31º

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Queria muito que ele ligasse, ou me mandasse uma mensagem, queria que ele se comunicasse de qualquer forma. E o pior é que ele mandou eu não procurá-lo, meu celular começou a tocar e era Pietro:

— Oi Pietro.

— Que bom que atendeu, eu queria muito falar com você, não sabe como estou entediado... Você está bem?

— Bem, bem, bem não. Mas estou viva.

— Algum problema?

— Vários, mas não vou te aborrecer com isso, você já tem muito problema para se importar com os meus.

— Não fala assim, para mim é um prazer ouvir me contar o que te deixa mal, você sabe que eu me importo muito com você, Isabelle. - Ouvir aquilo, me fez sorrir.

— Obrigada, você é um amor de pessoa.

— Eu pensei em te chamar para vir aqui, mas é muito tarde e você não pode vir, não é? - Realmente é tarde.

— Amanhã na parte da manhã eu vou te visitar. Certo?

— Claro! Eu vou adorar vê-la, linda. Vou esperar você. - Nos despedimos e eu desliguei.

Ruan:

Fiquei tomando whisky e pensando em tudo o que se passava em minha vida, lembrando dos traços tão delicados e perfeitos de Isabelle, suas mãos pequenas e quentes me faziam fechar os olhos de vontade. Aquele perfume doce me ascendia por completo! Não tinha dúvidas do quanto a queria comigo.

Quando voltar eu vou começar o círculo infernal com a mãe dela, até ela parar de encher o saco de Isabelle. Pietro também vai ter sua sentença de morte, NINGUÉM MEXE COM AMIGO MEU, NINGUÉM!

Pietro:

Eu tenho que dar uma de amiguinho para ela e isso é a coisa mais idiota que eu já fiz, mas não tem sido uma opção ou não agir como imbecil para agradar ou conseguir Isabelle, hora ou outra eu vou conseguir ter ela e o motoqueiro babaca vai dançar me vendo com ela.

Assim que o dia amanheceu eu acordei cedo para organizar tudo para a vinda de Isabelle, por volta das 9 h ela chegou:

— Oi Pietro, fico feliz por que você está melhor, você superou rápido o assalto. - Disse sorrindo meigo, ela era extremamente delicada.

— Entra, por favor! Eu tinha que superar, afinal... Estamos em uma cidade e se corre esse risco. - Ela adentrou e eu para dar uma de vítima sentei no sofá fingindo que ainda sim sentia dores.

— Você ainda sente dor né? Olha, vocês já falaram com a polícia sobre o que aconteceu? - Claro que não, eu que vou fazer mal o motoqueiro, virou uma questão além da honra.

— Prefiro não falar nada. Não quero que isso saia na boca de todos, afinal posso acabar comprometendo minha família e até meus amigos. Essas coisas são perigosas demais. - Ela sorriu.

— Bem, obrigada por ser como você está sendo. - Agora ficou séria - Eu estou vivendo uma fase complicada e é bom saber que eu tenho alguém que tente me fazer sorrir. - Eu toquei seu rosto, mas rapidamente tirei minha mão.

— Você merece além disso! E como está seu relacionamento com... é...

— Com o Ruan?

— É, é que eu não conheço por nome, afinal nunca vejo esse sujeito. Já conseguiu encarar sua mãe? - Ela baixou a cabeça como se lamentasse.

— Todos os dias eu tento encarar ela... e é sempre um conflito a mais. - Ela levantou a cabeça, mal me importava aquilo, mas eu quero que ela confie em mim. É importante que confie.

— Não posso negar que Ruan é complicado demais.

— Não vamos falar disso, não quero encher seu saco com isso, acho que você merece dar risada e conversar sobre você, mocinho. - Eu ri.

— Gosto muito de conhecer sobre Isabelle, a garota que tem várias histórias.  - Ela riu.

— Como é morar sozinho? Sempre quis, mas acho um pouco impossível.

Começamos a jogar papo fora, conversamos sobre diversas coisas e ela me perguntou como eu tinha conseguido mudar tanto e como um bom menino eu respondi que foi por minha família e por as pessoas que merecem, acho que ela está ficando confiante de que eu sou um bom amigo. Nos despedimos e eu a levei para casa por volta das 14h.

Ruan :

Passei o dia planejando como faria para levar daquele Centro de Espera o Léo, e já tinha em mente o que faria para que se tornasse fácil a saída dele. Peralta já estava a caminho da capital junto a Marrom, anoiteceu e eles só chegaram por volta das 23h. Eu lhes informei sobre o que iríamos fazer de manhã e eles concordaram, não dormimos esperando as 2h da madrugada apontarem para colocarmos em ação a liberdade de Léo daquele depósito de pessoas. Eu e Peralta pulamos o muro enquanto Marrom ficou vigiando a entrada principal, com bastante sutileza em cada passo dado, eu e Peralta achamos uma janela quase aberta, a quebramos com um pé de cabra.

Quando adentramos a escuridão tomava de conta, por sorte estávamos com uma lanterna nos bolsos e em um quarto com três camas pequenas, pois era quarto infantil. Não havia um pé de pessoa naquele lugar, foi fácil para nós, já fizemos isso muitas vezes, não pela mesma causa, mas para causas bem mais inúteis.

Ao chegarmos onde Léo estava fomos rápidos, carregamos ele até a recepção e uma moça estava, era a mesma recepcionista da manhã, pedi para Peralta aguardar alguns segundos, estava na hora de colocar ela para dormir, sutilmente fui andando até ficar por trás dela que sentada escrevia em um caderninho:

— Você realmente não tem medo de nada. - Neste momento ela virou-se pálida, acho que se assustou muito.

— O que está fazendo aqui?! Neste horário... - Eu tirei do bolso o pé de cabra.

— É hora de ficar calada, senhorita. - Ordenei e ela enchia os olhos completamente assustada, minha vontade de rir era imensa.

— Vá embora, vá embora! A polícia vai te levar. - Disse e eu não evitei rir da cara dela.

— E eu vou mesmo, mas só daqui a pouco.  

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora