[12] Algo

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Laços com pessoas que foram queridas em determinada época de nossas vidas são difíceis de quebrar. Mesmo que elas tenham feito a pior coisa possível, algo dentro do peito ainda sente.

Yeji sentia nojo de Dongsuk. Desejava não vê-lo nunca mais, tentando lutar contra esse algo para tirar qualquer motivo que a faria sentir alguma coisa por ele.

Quando saiu pela porta do apartamento em que moraram juntos por anos, não imaginou que passaria por tanta coisa.

Ele podia simplesmente seguir a vida e fingir que nunca a conheceu. Mas Dongsuk não aceitava e não queria aceitar que Yeji estava vivendo sem ele.

Essa perseguição, esse desejo de tê-la novamente o levou a cadeia. Não só pelo que tentou contra ela, mas pelas pessoas que ele feriu no passado, que não aguentavam mais guardar aquilo para elas e deixar que ele fizesse mal a mais pessoas.

Após o denunciarem, a polícia fez seu trabalho, prendendo-o temporariamente, o que ainda não era o suficiente. Precisavam de mais recursos — sobre seu passado, seus parentescos, seu comportamento, dentre outras informações, para terem certeza de que nem o advogado mais bem pago do país faria o juiz inocenta-lo.

Confiando no oficial e no detetive mais potente do corpo de polícia, o delegado mandou-os à residência de Hwang Yeji, para buscar tais informações e, quem sabe, descobrir outros crimes do homem detido.

A mulher, de frente para os dois policiais em sua sala, não conseguia acreditar na frase dita pelo oficial Jung:

— Dongsuk quer que você vá visita-lo.

A mulher nem pensava na possibilidade de ter que olhar para ele de novo, conversar e menos ainda relembrar tudo que ele fez contra si.

Sua expressão denominava o pânico. O que mais queria era negar infinitas vezes e tirar a imagem de Dongsuk de sua mente, para voltar ao seu café da manhã com Ryujin.

Percebendo isso, o detetive Han se apressou em dizer:

— Ele não tem como te tocar ou fazer alguma coisa com você, fique calma. E, mesmo que ele tente, você pode chamar o policial que estará na porta.

Yeji continuou tensa, evitando o contato visual com os dois homens em sua frente.

— Não estaríamos te pedindo isso se não fosse a única coisa que ele nos pediu. — após sua fala, a mulher desviou o olhar para Jung — Dongsuk tem direito a uma visita antes do julgamento, além do advogado. E ele pediu para que você fosse. — completou.

— É uma escolha sua, ir ou não. Claro que nem ele nem ninguém pode te obrigar a alguma coisa, mas pense bem. — o detetive disse — Não compartilhe, mas a data do tribunal é dia vinte e sete de maio. Você tem até dia vinte e dois para ir, se decidir. — explicou, vendo-a assentir — Ele está detido na delegacia de Seul. Qualquer horário do dia é permitido para visita.

— Sobre o julgamento, seria ótimo se você estivesse presente. Como você é uma vítima, se puder dar algum depoimento antes ou durante o tribunal, é quase cem por cento de chance dele pegar uma pena bem alta. — sorriu levemente — Mas é como Hoseok acabou de dizer: é uma escolha sua. — se levantou, sendo seguido pelo outro.

— Entendi. — também se colocou de pé, ficando de frente para os dois — Vou pensar sobre isso.

Acompanhou-os até a saída do apartamento e se despediu, encostando-se na porta assim que a fechou, depois deles saírem. Escorregou sobre a madeira até se sentar no chão, e só então pôde respirar fundo, vendo Ryujin sair do quarto e caminhar até si.

AUTUMN | ryujin + yejiOnde histórias criam vida. Descubra agora