39º Capítulo

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Pietro:

— O que você tem de tão urgente para falar? - Perguntei a Oliver que tinha me ligado algumas vezes.

— Descobri coisas sobre Ruan. - Ah, então é isso? Naquele momento eu pouco estava interessado, mas já que contratei...

— Pode começar, eu estou com pressa.

— Claro... Ele está com uma garota que realmente é outro nível de classe social. Ele é um Antunes Ferraz, seus pais moram em uma periferia da cidade. Ruan tem antecedentes criminais. - Boas informações, mas nada disso é interessante.

— Isso é o que tem de tão foda pra me contar? Oliver, por favor, eu não quero saber se Ruan é Antunes ou que merda seja. Meu interesse é no convívio dele. - Oliver me olhou, como se me desafiasse.

— Ruan levou a tal garota para uma casa abandonada, na saída da cidade, não consegui ficar por muito tempo, mas eles transaram e parece que ela era virgem. - O que? Neste momento eu fiquei de boca aberta, a surpresa era tanta que mal consegui responder.

— Maldita Isabelle. Ruan merda. - Sussurrei e Oliver sorriu.

— O seu interesse é nele? Ou no que ele faz com ela?

— Quero ver até onde eles chegaram. Ele está com a garota que eu quero. - Oliver riu.

— Ele pegou e você não? - Eu o olhei.

— Vai embora, e faz seu trabalho. Não tenho que te dar satisfações, Oliver. Vai embora!

Ruan:

Ela confessou que havia perguntando coisas a meu respeito a Peralta. Eu fiquei puto da vida, mas não quis deixá-la frustrada, apenas a desculpei. Já estava anoitecendo e ela me pediu para levá-la para casa e após alguns minutos a deixei lá, antes que ela entrasse eu fui curto e grosso:

— Nunca mais faça isso, Isabelle. - Ela não teve reação, apenas entrou e eu fui embora.

Isabelle:

Mil sensações, acho que não poderia ter sido melhor. Me sentia mais mulher e mais amada, não sei, preferi ser sincera e contar o que eu tinha feito, sei que ele não ficou muito feliz com o que eu confessei, mas prefiro contar a verdade. Continuo sem saber nada sobre a pessoa que para mim é a essencial, e é isso que me chateia! Simplesmente pelo fato de que ele sabe tudo sobre mim. Parecia que meu corpo pulsava, meu coração batia mais forte e mais rápido, como falei eram mil sensações indo e vindo no meu interior. Fui deixada em casa por ele, e quando adentrei, ergui a cabeça. Minha mãe... ou melhor Hellen me esperava junto à Anne e o juiz:

— O que é exatamente isso? - Perguntei os olhando e Anne sorriu.

— Querida, estávamos te esperando. Queríamos conversar com você, não é amor? - Falou Hellen e eu simplesmente ri, como se fosse a maior idiotice que já havia escutado.

— Uau, queriam? Não quero conversar. - Disse e o tal juiz retrucou.

— Faça isso por consideração a sua mãe. - Quando ouvi aquilo, eu ia destilar todo o veneno, o veneno que Hellen fez eu criar.

— Não tenho consideração por ela, esqueceu de perguntar isso. - Nesse momento Hellen levantou e me olhou.

— Você vai estudar em Miami. - A olhei, ela continuava com a ideia absurda dela.

— Eu não vou estudar em lugar nenhum. Eu não quero! - Disse alto e o juiz levantou-se.

— Não levante a voz pra sua mãe. - Eu o encarei, dando-lhe um empurrão.

— Não me diga o que fazer. - Naquele momento eu senti que havia feito igual Ruan faria.

— Porque tanta agressividade? Será que eu te eduquei assim? - Disse Hellen e eu fiquei por alguns segundos calada.

— Eu não quero ir pra Miami. Eu já quis, certo, mas é passado. - Anne apenas observava, o juiz levantou-se.

— Isabelle, qual o problema? - Perguntou o juiz.

— Meu problema? Meu problema é simples, não quero que fiquem decidindo o que vão fazer comigo, como se eu fosse um boneco marionete! Não é justo! E o senhor juiz, não ache que só por sua ocupação eu vou lhe respeitar e honrar. - Isso fez Hellen me odiar.

— Querida, vou levar a Anne para tomar um sorvete. - Disse o juiz a pegando pela mão e eu não gostei daquilo.

— Sim, leve-a. - Anne foi com ele. Eu já ia subir as escadas, quando Hellen me chamou.

— Isabelle! - Eu apenas parei, sem olhar para trás - Você precisa parar de mal educação. - Neste momento virei.

— Aceite que nós estamos nos detestando mais e mais, isso vai doer menos. - Subi as escadas rapidamente a deixando, queria que por um minuto ela sentisse o mal que causou a todos nós.

Ruan:

Pois é, ainda sim Derick estava em meu cafofo, é muito filho de uma mãe mesmo! Ele já havia tomado quase toda a garrafa de whisky, estava se adorando em frente o espelho, ele sempre foi o tipo de coroa que pra sempre é jovem. Adentrei tirando a jaqueta:

— O que ainda faz aqui? - Perguntei e ele se virou.

— Obrigado pela recepção. - Ironizou e eu continuei serio.

— Eu não quero saber de nada que diz respeito a... - Ele interrompeu.

— Querendo ou não eles fazem parte do que você é, Ruan eu sei que você morre por dentro, o rancor te corroeu. - Eu o puxei pela gola da camisa o levantando.

— Você é um babaca.

— Bate em mim! Vai! Que mesmo que eu esteja com a boca roxa eu vou continuar dizendo que você é apenas rancor. - Eu o soltei.

— Esse rancor, nada mais é que o que ela quis que eu tivesse dela. Deles! - Falei alto, meu sangue fervia.

— A morte cedo ou tarde vai levar sua mãe, e vai deixar Tadeu sozinho.

— O que você quer que eu faça? - Foi a única coisa que consegui falar.

— Mostre a ela que você não tem a culpa, ela quer te ver novamente. - Não! Não!

— NÃO! NÃO! Quando eu disse que não era culpado, ela me mandou sumir, ela me deu dois dias pra me mandar! - As lembranças voltavam. - Quer conhecer adentro a história? Quer? Então você vai conhecer. Meu pai e minha mãe me responsabilizavam pelo que acontecia na casa, me apontavam como o único culpado das coisas. Igor, meu irmão, sempre pôde ir além do que eu fui, ele tinha apoio, liderança e respeito... Eu nunca tive isso, mas eu me acostumei com aquela situação de merda, eu dei duro pra ajudar na casa, eu queria que aquela situação precária mudasse, mesmo assim eu era o culpado de nada mudar. Eu tinha sobre mim a responsabilidade de tudo de errado que Igor executava. Ele se meteu nas mãos erradas, ele se juntou com os poderosos do tráfico, eu fui o primeiro da casa a descobrir e me calei, porque aquilo ia fazê-los morrerem de desgosto. - Meu sangue fervia menos, mas a dor interior era sem tamanho.

— Acredito em você, porque sempre deixou as coisas rolarem sem falar nada?

— Eu queria... que... - Era duro falar aquilo. - eles conseguissem ser felizes, eles lutaram muito. Eu fiz de tudo pra tirar Igor da confusão em que tinha se metido, mas ele estava marcado pra morrer e isso era tão certo... Eles o pegaram em uma troca de tiros, eles armaram a troca de tiros e como alvo, Igor foi o único acertado.

— Por que você levou a culpa disso? - Perguntou e eu já havia contado coisa demais.

— Não me enche mais, vai comer alguma vadia na cidade. - O encarei e ele compreendeu que eu não iria dizer mais nada, e logo saiu, eu não deixei lágrima nenhum sair, apenas deitei e relaxei.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora