12º

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— Pietro, por favor, né?! Quero saber como ele deve estar, se precisa de algo, se está bem. Você deveria querer também. – Pietro volta a me olhar.

— Isso é loucura! – Disse passando a mão no cabelo.

— Não, não é. Loucura foi naquela noite. Isso sim foi uma loucura. – Afirmei.

— Isabelle, se eu fizer isso, prometa para mim que não vamos mais tocar nesse assunto? – Não posso prometer.

— Não vou mais tocar nesse assunto, com você. – Ele sorriu de lado.

— Vou fazer isso, sabe por quê?

— Por quê?

— Porque eu gosto muito de você, Isabelle. Eu voltei para cá e achei que ia ser irrelevante, você está sendo ótima e me fazendo adorar essa cidade e aproveitar cada dia. – Ele tocava meu rosto e me olhava nos olhos, quase me beijava.

— Filha... – Disse minha mãe e Pietro afastou o rosto do meu, nossa não quero nem ver! Que "merda"!

— Oi mãe. – Ela nos olhou estampando um sorriso enorme.

— Desculpe se os atrapalhei, não sabia que o Pietro estava aqui, seja bem vindo meu querido.

— Obrigado. – Eu a olhei.

Minha mãe elogiou tanto Pietro, que juro que até ele ficou com a boca doendo de tanto sorrir e agradecer, e o pior é que eu aguentei aquilo até as 13h00min. Depois de muito pensar eu já tinha decidido o que faria, precisava da ajuda da Fabíola e ela com certeza ia falar que estou louca, mas eu não poderia deixar de tentar.

— Fabíola?

— Ela mesma, pensei que tinha esquecido de mim! – Disse e eu ri.

— Claro que não, amiga. Olha preciso muito de você.

— Algum problema?

— Não, não é um problema, mas é algo que eu preciso fazer...

— O que precisa fazer?

— Preciso que fale com sua prima, e pergunte a ela quando terá um racha.

— Não está pensando em ir outro racha? Não é?

— Para ser sincera sim, eu vou ao racha, eu tenho que ir. – Ela surtou do outro lado da linha.

— Vai acabar se ferrando com essas ideias de jerico, pensei que havia resolvido tudo, ainda tem pendências?

Por favor... — Calma, Fabíola... Não estou com pendências, apenas quero ir ao racha, preciso falar com o motoqueiro.

— Ele te ameaçou de novo?! Foi?

— Eu já disse que não é nada de mal, eu me resolvi com ele, mas preciso falar com ele, faz isso... por favor, e não me dá mais nenhum sermão.

— Olha eu vou perguntar e vou te dizer, amiga. Mas acho isso arriscado demais. – Ela era tão cuidadosa... que chegava a exagerar. Isso é tão bom.

— Obrigada. Vou arrumar algumas coisas, me liga quando souber. – Desliguei.

Logo recebi a ligação dela confirmando que teria um racha hoje a noite, eu tinha medo, era natural quando fala-se daquele motoqueiro, por incrível que pareça, é que eu não sei o que esperar do motoqueiro, ele não me dá respostas completas, faz insinuações, eu me perco completamente naquilo tudo. E Pietro, realmente odeio pensar que se um dia chegarmos a ter algo sério, minha mãe vá bajulá-lo tanto, eu vomitaria se passe mais cinco minutos ouvindo aqueles elogios repetidas vezes.
Esperei a noite chegar e eram 20h25min, tomei um banho e já me arrumava, estava nervosa! O que era comum diante daquela situação.

Claro, não é fácil encarar alguém que nunca tem respostas concretas e que já me ameaçou de morte praticamente, pedi ao mordomo para me levar ao local onde ia acontecer o racha. Mas pedi para me esperar em uma rua, o racha iria acontecer em outra, fiz isso para que ele não soubesse ao exato onde eu iria, não era convencional.
A pista já estava movimentada, eu não me aproximei demais, fiquei em um lugar quase escondido. Eram 22h17min, estava frio demais. O céu estava enluarado.

Ruan:

Depois de sair do hospital fui para meu rancho e me trajei para ir ao racha, pensava em como iria ficar Léo no tempo que ia passar sem falar, sem ouvir, sem ver, na boa... Eu não posso deixar aquele riquinho imune, ele não pode ficar ileso pela merda que causou na vida de outra pessoa!
Meus trajes eram os de sempre, coloquei o cabelo para cima e fui embora, não demorei a chegar e já havia movimento, todos se cumprimentavam:

— Alguém quer ficar enérgico? – Falou Mike me olhando.

— Só se for batendo em alguém. – Disse sorrindo e Peralta me olhou.

— Pega leve, mano. Foi ao hospital?

— Sim, ele teve uma melhora, mas não tão significante pô. – Peralta me olhou, e eu o olhei, logo atrás de Peralta vinha Isabelle a me olhar.

— Espera ai. – Fui em direção a ela.

Não sei o que ela fazia ali, mas gostei de ver que veio atrás de mim, a encarava e ela também repetia o ato, nos aproximamos e eu não fixei meus olhos nos dela:

— O que quer ninfeta? Se perdeu por aqui? – Perguntei e ela me olhava, agora a encaro no fundo dos olhos.

— Me deve explicações, você apareceu na minha casa, tarde da noite, disse várias coisas desconexas, e eu não sabia do que estava falando. – Ela veio em busca de explicações... Hum, bom saber.

— Não precisa saber, eu sabia e isso basta. – Ela tocou meu braço e naquele momento vidrei meus olhos nos dela.

— Uma vez na sua vida, cara... Seja amável comigo. – Ficamos segundos calados a nos olhar, o silêncio logo foi quebrado.

— Vem montar Franck? – Continuei olhando para Isabelle, e ela olhou para Peralta. Percebia que todos já montavam suas motos e já se preparavam para começar a competição, não iria correr.

— Chama Mike. - Falei e Isabelle me olhou, parecia surpresa.

— Ok, mano. – Peralta saiu e ela me olhou.

— Cancelei um racha por você, viu? Fui amável até demais. – Eu até ri com aquela ironia, ela tratou de se irritar.

— Jura? – Falou enraivecida.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora