11º

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Isabelle:

Acordei do pior modo possível: com meus pais discutindo. Era 08h45min, ignorei o fato deles estarem mais uma vez brigando e fui tomar um banho, optei por colocar uma roupa mais simples, logo depois desci para tomar café da manhã e Anne estava à mesa.

- Bom dia Anne. - Ela me olhou parando de comer o pedaço de bolo ao qual ela havia acabado de morder.

- Não está bom, eles já estão brigando de novo. Isso é tão chato. - Fez um biquinho digno de vários apertões na bochecha.

- Calma, olha, eles sabem como resolver. Não se importa tanto minha princesinha. - Eu falava um pouco tensa, nós ouvíamos os gritos da minha mãe. As mesmas coisas de sempre.

- Não quero ficar dentro dessa casa, quero sair, me leva ao shopping. - Shopping?

- Não vou ao shopping, mas podemos ir a outro lugar, algo mais simples. - Minha mãe descia as escadas rapidamente.

- Está certo, pode ficar com seus malditos empreendedores Marechal. - Falava minha mãe vindo a cozinha, eu levantei.

- Se vieram brigar aqui, acho melhor pensar duas vezes, eu e Anne não somos obrigadas a ouvir. De jeito nenhum. - Minha mãe me olhou enraivecida, eu estava tensa, não queria que Anne os visse brigar ao vivo. Ela é apenas uma criança.

- Olhe Isabelle, estou cansada de Marechal, se quer saber, eu não quero mais passar por isso, está declarado, eu e o pai de vocês, vamos nos divorciar. - Engoli seco o que ela disse, Anne começou a encher os olhos de água, ia começar a chorar. Ela entendia o que aquilo queria dizer, ela sabia que as coisas mudariam.

- MÃE! - Falei aos gritos.

- Não... - Gritou Anne chorando de cabeça baixa e minha mãe mal se importou apenas continou trocando farpas com meu pai que caminhava em nossa direção.

- Por que disse isso na frente de Anne? Olhe como ela está! - Perguntou meu pai a olhando de frente.

- Não vou esconder das minhas filhas. Elas serão as primeiras a saber. - Minha mãe saiu para o seu quarto e Anne ainda estava de cabeça baixa.

- Vamos Anne, vou levá-la ao balé. - Disse meu pai e ela andou até ele e eles saíram, ambos em silêncio.

- Preciso de respostas, não vou ficar como uma idiota, não vou. - Me levantei e fui para o meu quarto.

Pietro:

Fiquei algumas horas com aquela garçonete, aproveitei um pouco, ela ficou muito afim mas é lógico que eu não queria nada além disso, de maneira alguma0. Mulheres desse tipo não tem nada a oferecer. Fui para casa, dormi e acordei tarde, era 11h00min quando despertei.
Fiquei deitado na cama pensando em Isabelle, eu praticamente a tenho, ela certamente está muito afim de mim, apesar de ter dado uma de difícil. Peguei meu celular que estava sobre o criado-mudo do e liguei para Isabelle:

- Oi Pietro. - Falou com um tom de voz desanimado.

- Oi linda, mas... Por que a voz tão fraca?

- Ah nada demais, alguns problemas, como vai? - Eu estampava um sorriso só de ouvi-la.

- Estou bem, um pouco cansado, acabei de acordar. E você?

- Estou viva, apenas viva. - Ah,o que houve com ela?

- Isabelle, você nunca diz isso... Quer dizer, até hoje não falou isso, minha linda, qual o problema? Pode me falar.

- Pietro, pode vir aqui? - É claro que eu posso.

- Posso, claro que sim. Vou ai, daqui a alguns minutos chego.

- Estou te esperando, obrigada. Preciso desligar. - Desligamos a ligação e eu dei uma risada.

- E eu ainda achei que não ia me dar bem aqui no Brasil...

Ruan:

Recebi uma ligação de Peralta marcando um racha, eu aceitei. O racha estava marcado para a noite como sempre e contava com duas "gangues", ia ser uma noite agitada. Passei algumas horas checando a minha moto, depois a lavei com todo capricho que merecia, terminei depois de algumas horas. Tomei um banho, pois ainda ia visitar Léo no hospital, as esperanças continuavam mínimas, mas Léo já não estava correndo tanto risco de morte como antes:

- Você é alguma coisa deste rapaz? - Perguntou um médico abrindo a porta enquanto eu o observava.

- Sou como irmão dele. - O médico entendeu que éramos amigos, ele me olhava sério e eu o encarava.

- Tenho que dar uma notícia a alguém da família dele, sabe onde está a família dele? - Não, eu não faço ideia.

- Qual? Não tem família, a família dele é a gente e a moto. - O médico me encarou.

- Seja como for, ele está em estado de espera, já fizemos o possível para salvá-lo, mas terá que ir para um centro de espera. - Olhei para Léo e logo voltei a encarar o médico.

- Centro de espera?

- Há muitas pessoas que precisam ficar nessa mesma cama, ele vai esperar uma recuperação e é melhor que esteja num lugar mais apropriado. - Que merda.

- Estou ligado, vou embora, qualquer coisa liguem, por favor.

Isabelle:

Preciso de alguém ou vou acabar enlouquecendo, chamei Pietro, me sentia confusa, enraivecida, tudo em uma só pessoa, estava no meu quarto aguardando a chegada dele, eu estava completamente desarrumada, fiz um coque qualquer em meu cabelo, estava sem o mínimo astral e se uma palavra me definisse seria: morta viva. Logo a empregada avisou que Pietro estava esperando na sala e logo desci:

- Oi Isabelle. - Ele sorriu e dei aquele "meio sorriso" sem mostrar os dentes.

- Obrigada por vir, vem, vamos nos sentar. - Ele sentou-se no sofá e eu sentei-me ao seu lado.

- Percebi pela sua voz que não estava bem, pode compartilhar comigo. - Falou e eu não ia falar sobre meus pais e muito menos sobre o motoqueiro, eu queria guardar o assunto do motoqueiro, não acho que vá ser propício contar.

- Olha, acho que... estou de TPM. - Ele deu uma risada alta, olhei pros lados. - Uma mulher não pode mais ter TPM? - Ele continuou a rir e eu ainda o olhava.

- É que jurei que havia acontecido uma coisa mais séria, desculpe. - O olhei com a expressão facial séria e ele continuou a rir.

- Podemos conversar sobre o tal menino que você atropelou naquele dia? - Ele me olhou e logo ficou sério.

- Sobre isso? Por que quer tocar nesse assunto?

- Sim, sobre isso. Porque quero. - Ele revirou os olhos.

- Poxa, eu não me lembro de nada do que houve lá, não tenho... - O interrompi.

- Olha só... Eu sei que não lembra e também sei o porquê, mas preciso que a gente vá ver o cara que... foi atropelado. - Ele me olhou surpreso.

- O que? Ver? Isabelle... - Pareceu minha mãe com isso "Isabelle..." naquele tom que mais parecia indagar "ficou louca?"

- O que tem de mal? nós detonamos a vida dele naquela noite. - Ele fazia uma expressão de insatisfação e estava muito incomodado com a tal sugestão.

- Não tem sentido, Isabelle. Foi um acidente e poderia acontecer com qualquer um. - Raiva define o meu sentimento neste instante por Pietro.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora