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Agora decidia ir a balada, não ia aguentar ficar naquela casa, minha mãe machucou os sentimentos do meu pai de uma forma absurda, aquele casamento iria acabar logo e não sabia o que ia acontecer comigo e com Anne que ainda é tão pequena para entender estes problemas. Eu tinha que ir à balada! Ou iria ficar louca, tomei um bom banho e me arrumei, coloquei um vestido rodado preto, com um comprimento que ia até o meio da coca e um sapato não muito alto branco com detalhes pretos, soltei o cabelo e passei um batom vermelho para contrastar com o visual p&b.

Liguei para a Fabíola apenas para avisar que sim, que eu iria. Já 21h40min quando o mordomo me avisou que Pietro já estava me esperando, peguei uma bolsa pequena e caminhei até o seu carro, logo fui adentrando:

- Vamos à casa de Fabíola. - Disse o olhando e ele me olhou do pé até a cabeça.

- Você está magnífica, Isabelle. Vamos! - Ele seguiu pelas ruas que direcionavam à casa de Fabíola.

Passamos na casa de Fabíola e também de algumas amigas em comum entre eu, Mauricio e ela. Chegamos exatamente às 22h e todos desceram do carro, Pietro ficou me esperando para poder entrar no ambiente e as outras meninas foram antes. Eu estava exteriormente bem, mas por dentro meu coração apertava mais a cada segundo, era difícil fugir de uma realidade existente:

- Quero que seja uma noite inesquecível. - Falou Pietro com aquele velho sorriso que misturava segundas intenções e meiguice.

- Vamos ver. Quem sabe não é. - Adentramos juntos.

Eu tentei, juro que tentei dançar com Pietro e fazer aquela noite ser inesquecível e divertida, mas não pude. Minha mente estava completamente bloqueada para tudo, o deixei dançando e fui até o balcão principal, onde as bebidas eram servidas, era uma bancada extensa e havia algumas pessoas bebendo ali, nunca pensei que iria sentar ali e pedir algo para beber, até pedir. Pedi um copo com tequila e a mais forte que tivesse no estoque, foi estranho, até o próprio garçom achou uma atitude suspeita e perguntou "- Tem certeza que vai pedir este tipo de bebida, senhorita?", respondi com "- Tenho e muita". Pedi vários outros copos, começava a ter sentir meu corpo amolecer, minha cabeça rodar como se o meu juízo fosse pular e o peso que estava dentro de mim ia diminuindo aos poucos.

Ruan:

Aquela noite ia ter uma comemoração devido a vitória na corrida da noite anterior e também para que eu pudesse me distrair depois de tantos fatos ao mesmo tempo, tem sido dias de luta. Escolhemos uma balada onde o público era da elite, que teria como atração a apresentação de uma banda regional chamada "Mercúrio", com certeza não era grande coisa, mas música sempre é bom.
Todos trajados em preto e com jaquetas de couro, escolhi uma jaqueta que era de couro marrom e em seguida peguei a minha moto, chegamos por volta das 00h40min, ao entrarmos podíamos perceber pelas pessoas dali que só tinha elite, como o imaginado, fomos até umas das mesas e nos sentamos, todos nos olhavam com medo e isso já incomodava alguns de nós, eu já nem ligava, porque eu sempre soube que ia ser assim:

- Por que nos olham como se estivéssemos roubando algo? - Perguntou Mike.

- Topam fazer um "strike"? - Strike significa assustar. Propôs Rick.

- Não, melhor não. Acabamos de chegar.  - Disse Peralta e Mike deu uma risada.

- Não vou deixá-los só olhando, vou dar o que eles estão esperando. - Falou Mike e eu toquei o braço dele apertando.

- Não sacrifique todos por você. - Disse o encarando e ele hesitou.

- Vão deixar eles assim? - Perguntou a mim, e eu peguei o copo que bebia uísque e derramei todo o conteúdo.

- Não estou nem ai pro que eles vão pensar. - Falei e Mike tomou a voz.

- Eu não sei vocês, mas eu vou. - Mike agora saiu e sem olhar para trás, então Peralta me olhou com raiva.

Mike colocou algumas bombas pelo ambiente, como uma criança travessa faria, aquelas bombas eram usadas em corridas para que a largada fosse mais significativa, isso nos aborreceu, mas não tínhamos muito que fazer, as crianças precisam de diversão.
As bombas apenas faziam fumaça, não eram perigosas, mas em um lugar fechado poderiam parecer e assustaria quem estivesse. Assim que começou a fumaçar todos acharam que algo estava a queimar e começaram a sair do salão, sem muita pressa, estavam todos bêbados, eu e Peralta fomos os únicos que ficamos quietos assistindo aquilo e não sentia a mínima vontade de rir com a situação. Algumas pessoas foram embora, a balada estava praticamente vazia, Mike e Rick riam e logo deixaram o bar.

Ficando apenas eu e Peralta, alguns dos empregados limpavam a bagunça e estavam aborrecidos com o prejuízo dado:

- Vou lá fora, vou dar uma lição neles. - Falou Peralta e eu afirmei que sim com a cabeça.

Fiquei ali, pensativo tomando algumas doses, nada demais. Não queria ficar bêbado, já me sentia entediado e antes de sair passei pelo balcão e vi uma garota debruçada, não acredito que alguém desmaiou de medo.
O Garçom me viu a olhando e deu uma risada:

- Tem jeito? Esse povo vem pra festa e quando chega toma tanta bebida que fica assim. - Eu não sorri, mas havia concordado - Acorda moça! Bora! Acorda! - Balançou-a e ela acordou, porém estava muito confusa.

- Já estou em casa é? Aí! Minha cabeça dói, acho que vi fumaça, tocou fogo na minha casa? - Reconheci aquela voz, não poderia acreditar que era Isabelle, o que aquela menina fazia ali? Daquele jeito? Ela me olhou.

- Menina vá embora, você tem que ir pra casa. - Disse o tal garçom. Ela novamente olhou para o garçom, fiquei a olhando, estava completamente desconsertada.

- Embora? Não, eu odeio minha casa, odeio meus pais, eu odeio as brigas deles. - Ela tentou sair do banco em que sentava e acabou se debruçando no balcão pela falta de equilíbrio.

- Não posso acreditar, malditos marginais, malditos! Olha só isso... São bombas bobas de festas. - Disse um segurança ao garçom e eu ouvi aquilo, mas não tive reação nenhuma, ia dando as costas, quando escutei um barulho e virei, ela tinha caído no chão, caiu de olhos fechados, eu virei novamente para sair do salão.

- O que vamos fazer com ela? Colocá-la no jardim? - Disse um segurança e eu virei.

- Não, eu vou levá-la. A conheço, e vou levá-la. - Falei indo até o corpo dela me agachei e a coloquei em meus braços, agora caminhava com ela adormecida enquanto a seguro.

Não sei se fiz a coisa certa em levá-la, mas deixá-la ali eu não poderia, seria muito covarde da minha parte. Assim que sai do salão vi que quase todos tinham ido embora eu não sabia para onde levaria aquela garota, Peralta foi o único a me ver com ela nos braços, ela dormia, estava mole.

- Mano, pra onde vai com essa menina? - Perguntou me olhando e eu revirei os olhos.

- Não sei, Peralta. Vou dar um jeito de deixá-la em um lugar seguro.

- Você está ficando louco, mano? Ruan essa menina é rica. - Falou ele e eu dei as costas.

- Não vou deixá-la como um saco de lixo por ai, ela vai comigo. - Eu tinha que deixá-la em algum lugar seguro.

Andei algumas quadras, e esperei um pouco, olhei pros olhos dela e estavam fechados, com alguns segundos abriram, mas mal abriram, ela tinha tomado um porre feroz. Ela colocou seus braços em volta do meu pescoço e deu um sorriso:

- Vai me levar pra longe dos meus pais? - Perguntou e eu não sabia bem o que responder.

- Não é a minha intenção, mas sei que é o que você quer. - Falei e ela retirou os seus braços que estavam entrelaçados em meu pescoço.

- Então me solta, eu não vou nunca mais pra minha casa. - A soltei, e ela tocou meu braço.

- Pra onde eu vou te levar? - Perguntei a ela.

- Não sei, só não me deixa ir pra casa dos meus pais, eu não vou aguentar. - Apesar de bêbada falava como se temesse ir pra casa, ela devia ter tido algum problema com os pais e por isso estava rejeitando tanto ir para casa.

- Está muito bêbada, do jeito que você está não vai saber nem onde mora. Vai cair na primeira pedra que tiver no caminho. - Disse e ela se sentou naquela calçada, estávamos a beira do asfalto. - Vai sentar ai?

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora