40º Capítulo

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Isabelle:

Fiquei durante horas deitada, mas não me sentia cansada. Era tudo uma questão de tempo, eu parecia uma boboca encantada com um momento inesquecível. As nuvens logo se apresentaram e a chuva começou, uma tempestade na verdade. De onde veio a ideia dela de me mandar pra Miami? Me veio esta pergunta a mente, e realmente eu queria entender de onde ela tirou essa possibilidade. Certo, eu queria ir pra Miami, mas eu quis isso quando eu era criança porque o Pietro tinha ido pra lá. Não faz sentido. Pude ver pela janela o juiz deixar a Anne, que estava com um sorriso de orelha a orelha e o pior é que eu não sinto que esse homem é de confiança, ele se juntou com a minha mãe pra conseguir favorecê-la em tudo e isso não é nada justo para um juiz, eu tenho que conseguir sair daquela casa, quero procurar o meu pai e ajudá-lo, dar a minha mão a ele que sempre lutou por mim e pela Anne. Levantei para tomar água e quando estava no corredor que direcionava as escadas vi Anne sentada na escada:

— Uau... O que faz aqui e assim? - Perguntei a olhando e ela sorriu.

— Estou sem vontade de dormir e não quero que a mamãe me obrigue. - Disse e eu sentei ao lado dela.

— Eu te faço companhia. - Sorri - Como foi com o juiz? - Perguntei e ela sorriu.

— Ele é muito legal, brinca comigo, ri comigo e conta piadas engraçadas. - Legal? Será que eu andei errando nisso?

— Como eu queria voltar na sua idade. - Disse a olhando.

— Queria? Mas eu não seria nascida, né? - Eu ri.

— Não, não seria. - Ela me olhou seria.

— Então não seria bom.

— Agora sim, mocinha... Você se colocou nas nuvens! - Começamos a rir.

— Pensando bem, eu queria que o papai tivesse me levado pra sorveteria.

— Papai ainda vai te levar muitas vezes, pode crer.

— Quero muito que ele e a mamãe fiquem juntos, e que esse outro homem fique apenas como amigo da gente. - Anne era inocente e isso é bom, poupa ela de muita dor.

— Vamos pro meu quarto, lá a gente brinca um pouco... - Ela logo se levantou e fomos para o meu quarto.

Ruan:

Foi uma noite inquieta, a chuva me deixou ainda mais sem sono e pra conter a agonia interior eu resolvi tomar boas doses de whisky. Ouvi toques na porta e temi que fosse Derick e sim, era ele. Abri a porta e ele entrou:

— Comeu muito? - Perguntei e ele abriu um sorriso canalha, o velho sorriso canalha. Tradição.

— Estou fraco. - Isso respondeu tudo.

— Você vai ficar aqui? - Perguntei o olhando.

— Sim, quero ficar aqui. - Eu deitei na cama.

— Já viu o colchão ali? Dá um jeito, tem umas cobertas no armário. - Ele abriu um sorriso babaca.

— Valeu pela hospedagem. - Disse e eu fui curto e grosso.

— Nada de bons modos comigo. - Ele deitou o colchão e foi ao armário, pegou um cobertor e se acomodou, apenas tirou os sapatos.

— Tenho que admitir que você me surpreendeu hoje. - Que babaquice!

— Eu falei o que você queria ouvir.

— Você não terminou a história, e eu fiquei com vontade de saber o resto. Sei até onde parou. - Eu o interrompi.

— Não fale como se fosse um filme...

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora