A Faxineira do CEO

Capítulo 62 - Momentos Decisivos

Um ano. Faz exatamente um ano que Mia e Amber voltaram para Nova York. Um ano e dois meses que conheci Mia e minha vida mudou completamente. O aniversário de cinco anos de nossa filha foi uma festa completamente incrível, com diversas abelhas, joaninhas, borboletas e cigarras tecnológicas que voavam para todo o lado. Foi um espetáculo, além de ter custado uma pequena fortuna. Confesso que ver a alegria dela fez valer cada mísero centavo. Digo mais, gastaria até dez vezes mais para ver a felicidade desmedida da minha princesa.

Mia tem uma fascinação incomum por insetos, o que torna relativamente peculiar presenteá-la com todo o tipo de coisa relacionada a eles, sejam pelúcias, protótipos, livros, ou o que ela prefere constantemente, passeios em parques, museus ou locais que ela possa observá-los in loco e sem pressa.

Fecho a porta do quartinho que montei para ela no meu apartamento e sigo para o meu quarto pensativo. Raramente ela dormia aqui, pois eu e Amber moramos no mesmo prédio, mas em andares diferentes, mesmo que até o presente momento ela ainda não saiba disso. Mia me surpreendeu com sua capacidade de manter segredo, e eu confesso que não tive coragem o suficiente para contar isso para Amber.

Eu queria estar perto o bastante para participar de cada detalhe da vida de Mia, mas ao mesmo tempo eu queria estar perto o suficiente de Amber também, para qualquer necessidade ou emergência. Nossa relação era relativamente boa, não havia briga, discursões e nada do tipo, mas parecíamos desconectados um do outro, ao mesmo tempo que dividíamos tarefas e necessidades de Mia, parecia que havia um muro imenso entre nós.

Às vezes eu pensava que conseguiríamos romper isso, havia momentos sutis entre nós que mostravam alguma luz no fim do túnel, e o sentimento teimoso que eu mantinha por ela me fazia acreditar que logo as coisas mudariam, mas a cada mínimo avanço, qualquer mínimo passo em direção a algum caminho que pudesse mostrar que ainda existia alguma esperança para nós dois, Amber se fechava como uma ostra. Era doloroso, não por ela se afastar, mas porque eu sabia que a razão desse afastamento era para se defender de um perigo que eu representava para ela.

Se ela pudesse olhar para dentro de mim, e ver o quanto eu queria apenas uma mísera chance...

Eu pegava seus olhares para mim, seus sorrisos discretos, não apenas quando eu interagia com Mia, mas em momentos diferentes, nos inúmeros jantares ou cafés que eu participei no apartamento delas. Suspiro frustrado. Mesmo depois de tudo, depois de tanto tempo, eu ainda a queria de volta. Sigo em direção ao closet e abro a porta dele, observando as malas guardadas no canto. Nem mesmo elas eu tive coragem de devolver, esperei tanto por um momento oportuno para que eu fizesse o que deveria para isso, mas Amber sempre parecia sempre tão relutante e na defensiva, que eu ficava receoso, e nisso um ano se passou, mas um longo ano.

Deito na cama e espero o sono me levar, e junto dele, talvez, um pouco da tristeza que eu sinto pela minha incapacidade de resolver coisas tão simples. Quando abro os olhos sinto uma nova determinação tomar conta do meu corpo, e junto dela as decisões que estavam nubladas em minha mente ficam claras o suficiente para que eu decida por fim fazer aquilo que preciso fazer.

Levanto-me rápido e vou ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes, em seguida rumo para o quarto de Mia para dar uma olhada rápida nela, e confiro que ela ainda está dormindo, desço e preparo o nosso café, monto uma bandeja com panquecas e mel, alguns ovos e suco de laranja, rumo em direção ao quarto.

— Acorda dorminhoca — falo e vejo Mia forçando os olhos para fingir que ainda dorme. Sorrio com suas ações, minha filha é a criança mais perfeita do mundo, uma fonte inesgotável de alegria e amor — poxa vida, vou ter que jogar esse café todinho fora, já que minha joaninha não quer acordar — olho para ela de relance e vejo que um olhinho está meio aberto, olhando para a bandeja que coloquei na mesinha de cabeceira, e quando ele encontra o meu olhar ela fecha o olho com força de novo. Eu gargalho.