58º Capítulo

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Eu não queria que ele soubesse do que aconteceu há pouco, afinal não é um fato de se orgulhar, eu vou esperar, Isabelle está pensando em como vai se ajustar novamente comigo. Eu não me decepcionei, isso pra mim não é nada demais, gosto de saber que ela espera coisas ruins de mim! Fiquei algum tempo tomando umas doses com Marechal, ele insistia em que eu falasse sobre minha vida:

— Me fala, qual o seu objetivo agora? Não tem nenhum? - Perguntou me olhando.

— Meu objetivo é, tomar mais whisky e correr cada vez mais rápido. - Ele ficou mais sério.

— Estou falando de verdade, Ruan. Você é jovem e mesmo que seja um garoto cheio de marra, é humano. - Eu ri do que ele disse, apesar de não ter sido engraçado.

— Cheio de marra? Que concepção péssima! Eu não quero ser cheio de marra, isso é meio moleque. - Ele não esborçou nenhuma reação.

— Eu não sei nada sobre você, sei o que sente por minha filha e que isso é sincero, mas tirando isso, nada.

— Marechal, não tenho o melhor dos passados. - Marechal continuava sério.

— Uma decepção familiar? - Eu fui sincero, ele queria que eu fosse.

— Não é uma decepção. Nunca existiu família, então não foi uma decepção familiar. - Ele ficou um pouco confuso, mas parecia entender.

— Eu lamento muito, você é um bom rapaz. E saiu pra rua, afim de deixar eles de lado?

— Quando te dizem, vá em dois dias. O que você faz? - O olhar dele ficou mais triste, eu não gosto de que sintam pena. - Então, falei bastante.

— Você só me disse que nunca teve uma família.

— Não é nada de outro mundo. - Retruquei.

— O que me mata, é que eles não imaginam o garoto que eles deixaram de lado. - Poxa, boa finalização.

— Você é um bom pai, velho! - Ele sorriu. - Estou de saída, tenho umas tretas pra resolver, nos vemos depois, Marechal.

— Então, até mais. - Eu o deixei sentado na mesa e sai.

Isabelle narrando:

Eu não posso ser tão idiota, não posso deixar as coisas correrem sem que eu faça alguma coisa pra arrumar o que eu acabo de fazer. Fabíola ficou um bom tempo tentando me confortar para que eu ficasse com a mente um pouco relaxada e eu precisava de um tempo sozinha para pensar, então fingi que estava mais calma e ela tinha que ir, eu surtei comigo mesma:

— Isso Isabelle! Isso! Mais uma burrada, né? - Disse me olhando no espelho - Eu tenho que fazer alguma coisa, eu tenho muito pouco tempo pra agir, não posso ficar quieta enquanto o mundo cai.

— Filha? - Perguntou minha mãe abrindo a porta do quarto.

— Poxa, mãe! Bate, né? - Disse e ela adentrou.

— Me desculpe querida, eu trouxe presentes pra você do shopping. - Shopping? Tinha que ser minha mãe mesmo!

— Mamãe, eu tenho roupas, eu comprei umas outro dia. - Ela me olhou.

— Mas querida, você vai viajar pros EUA, tem que estar com um bom guarda-roupa. - A olhei séria.

— Mãe, deixa as roupas ai. Eu vou no hospital, até logo. - A deixei e sai rapidamente.

Eu fui ao hospital, eu queria muito saber se Pietro tinha se recuperado, ao chegar vi a mãe dele apreensiva junto a Maurício, os comprimentei. Passei alguns minutos conversando com Maurício, até que a enfermeira disse que Pietro estava acordando aos poucos e que poderiamos entrar para vê-lo por pouco tempo. Nós três entramos, e eu fiquei mais afastada para que a família dele pudesse dar forças:

— Filho, meu amor... Eu fico tão feliz por te ver reagindo. - Disse a mãe dele sorrindo e ele mal a olhou.

— Não me sinto bem, estou enjoado. Mãe, qual o problema com minhas pernas? - Perguntou a olhando, naquele momento uma tensão se expandiu - Mãe! O que houve? - Perguntava sentando na cama.

— Calma, vou chamar uma enfermeira. - Disse Maurício saindo do quarto.

— Mãe!!! - Exclamou com lágrimas caindo de seus olhos, eu fiquei aflita.

— Olha ela. - Disse Maurício.

— Eu não consigo mexer minhas pernas, o que aconteceu com elas? Me diz! O que aconteceu? - Perguntou desesperado e eu não exitei em deixar minhas lágrimas caírem. O médico adentrou no quarto pedindo licença e antes que a enfermeira falasse ele se pronunciou.

— Força, você está temporariamente paraplégico. - Pietro começou a gritar que não, que não poderia ficar sem as pernas.

— Ajudem meu filho. - Disse ela muito aflita.

— Calma Pietro, calma. - Disse Maurício.

— COMO QUER QUE EU TENHA CALMA MOLEQUE? EU QUERO MINHAS PERNAS. EU QUERO ANDAR! - Maurício me olhou, vendo minha aflição e eu mal me aproximei, eu chorava junto à mãe dele.

— Vamos, rápido. Tranquilizem ele. - Ordenou o médico e enfermeira injetou no soro os tranquilizantes e após alguns minutos ele se deitou, um pouco sonolento.

— Isso não pode estar acontecendo comigo... Por quê? Comigo não. - Perguntava para o vazio então eu me aproximei dele.

— Pietro... - Disse baixinho e ele me olhou.

— Me deixem a sós com ela! Por favor, quero falar com ela. - Disse olhando para mim.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora