Isabelle:
— Não... Nunca tinha estado em nenhuma corrida. Isso é novo para mim. – Falei rindo e Ruan me olhava.
— Garotas como você não sabem de nada mesmo. – Disse em um tom mais sério, mas logo deu um sorriso, eu não saberia explicar o quanto aquilo estava sendo perfeito, estávamos em um lugar que nunca tinha ido, era tão sensacional estar naquele ambiente, dava vista para toda a cidade, era bem alto. – É bem tarde, são 02h30min.
— Desculpe ter atrapalhado a sua corrida, mais uma vez. – Retruquei e ele me olhou abrindo um sorriso cínico.
— Acho que você gosta muito de fazer isso ninfenta.
— Sim. – Ele sorriu.
— Não queira repetir a dose, as coisas podem ficar sérias demais. – Agora ficou sério de vez, logo se levantou, fiquei sentada e pensei nas palavras dele, sim, ele tinha razão.
— Eu sei, lamento por nós. – Olhei para a cidade, pensativa.
— Lamente por você, não por mim. Não há nada que me prenda. – Era grosseiro como de costume.
— Agora eu quero ir pra casa, vai, me leva. – Disse e ele me olhou.
— Aqui não é o que você quer, não há leis. – Me encarou.
— Eu não sei onde estou se não eu ia só. – Disse e ele subiu na moto.
— Acho que deixo você subir na minha moto, eu disse que acho! – Me enraiveci e subi na moto, aquele momento estaria guardando na minha memória.
Fui para casa, me despedi dele apenas com um "— Até quem sabe!", fui pro meu quarto em passos lentos, não queria acordar ninguém, e consegui. Assim que cheguei deitei na minha cama, e fiquei olhando para o teto do quarto pensando no que havia acontecido naquela madrugada. Foi inexplicável, Ruan me fez feliz por alguns minutos, mesmo sendo um maldito cara inconsequente.
Tomei um banho e procurei dormir. Acordei com o meu pai me chamando, achei muito estranho, meu pai não me acordava nunca, não que eu me lembre.— Pode entrar! – Falei abrindo os olhos com bastante dificuldade, eram 09h30min. Ele abriu a porta.
— Desculpe te acordar, mas preciso muito falar com você. – Abri os olhos por completo e ele já tinha adentrado o quarto.
— Pode falar. – Me sentei, encostando minhas costas na cama.
— Sua mãe e eu já decidimos que vamos nos divorciar.
— Olha, eu não vou fazer um alarme por isso, eu estou cansada das brigas de vocês... Acho que vocês estão... – Retruquei olhando para ele.
— Eu sei, desculpe pelas cenas de discussão que presenciou, eu e sua mãe não vamos mais ficar bem, juntos não há mais possibilidade, chegou a um ponto que não há remédio. – Ele estava triste, ele se sentia desapontado, com certeza era difícil deixar que o fim chegasse a algo que um dia lhe foi bom e que esteve tantos anos em sua vida.
— Eu sei pai, mas a culpa não é sua, nem é dela, separações de casais acontecem todo o tempo. Só acho que vai ser difícil para Anne, ela é tão criança para entender. – Meu pai me olhou.
— Sua mãe já falou os advogados e deu início, ela está se preocupando com as fofocas nos jornais e revistas, mas eu estou preocupado com você e com Anne. Para Anne, vai ser muito complicado e é isso que eu temo.
— Pai, estou aqui, sempre e vou ajudar a fazer Anne entender, do melhor jeito possível. – Sorri, beijando a bochecha dele.
— Vou sair, vou consultar um advogado, obrigada por tudo, Isabelle. – Sorri e meu pai caminhou saindo do quarto, fui para o banheiro tomar banho.
Tomei um banho, foi um banho rápido, logo desci para tomar café e somente estavam os empregados, o clima de tensão poderia ser sentido desde a porta de entrada da casa. Tomei café e fiquei no sofá sentada, mas havia esquecido de checar meu celular, então fui buscá-lo. O telefone da sala começou a tocar.
— Será que ninguém pode atender o telefone? Pra que eu pago esses empregados? – Falou minha mãe acabando de entrar dentro de casa.
— Bom dia Pietro, claro que está, mande um beijo para todos na sua casa, estou muito feliz por vocês, apoio a relação de vocês, vou chamá-la. – Eu já descia as escadas e escutei as bobagens que ela soltava, a olhei com raiva.
— Eu sei, é Pietro, né mãe?! Não precisa ser expert para descobrir. – Disse irritada e ela nem se importou, me ignorou completamente.
— Venha atendê-lo. – Peguei o telefone com raiva.
— Oi Pietro. – Minha mãe ficou na sala para escutar a conversa. Credo!
— Oi linda... Como está?
— Estou bem, por que ligou pro telefone e não pro celular? – Minha mãe me olhou enraivecida com o que tinha acabado de falar.
— É que meu celular acordou com problemas de área, está sem sinal. Me desculpe.
— Sem problemas, e você como está?
— Estou ótimo, vou dar uma festa hoje em meu novo apartamento. Você está convidada! Ou melhor, mais que convidada.
— Obrigada, vou ver, certo? Tenho que desligar.
— Está certo, minha linda. Te espero! – Desliguei.
Pietro:
Será que a Isabelle realmente é difícil assim ou só se faz? Porque ela nunca me dá uma resposta certa, não vou desistir, eu não desisto fácil. Aliás, vou ligar pras amigas dela e chamá-las para irem, ganhei um apartamento que o meu pai já tinha comprado a algum tempo, com certeza eu iria morar sozinho e poder fazer o que eu quiser do jeito que eu preferir, nada melhor do que liberdade, liguei pro telefone da casa dela, e acabei tendo certeza que a mãe dela que me quer como "GENRO", não que eu não soubesse, e é claro que sim, para ela o que importa é que haja um seguro de vida, e não está dando importância se até a filha oferece.
Ruan:
Fui pro meu rancho assim que a levei para casa, ela realmente aproveitou aquela noite para conversar e tirar alguns dos fardos que carregava nas costas, mas é louco pensar que uma menininha burguesa estava contando seus problemas para eu, um motoqueiro, sinto que era só o começo, mas seria mesmo?
Cheguei ao meu rancho rapidamente e fui tirando o coturno preto, tirei a jaqueta e coloquei um pouco de uísque em um copo, tomei a dose de uma vez e abri um sorriso um pouco cafajeste, não era uma má ideia ter convênio com aquela ninfeta, havia coisas boas naquilo.
Dormi um pouco depois, antes tomei um banho, acordei às 07h00min e fui fazer algumas favores para ganhar algum trocado como sempre, precisava acertar minhas contas com Peralta.
— Fala ai, cara. – Ele me cumprimentou e eu o olhei.
— Fala, Peralta. O que manda? – Já sabia o que ele iria questionar. Isso era tão previsível.
— Não precisa negar, essa garota e você... Não é por nada, mas isso é como chamar confusão. – Disse em tom sério e eu o encarei.
— Não estou nem ai, se teve começo, que tenha fim, eu não temo nada. Não estou fazendo nada demias. – Afirmei e ele baixou a cabeça.
— Ontem deu furo no racha, e sabe que vai ter que dar uma boa grana pra Gangue Thug. Nós queríamos que corresse. – Disse, olhei pros lados. Sabia que teria que acertar as contas com os Thug.
— Eu não vou dar uma grana a eles. Prefiro marcar uma outra corrida, fazer o impossível para ganhar e pronto.
— Está brincando? Sabe muito bem que se não ganharmos, nós nos foderemos em dobro. – Olhei pra parede.
— Eu vou apostar um tudo ou nada com Lexy. – Lexy era como o líder dos Thug.
— Mas... Lexy é campeão a quase vinte anos! Você não tem chance, ou melhor, nenhum de nós tem chance.
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Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)
RomanceAs diferenças gritavam entre os dois, enquanto ela era o acerto dele, ele seguia sendo o erro dela. Ruan é um motoqueiro acostumado com as ruas e os desafios duros da vida, conseguindo tudo com muito esforço. Enquanto Isabelle é a primogênita com um...