[51] O início do fim

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10 de abril de 2014;

Aquele poderia ser o fim de Ryujin, mas foi apenas o início.

Ela ainda nem estava anestesiada para parar de sentir as dores provocadas por todas aquelas perfurações em seu corpo, as quais ficariam marcadas para sempre.

Tinham dois tipos de dores diferentes: a física e a emocional. A física iria passar um dia, já a emocional não.

Eu perdi o bebê.

Ela sabia. Ela soube ao ver a primeira gota de sangue que saiu de si. E doeu, doeu tanto a ponto dela não sentir mais nenhum outro tipo de dor, porque tudo doía, ao mesmo tempo.

— Bebê, eu estou aqui com você. Você consegue sentir isso? — Ryuna apertou sua mão — Sou eu. Vai ficar tudo bem, amor.

Nos corredores do Hospital Central de Chuncheon, com os médicos e enfermeiros desesperados para tentar salvar a vida daquela jovem desacordada na maca, Ryuna não soltou a mão da filha em nenhum momento, até que ela entrou na sala de cirurgia e foi obrigada a se separar de sua mãe.

Esta, se sentou ali mesmo no chão daquele hospital e chorou, chorou muito, implorando a qualquer divindade existente que deixasse sua única filha viva.

Deu certo, no final. Porém Ryujin acordou com um pedaço de si faltando.

E esse pedaço brilharia no céu, como uma estrelinha, para sempre.

20 de novembro de 2020;

— Ryu! Ryu, acorda! — Yeji pedia, desesperada.

— Hm? Oi, amor... — finalmente despertou e até se sentou na cama, percebendo só então no quanto estava suada e até chorando — O que aconteceu?

— Eu que te pergunto! Acordei com você chorando!

— O quê...? — passou a mão pelos olhos e sentiu as lágrimas, só se lembrando então do sonho que teve — Meu deus... — colocou a mão sobre a boca — Eu acho que tive uma lembrança...

— Como assim, amor? — passou as mãos pelo rosto dela para limpar as lágrimas e o suor ao mesmo tempo — Você sonhou com o que? — Yeji estava visivelmente preocupada, achando que era mais um daqueles pesadelos terríveis.

— Com aquele dia, mas não foi com o momento que meu pai... Você sabe. Eu já estava no hospital, aparentemente, e minha mãe conversava comigo, dizendo que estava comigo e perguntando se eu sentia ela... Que aperto no peito, nossa... — negou com a cabeça e só então notou que ainda estava escuro lá fora.

— Pareceu ter mexido muito com você...

— Mexeu mesmo... A voz dela era tão preocupada, como se acreditasse que seria a última vez que conversava comigo. Não consigo nem imaginar como eu estava. — colocou a mão sobre a barriga, na região da cicatriz, por cima da blusa.

— Você está bem agora. — beijou a bochecha dela.

— Estou. — deu um leve sorrisinho — Eu nem sabia que estava me mexendo, desculpa por te acordar. Vamos voltar a dormir.

— Não precisa pedir desculpas, eu só fiquei preocupada. — Yeji encostou sua cabeça na dela por um instante e depois verificou se Gaeul dormia. Ao ter certeza que sim, se deitou.

A de cabelos rosa fez o mesmo, entretanto não dormiu tão rápido quanto sua namorada. Na verdade, ficou cerca de um hora pensando sobre aquele sonho.

Por mais que já lidasse bem melhor com essa situação, alguns momentos ainda faziam Ryujin se perguntar o porquê das coisas serem daquela forma. Além disso, nunca havia sonhado com algo parecido, o que pesou sua cabeça.

AUTUMN | ryujin + yejiOnde histórias criam vida. Descubra agora