[36] Seguir em frente

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— Scabulous.
Quando você sente orgulho de uma cicatriz, quando ela se torna sua assinatura para o mundo, sendo do seu caráter ou da sua bravura.

26 de julho de 2020;

Yeji entrou no banho antes de Ryujin.

Elas iriam tomar banho juntas, mas a mais nova ficou encarando seu reflexo despido no espelho por tempo demais.

A outra não se importou, sabia que estava sendo um dia difícil e não queria ficar enchendo Ryujin de perguntas.

Ela, se olhando, tocou sua cicatriz. Sempre a odiou, tanto pelo motivo dela existir quanto porque ficava esteticamente feia em seu abdômen, em sua opinião. Se pudesse tirá-la, com certeza o faria, sem pensar duas vezes. Mas, naquele momento, não. De alguma forma, ela também sentia orgulho dela.

Quando adentrou ao chuveiro, viu Yeji abrir os braços para si, então apenas se jogou neles e sentiu a água quente cair sobre seu corpo, lhe fazendo relaxar, de alguma forma.

— Estamos sozinhas agora, pode colocar tudo pra fora. — Yeji disse.

— Como se eu já não tivesse chorado o bastante lá no parque e na frente do presídio. — Ryujin deu risada.

— Eu achei até que você se segurou. — brincou.

— Só você pra me fazer rir numa hora dessas. — se separou do abraço e encarou-a.

Os olhos delas estavam fixos, conectados, como se enxergassem uma galáxia inteira naquelas íris escuras e só quisessem olhar para ela.

Yeji, vendo aquele rosto lindo tão inchado e vermelho pelo choro recente, sentia um aperto no peito, porque era ruim ver Ryujin daquela forma, mas sabia que tudo que aconteceu naquele dia era importante para a superação dela. Segurou sua face, ainda encarando-a, e, sem perceber deu um leve sorrisinho, foi quando Ryujin riu e quebrou o contato visual para deitar a cabeça em seu peito. Ela também tocou sua barriga e acariciou-a levemente com o polegar.

— Vejo tanta bravura em você. — Yeji disse, depois dos vários instantes em silêncio.

— Hm? — Ryujin não entendeu.

— Você é muito forte, amor. E eu te admiro muito por isso, pela sua bravura.

— A bravura de ser vulnerável¹, só se for.

— Isso não é ruim! — a abraçou.

— Queria ser mais forte. — choramingou — Olha o quanto eu já chorei hoje...

— Ryujin, você é a pessoa mais forte que eu conheço! E olha tudo que você passou hoje, tudo que você já passou na vida! Você pode chorar, está tudo bem, amor...

— Eu tô tão cansada... — Ryujin estava entregue aos braços de Yeji.

— Vamos terminar de tomar banho logo e ir deitar um pouco, hm?

— Tudo bem. — se separou do abraço para começar a se lavar, mesmo que já estivesse toda molhada.

Enquanto Yeji e Ryujin davam alguns beijinhos e ensaboavam seus corpos, a mais velha das duas desenhou uma estrela no box do banheiro e a outra desenhou uma flor, o que as fizeram sorrir, porque sabiam de quem cada uma estava falando.

Haviam chegado do parque há pouco tempo. Literalmente chegaram em casa e foram direto para o banho.

Depois de soltar o balão, Ryujin desabou em um choro profundo, mas não tão descontrolado. Doeu muito soltar aquele balão, porque ela sabia que ele, junto com a carta, nunca iria voltar para si, assim como seu filho, e sua nova etapa era aceitar.

AUTUMN | ryujin + yejiOnde histórias criam vida. Descubra agora