53º Capítulo

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Ruan narrando:

Pois é, eu pensei que não ia ver ela tão cedo, a vi! E vê-la só me fez ter vontade de tomar muitos porres. É muito estranho, antes eu pensei que nunca conseguiria encarar os pais dele e agora o pai dela que tenta nos juntar. Isso é o que faz tudo mais instigante. Fui pro meu rancho e lá pude pensar melhor sobre tudo, a não ser pela Andressa que foi me visitar:

— Você morreria sem essa, não é? - Disse ela entrando com várias garrafas de whisky, compensando as que eu comprei pra tomar com Marechal.

— Presentes assim me deixam excitado. - Ela sorriu e eu deitei na cama sem camisa.

— Você é tentador. Já te disseram isso? - Perguntou colocando whisky nos copos.

— Costumo não me importar. Pra mim tentação é a mulher. - Peguei um dos copos das mãos dela, sentei na cama e ela sentou também.

— Você tem um jogo de palavras que fascina. - Falou ela sorrindo.

— Andressa, você não é tão piranha quanto eu pensei. - Ela ficou surpresa com minhas palavras.

— Você é legal. Queria saber qual foi a garota que te machucou, eu a enforcaria. Que idiota ela foi, né? - Eu ri, ela também.

— Você vem da rua ou abandonou a família?

— Eu não deixei minha família, vim pra cá com o meu irmão, ele não liga pra mim.

— Ele não sabe como quem você está se metendo! - Ironizei e ela riu aproximando o rosto do meu.

— Quando ele souber, não tem mais jeito. - Ela me beijou, e eu a deitei.

Isabelle narrando:

Eu tentei entender as coisas, mas não adiantou. Papai e Ruan andavam juntos a muito tempo, e eu não imaginava que isso acontecesse, fui para casa depois de uma conversa com ele. Já era tarde e fui pro meu quarto, tomei um banho e já deitada eu lembrei do que Ruan me disse "— Dúvido que tenha me esquecido, é isso o que eu dúvido. Você ainda dorme pensando em mim, ainda fecha os olhos e me vê disponível pra você. Eu sei Isabelle, você tenta viver sua vidinha de merda, mas sabe que em algum lugar dessa cidade está quem te faz ser feliz, quem te faz vibrar." O pior de tudo é que ele tem a razão, ele me faz ser diferente, ele me faz viver intensamente e com ele eu aprendi a ser mais segura, com ele eu fui mulher, quando eu deito a única pessoa que eu queria saudar era ele. Se eu pudesse eu mudava tudo isso, ele fez mal em ter tentado matar Pietro. Ao mesmo tempo que eu pensava no que Ruan tinha dito, lembrava do que Pietro vivia a me dizer "— Você vai entender aos poucos que Ruan só veio pra ensinar alguma coisa, as vezes a vida faz isso, você vai brilhar muito, Isabelle". Estou com a viagem pra Miami marcada, tenho poucos dias por aqui, o que eu faço? Preciso parar de pensar em Ruan ou nunca vou seguir em frente, eu não consigo pensar em seguir minha vida sem vê-lo, hoje por mais tenso que tenha sido, o fato de estar perto dele me fez sentir mais viva. Ouvi toques na porta e pedi pra quem estivesse batendo entrar:

— Filha, você viaja em três semanas, com Pietro. - Disse minha mãe me olhando.

— É? Ótimo, mãe. Ainda está acordada, por quê? - Ela sorriu.

— Estou sem sono, vou tentar dormir agora, tenha uma boa noite. - Ela beijou meu rosto e saiu.

— Eu tenho três semanas. Meu Deus, deixe estes dias bem longos. - Disse olhando pra cima. Em seguida deitando.

Eu dormi pensando em tudo que o meu pai tinha me dito, e também no que Ruan tinha feito questão de jogar sem pensar em como eu ficaria. Ele falou como se tivesse certeza do que eu sinto, o pior é que muita coisa foi feita, muitas coisas mudaram. Acordei as 8 h, tomei um banho e era um dia ensolarado, eu tinha que ir ao shopping comprar algumas coisas pra viagem e já havia combinado com Fabíola. Eu não contei o que havia acontecido com Ruan, mas ela percebeu que eu estava menos animada:

— Você está meio fora do mundo, como se não estivesse certa do que está fazendo, amiga. - Disse me olhando mascar uma goma desinteressada com a torre de sapatos a minha frente.

— Fabíola, eu não sei, estou tensa. Nunca me senti tão indecisa. - Afirmei e ela estranhou.

— Olha, ta em cima... Se era pra dar uma indecisão, melhor que não fosse tão em cima. Você decidiu isso.

— Você está me dando mais bronca que meus pais. - Falei fazendo um pouco de manha.

— Eu não sei, mas acho que você própria gritou no baile social que ia estudar em Miami como sempre sonhou, eu não queria que você fosse, mas você quer. - Disse.

— A única coisa que eu preciso, é de muita coragem pra enfrentar tudo. - Afirmei e ela sorriu.

— Você pode contar comigo, eu torço por você. - Eu sorri.

— Pode me chamar de louca, mas eu queria muito que você fosse comigo a um lugar. - Falei a olhando.

— Que lugar?

— Não nega, por favor! Vamos hoje pra pista onde acontecem os rachas. - Ela estranhou.

— Quer ver Ruan?

— Não, é que eu quero ter certeza de que eu não sinto mais nada por ele. - Ela desconfiava, mas com a desculpa que eu dei ela eliminou a desconfiança.

— Eu não acho que seja uma ação muito digna, mas tudo bem, amiga. - Eu a abracei rapidamente.

— Você é demais, miguis. - Disse.

— Sua louca. - Eu dei uma risada.

— Vem, vamos olhar as roupas, eu volto já pra escolher os sapatos. - Fomos para a parte das roupas.

Ruan narrando:

Andressa e eu passamos mais uma noite juntos, e ela me contou mais sobre ela, me tirando a primeira impressão que tive, era bastante guerreira e muito divertida, cheia de sonhos e com um coração ferido. Eu acordei primeiro que ela e tinha que dar o duro pra conseguir um dinheiro extra, a deixei dormindo, e fui pro lava-jato onde sempre precisavam de uma ajuda, terminando o expediente passei pelo rancho de Peralta para perguntar se havia racha marcado pra noite e ele confirmou, que hoje iria ter uma corrida preparatória pras próximas. Eu já ia subindo na moto quando Peralta me chamou:

— Pô, que foi? - Perguntei e ele tinha uma expressão séria no rosto.

— Olha só, ontem eu falei pro Léo quem havia atropelado ele e a noite eu mostrei. - Disse Peralta e eu não tive nenhuma reação, ele fez por opção e Léo ia se vingar, logo.

— Ele que tome conta, ele que acerte como ele quer. - Afirmei e Peralta deu dois tapas em minhas costas.

— Vai de boa, então. Até a noite. - Ele foi pro seu rancho e eu fui embora.

Quando cheguei ao meu rancho, pra minha surpresa, Andressa continuava lá, estava muito bem deitada com uma das minhas camisas vestida em seu corpo:

— Olha, eu ainda estou querendo entender a razão de você estar magoado. - Disse me olhando tirar a jaqueta e a camisa.

— Andressa, eu acho que você só precisa entender que eu gostei de uma princesinha, dessa que vive em bailes... - Ela fez uma expressão de interessada no assunto.

— Gostou de uma menina rica?

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora