32º

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Isabelle:

Fiquei horas em meu quarto, foi muito divertido com Pietro, eu esqueci um pouco minha realidade tosca de sempre. Mas bastou chegar a minha casa para viver toda a minha dor de novo, eu fui para o meu quarto e lá fiquei até a noite chegar, e somente uma frase me vinha a mente "— Vou sair da cidade, quando eu quiser falar com você eu ligo.". Eu me sentia frustrada, porque eu queria falar com ele, saber onde ele está e quando ele vai voltar, e duas opções gritavam, liga e não liga, será que Ruan sente falta de mim? Por que ele me deixa assim, por que ele não me permite saber da vida dele?

Desci para tomar um copo de leite e quando subia as escadas ouvi ruídos vindos do quarto da minha mãe, não precisei ir até lá, ela estava com o juiz. Aquilo me fez disparar uma lágrima certeira e objetiva:

— Por que está encostada na parede? - Perguntou Anne me olhando.

— Não é nada demais, é que resolvi pensar um pouco. - Enxuguei a lágrima e ela ouviu os ruídos.

— O que a mamãe ta fazendo? Esse barulho é do quarto dela. - Eu peguei na mão da Anne e a trouxe pro meu quarto, fechei a porta e comecei a chorar. - O que foi? Poxa, não chora assim. - Ela me olhava.

— Anne, a gente tem que encontrar o papai. - Sentei na cama e ela ficou de frente para mim.

— Encontrar o papai? Ele me disse que ia viajar e que depois... - Eu a interrompi.

— Não é bem isso, meu amor. Se ele fosse voltar nós estaríamos a salva. - A abracei chorando e ela me acolheu, ela não entendia nada.

— O que você quer dizer? Papai nunca vai voltar? - A encarei.

— Não para essa casa. - Afirmei e ela pareceu receber um impacto muito grande.

— Então vamos buscar ele, vamos trazer ele pra cá, este é o lugar do papai. - Disse sorridente.

— Me promete uma coisa? - Peguei na mão dela.

— Prometer o que?

— Prometa que tudo o que a mamãe falar você vai me contar, que não vai deixar nada acontecer sem me contar. A mesma coisa eu vou fazer com você. - Ela apertou minha mão, como se aceitasse.

Ruan:

Levamos Léo para o hotel e comemoramos por tê-lo tirado daquele lugar, afinal isso foi mais que uma vitória. Peralta me parecia muito pensativo, como se algo lhe incomodasse, pude perceber porque ao invés de tomar várias doses de uísque em pouco tempo como sempre ele demorava quase cinco minutos em uma:

— Aquele hospital de merda, mais parecia com um inferno! - Afirmei para Peralta e Marrom, Marrom concordou comigo.

— Será que ele vai acordar? - Perguntou Marrom observando Léo deitado.

— Ele vai acordar, Léo é guerreiro, guerreiros não morrem tão cedo. - Afirmei. - Peralta... Se liga, velho. - Dei uma tapa leve nas costas dele.

— Pô, algum problema ai? - Perguntou e eu o encarei.

— Não, mas você deve ter um ai! Qual é?

— Não tenho nada, só estou pensando um pouco, onde vamos colocar Léo? - Perguntou ele e neste momento me veio a mente um bom refúgio.

— Pode deixar, vou fazer ele ficar em um bom lugar e com direito a cuidados de mãos femininas.

Isabelle:

Eu fiquei pensando no que eu ia fazer para livrar Anne daquela ideia infundada, ela não merece o que está acontecendo, isso tudo vai acabar a prejudicando. O dia amanheceu e eu acordei com o celular tocando, bela maneira de ser acordada, apenas atendi, afinal com uma vista embaçada de sono quem iria conseguir ler as letras do visor do celular?

— Ninfeta, como você está? - Pelo ninfeta eu já imaginei quem seria.

— Ah, resolveu me ligar né?!

— Resolvi, e você foi obediente e não me ligou até que eu te ligasse. Eu não sabia que era tão obediente. - Ruan e sua velha mania de me estressar.

— Idiota! - Disparei.

— Como está?

— Com perguntas engasgadas, várias perguntas me deixando louca e impaciente.

— Já vi que não vai facilitar mesmo, não é?

— Eu vou tomar um banho.

— Tomaria com você se estivesse ai. - Ele adorava ser safado nas horas erradas.

— Vou desligar. - Desliguei.

Ruan:

— Minha pequena... - Ela havia desligado na minha cara.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora