[43] Bem-vinda, outono

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Preparados?

🍁

YEJI

02 de outubro de 2020;

Desespero era a palavra que mais me descrevia naquele momento.

Ryujin e eu fomos para casa apenas para trocar de roupa e pegar as coisas que levaríamos para o hospital. Ela foi ao apartamento dela antes, mas não ficou nem trinta segundos, só pegou uma muda de roupa e a bolsa dela — era bem pequena comparada a minha e a da nossa filha, mas eu sabia que ela não precisava de tanta coisa como nós e eu também não estava com cabeça para questionar isso — e a vi deixar a chave dela debaixo do tapete, pois a mãe dela chegaria no dia seguinte de manhã.

Eu tive uma contração na porta da casa dela, mas foi mais branda, o que eu agradeci mentalmente a todos os deuses que me vieram à cabeça, mesmo não acreditando em nenhum.

— Pega a bolsa da florzinha e a minha no quartinho dela, vou trocar de roupa e já vamos, ok? — eu pedi, assim que adentrei a minha casa.

— Certo. Precisa de ajuda?

— Assim que você trazer tudo pra sala, vai pro meu quarto, por favor.

Assim que vi ela assentir, eu segui para o quarto, já tirando todos os acessórios que usava. Deixei todos em cima da minha penteadeira, pensando que era um problema para a Yeji do futuro, e me sentei na cama para retirar os sapatos.

Foi um pouco difícil, confesso. Minha barriga estava muito grande e eu sentia uma pressão enorme nela, por isso demorei mais que o normal para retirá-los.

Quando finalmente consegui, fui ao closet e busquei uma roupa para vestir, mas assim que voltei para o quarto senti algo escorrer pelas minhas pernas e levantei o vestido rapidamente. Por um momento achei que fosse xixi — mesmo que eu não tivesse tido nenhum problema com incontinência urinária durante a gravidez — mas não tinha cheiro nem cor. Isso me fez cair a ficha.

A bolsa tinha estourado.

Naquele momento uma contração começou e eu entrei mais em pânico ainda, pois sabia que aquela era uma contração de trabalho de parto de fato; não uma dorzinha qualquer por eu estar me esforçando demais.

Eu estava perto da cama quando começou, então me apoiei nela e comecei a chamar por minha namorada.

— Ryu... — acho que, pela dor, minha voz saiu mais baixa que o normal — Ryu! Ryujin! — gritei desesperadamente dessa vez — Ryujin, vem aqui rápido!

Tudo que eu estava sentindo se juntou e me fez paralisar ali, apoiada a minha cama. A dor era tão intensa que eu não conseguia me mover, se expandia para as costas e parecia me abrir por dentro. Nunca havia sentido nada parecido na minha vida.

Quando ouvi os passos de Ryujin pararem, olhei para a porta e a vi ali, com uma feição assustada ao perceber todo aquele líquido em volta de mim. Ao me encarar, eu disse:

— A bolsa estourou. A florzinha vai nascer.

Os olhos dela, que já estavam arregalados, pareceram triplicar de tamanho ao ouvir aquela resposta e, de todas as reações que eu imaginei virem dela, Ryujin me abraçou.

Eu comecei a chorar alto com meu corpo junto ao dela e nem sabia ao certo se era de felicidade por saber que iríamos conhecer nossa florzinha ou de medo por ser cedo demais; talvez os dois. Senti seu carinho em minhas costas, querendo me acalmar, mas estava acontecendo tanta coisa, eu pensava em tanta coisa ao mesmo tempo que eu não conseguia me acalmar.

AUTUMN | ryujin + yejiOnde histórias criam vida. Descubra agora