61º Capítulo

1.6K 115 3
                                    

— Mesmo que não queira saber, eu vou pra Miami daqui a cinco dias. - Cinco dias? Isso não pode acontecer.

— Vai é? Pretende fazer faculdade de que? Se casar com qual herdeiro?

— Me leva pra casa. - Foi o que ela disse.

— Rumo ao palacete da idiotice. - Subi na moto e ela também, fui deixá-la em casa.

Isabelle narrando:

Imprevisível, ele é muito! Como assim? Ele quer que eu vá embora e que desista dele, mas eu estou a ponto de ir. Então eu fiquei na porta da minha casa e ele não desceu da moto, apenas me olhou:

— Isabelle, você tem tudo pra ser feliz, vai ser uma ótima profissional, terá um casamento sólido e cheio de bonança, filhos bonitos e inteligentes, e eu vou te amar durante esse futuro. - Disse Ruan me olhando e meus olhos se encheram de água e uma lágrima caiu. Ele avançou a moto indo embora.

Eu não dormi bem, fiquei pensando em tudo o que aconteceu, desde o momento em que eu liguei para ele até agora. Eu não sei se vou, se fico, é tudo muito difícil. Minha mãe me acordou cedo, queria que eu fosse me despedir das famílias importantes da cidade, ela estava muito focada na minha ida para Miami, Pietro estava inconformado com a cadeira de rodas, e isso era lamentável, isso não mudou os planos dele, ele ainda ia para Miami. Eu passei na casa dele para vê-lo e pudemos conversar:

— Eu não quero que isso se prolongue, quero que fique bem, saudável como sempre foi. - Disse o olhando, ele sorriu meigo.

— Eu tenho que agradecer porque eu tenho você. - Isso me fez sorrir meigo também.

— Pietro, eu quero te pedir um conselho. - Ele é meu amigo, acho que pode me ouvir, e me dizer o que ele acha que eu devo fazer.

— Hum?

— Eu quero muito ir pra Miami, fazer faculdade e me divertir a berça, mas eu tenho que abrir mão de uma pessoa pra fazer isso. - Ele me olhou.

— Que pessoa?

— Ruan. - Ele me olhou abominando.

— Você ainda pensa nele? Aquele cara não é pra você, é um pobretão, não tem nada a oferecer! Isabelle! - Ouvi-lo falar de Ruan daquele jeito me deixou um tanto confusa.

— Na boa, eu quero que me ajude, não quero que ofenda ele. - Ele ficou ainda mais sério e se afastou de mim.

— Eu estou falando o que é verdade, você é uma garota linda e inteligente, tem na vida tudo, pode ser muito bem sucedida. Ele é um sem futuro, que a vida vai se encarregar de jogar fora, ele não serve pra você, enxerga isso. - Eu o olhei.

— Pietro, não está me ajudando. - Ele olhou pra mim.

— Estou sendo realista, ele não serve pra você, você é bem além, se não for pra Miami, vai sofrer a vida inteira por um cara que não tem nada. - Fiquei ainda mais confusa.

— Eu não sei, não penso como você. - Ele me olhou.

— Deveria, assim teria um pouco mais de orgulho de si. Ruan está afundando aos poucos. - Não quis mais ouvi-lo, disse até logo e sai.

Ruan narrando:

— Faltam quatro dias. - Disse olhando para Marechal.

— Orgulho mata, não por fora, mas por dentro... - Disse Marechal.

— Eu não estou sendo orgulhoso, não vê que a única coisa que eu quero é que ela se dê bem na vida. - Disse com sinceridade.

— Eu pensei que você fosse mais persistente, garoto. - Ele me deixou sozinho e foi atender outras mesas, eu fiquei pensativo.

Enquanto tomava um café amargo, lembrei de uma frase dita por Isabelle:

"— Eu quero que um dia, eu e você... Venhamos a morar nessa casa. A gente vai acordar e ver uma vista bonita todos os dias, e esse lugar parece muito nós dois."



Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora