha vida naquela noite?

25 de julho de 2020;

— Ainda não acredita que vai ter um bebê? — eu perguntei à Yeji.

Estávamos eu, minha namorada e Minho na sala da casa da mamãe, durante o início da "festinha" que eu preparei para ela.

— Eu sei que ela vai nascer, mas é estranho quando penso que vou segurá-la no colo como estava segurando Jungwon agora há pouco. — ela me respondeu — Ela vai ser um ser que vai depender cem por cento de mim no início, e que vai crescer e contar comigo pro resto da vida... Que loucura. — a forma que ela falava era tão bonitinha.

— Não é? — Minho concordou — Foi pensando assim que eu me acabei de chorar quando ele nasceu. — riu de sua própria fala.

Imagino que tenha sido uma sensação incrível mesmo... E eu queria tanto ter vivido isso.

O estrelinha — como eu e Yeji o nomeamos — iria ser sempre meu filho, iria me lembrar dele pra sempre, não importava o que acontecesse, e por isso doía saber que ele nunca iria nascer.

Olhando Jungwon em meu colo, eu me permiti, apenas por alguns segundos, imaginar como se ele fosse o meu filho, para tentar chegar perto da sensação que devia ser.

Ele estava tão quietinho no meu colo, dormindo como um anjo, foi quando notei que ele era mesmo a cara do pai. Passei meu polegar suavemente pelo rostinho dele, tão pequenininho e delicado, e tentei pegar a mãozinha dele, mas ele mesmo segurou meu dedo antes, o que me deixou surpresa. Nem Yeji nem Minho notaram, eles estavam concentrados demais em uma conversa que eu nem sabia o assunto.

Mas, então, eu percebi que ele nunca iria ser o estrelinha e que minha imaginação só havia ido longe demais, porém imaginei como seria dali a alguns meses, quando a florzinha nascesse, como eu iria segurá-la pela primeira vez e se eu iria conseguir cuidar bem dela junto com minha namorada. Nós duas estávamos embarcando nisso juntas, e eu não iria soltar a mão dela nem por um segundo.

Várias cenas se passaram em minha mente naquele momento. Cenas que provavelmente aconteceriam, dali a meses ou anos; cenas do passado e que eu preferia esquecer... E cheguei a uma conclusão: meu filho não iria voltar, claro, e eu precisava lidar com isso, mas eu também precisava de uma resposta. Uma resposta da pessoa culpada por ele não existir.

E eu não contei a ninguém ali naquele momento, mas eu estava certa que precisava conversar com o meu pai.

Fui despertada de meu transe quando Yoohyeon adentrou à sala já pegando seu filho de meu colo. Ela se sentou com ele na poltrona ao lado da que seu namorado estava e intercalou os olhares entre mim, Yeji e Minho, talvez esperando que continuássemos conversando, mas eu não fazia a menor ideia de qual era o assunto, então permaneci calada.

— Jungwon está dormindo bastante hoje. — Minho disse apenas para quebrar o silêncio.

— Pois é, que milagre. — Yoohyeon respondeu — Ele dormiu bem à noite também, você percebeu? — perguntou, vendo-o assentir com a cabeça.

Eu não via a hora de poder falar sobre esses assuntos com minha namorada.

Aproveitei que eles estavam conversando e me virei para Yeji, apenas para colocar a mão sobre a barriga dela e sentir o movimento da respiração subindo e descendo. Ela parecia já ter percebido que eu gostava de fazer isso.

AUTUMN | ryujin + yejiOnde histórias criam vida. Descubra agora