23º

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Depois de algum tempo, um táxi levou Anne em casa, já era quase 22h00min, eu ainda tinha que falar com Isabelle, eu tinha que acertar algumas codias com ela:

- Eu tenho muito o que saber né? Ninfetinha. - A agarrei por trás, enquanto caminhávamos na rua vazia, ela ficou um pouco mole, senti seu corpo vir um pouco para trás cedendo ao meu - Seu perfume ficou em meus lençóis, garota! - Disse começando a beijar seu pescoço, colocando seu cabelo atrás da orelha, ela me olhou.

- Por que não vem deixar o seu perfume em minhas roupas? - Disse baixo, como se tivesse medo, que garota mais atrevida, agora a virei de frente para mim, a encarando.

- Sussurrou? Calma, o mínimo que eu posso fazer com você, é não ter dó dessa vadia que às vezes é. - Ela até então se mostrou delicada, mas ao ouvir isso despertou realmente uma vadia, ela colocou suas mãos em minhas costas, a arranhando com as unhas, senti arder, ela ia falar, mas eu a interrompi colocando meu dedo em sua boca em sinal de silêncio - Fica calada! Que eu estou no comando. - Disse e ela me obedeceu, dei um sorriso. - Se prepare pras consequências, nós dois estamos juntos e isso vai repercutir. - Tirei o dedo da boca dela a deixando livre para falar.

- Preciso de um tempo, não quero te meter em meus problemas, mas do que eu já te meti! - Me proteger? Essa função é minha!

- Não se deu conta ainda de que eu também sou um problema? - Isso a fez ficar calada, ela me olhou atenciosamente - Eu sou um problema, ainda não tão grande, mas logo serei. Já parou para pensar? - Eu quis dar aquele choque de realidade, por mais difícil que fosse.

- Eu... - Interrompi, me afastando um pouco dela.

- Não, você não parou direito para pensar. Quando todo mundo descobrir que você tem um caso com um motoqueiro que não tem onde cair morto? - Disse e ela ficou a me olhar fixamente.

- Estou decidida a entrar no inferno. - Disse com firmeza.

- Se isso te faz bem, não há nada que fazer. - Beijei sua testa.

Isabelle:

Força, é disse que preciso agora, tenho que voltar para aquela casa e ser forte para encarar tudo que estava por vir, agora tenho mais vontade de lutar, acho que Ruan me trás isso, nos despedimos e ele foi embora, eu dei aquele suspiro alto que me tirava um peso da consciência, foi um dia complicado, eu não contava com aquela cena. Por sorte, não havia ninguém na sala e pude ir tranquilamente pro meu quarto, tomei um banho e me deitei, eu não ia conseguir dormir tão cedo, começava a trocar a posição sabendo que em nenhuma delas eu ia conseguir dormir, pensava no meu pai, na traição de minha mãe, eu sei que eles estão separados, mas não faz nem dois dias que isso aconteceu e ela já estava se envolvendo com outro homem.
A única coisa boa que estava acontecendo era ele, Ruan, lembrava de suas mãos, de sua voz séria a me desafiar, antes de ir embora ele foi hilário no que me disse "- Se cuida, eu adoraria cuidar, mas não posso, então se cuide!". Esse jogo de palavras me faz ir do céu ao inferno num piscar de olhos.

Eram 00h10min e fui tomar um copo d'água, fiquei alguns minutos na cozinha pensando sentada na bancada e depois fui pro meu quarto, tinha acabado de chegar uma mensagem em meu celular, estava com o visor aceso: "Acordei você? Lamento, passando pra falar que estou sozinho, mas queria estar com você" era de Pietro. Não respondi, porque eu não sabia o que responder. Preciso esclarecer para ele que eu e ele não podemos ter nada, porque eu estou com alguém e gosto muito dessa pessoa, eu sei que isso vai chateá-lo mas logo passa.
Dormi para lá de duas da madrugada, os sonhos eram agonizantes, quase sempre se refletiam nas brigas e na separação de Hellen e do meu pai, Hellen porque ela deixou de passar imagem de mãe para mim. Eu ia jogar na cara dela que eu vi tudo, e fiz isso quando acordei, quando tomávamos café, a Anne já tinha ido para o balé.

- Bom dia meu amor. - Disse ela e eu não a olhei, minha mãe fez um papel de vadia sem consideração por ninguém.

- Nossa, pensei que seu amor fosse o macho que trouxe ontem para nossa casa. - Disse com bastante ironia em minha voz, fui muito sagaz e ela claro que ficou surpresa pelo que eu havia dito. Andar com Ruan tem me deixado mais irônica, talvez.

- Do que está falando, Isabelle?

- Não deve ter se esquecido, você estava feito uma... - Eu ia falar cadela, mas não deixei sair aquela palavra, travei.

- Eu não tenho que me esconder de minha própria filha, ou tenho? - Não faz sentido, ela acha que isso foi bom?! Ela está louca ou o que?

- Escondesse. - Ela me olhou.

- Eu estou saindo com o juiz Mariano Simões, aquele homem que estava comigo ontem, ele está auxiliando no meu divorcio com seu pai. - Por isso que ela está se dando tão bem no processo contra o meu pai. Que sujeira, me dá nojo.

- Quero ir morar com o meu pai. - Disse e ela deu uma risada alta.

- Não vai, acha que eu vou te dar pro seu pai assim? Não vou fazer nada de bom pro seu pai, você vai ser brevemente a senhorita Petrovick. - Ela que pensa.

- Não, não vou me casar, até mesmo porque eu tenho apenas dezessete anos.

- Alguém se importa com a idade? Entenda Isabelle, a cidade precisa de um casal como você e ele, que sejam do mesmo nível, bonitos e ricos, influentes e brilhantes.

- Eu não estou afim do Pietro, eu não quero ficar com ele. - Disse alto e ela me olhou me reprovando.

- Você nasceu para o luxo, e com o Pietro terá por toda sua vida. - Me veio a imagem do Ruan na mente a ouvi-la falar isto, e me veio o que ele me disse "Eu não posso te ferrar, só porque eu sou ferrado. Você é uma garota de classe alta, é muito diferente de mim, isso nos separa muito''.

- Me recuso a escutar isso. - Dei de costas e minha mãe colocava o celular no ouvido, começando a falar com a pessoa pra quem ligou.

- Pietro, aqui é Hellen mãe de Isabelle... Estou bem, estou o convidando para vir jantar esta noite em nossa casa, que bom que você vem, ela estará te esperando. - Naquele momento meu sangue esquentou, eu me virei e ela sorriu. - Já sabe, tem compromisso a noite.

Ruan:

O cara nunca sabe quando a vida vai mudar não é mesmo? Agora eu tenho uma ninfeta que me ama, eu também a amo, estou disposto a ficar com ela custe o que custar, ela quer também e isso é como um combustível para lutar por nós.
Fui para meu rancho e minha jaqueta preta de couro tinha o perfume dela, sentia o perfume e mordia meu lábio pensando em como era deliciosa, era uma ninfetinha, mas deliciosa.
Dormi perto das 00h30min e acordei cedo para ir fazer um trabalho, entregando cafés da manhã, eu odiava aquilo, mas tenho que ter dinheiro, peguei minha moto e já tinha uma lista com os endereços para entregar os cafés, todos eram de condomínios luxuosos e esses lugares me dão nos nervos. Não esperava aquele encontro, mas foi oportuno, fui entregar um café em um condomínio e acabei adentrando o mesmo elevador em que estava o riquinho que ainda faz parte da vida de Isabelle.

- Não está acostumado a apanhar, fica com os hematomas dos socos até hoje. Isso foi hilário. - Falei em tom de ironia, estava para a briga, ele buscou lembrar o meu rosto, até lembrar.

- Você ainda está cobrando pelo acidente do seu amigo? - Perguntou e eu travei o elevador, mexendo em todos os botões ao mesmo tempo, eu já tinha experiência, o elevador havia parado pelo "bug" e ele ficou bem nervosinho.

- Aquilo doeu? - Perguntei o olhando e ele tentou levar na conversa.

- Velho, na boa. Você é de um jeito e eu sou de outro, já deu dois socos em mim, e já fez vingança. - Ele pensa que em engana, mas ele quer mesmo é minha garota.

- Não, ainda não fiz nada. - Disse empurrando-o contra o espelho do elevador, quebrando parte do espelho, o barulho ficou abafado e acabou ficando mais alto, ele já tremia de medo. - E o dinheiro, parceiro? O dinheiro nunca te fez ficar mais forte não?

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora