Isabelle narrando:
Acordei com minha mãe desesperada na porta do quarto, o que ela queria? Batia com força. Gritando o meu nome, fui praticamente rastejando até a porta, a abri e ela entrou no mesmo segundo:
— Filha! Filha! Aconteceu uma desgraça. - E acho que ela falava sério.
— O que houve? Qual é o problema? Ai! - Eu comecei a me agoniar com o desespero dela.
— O Pietro... O Pietro...
— Nossa! O que houve com ele?
— Um incêndio no apartamento dele. Um incêndio. - Que?! Um incêndio? Abri os olhos de vez e eu senti tristeza, afinal Pietro era meu amigo e se importava comigo.
— Meu DEUS! Que horror, e ele está vivo? Como ele está?
— Eu só sei que o levaram para a UTI, ele quase morreu asfixiado. Filha, vá pro hospital Edgar Moura e eu vou visitar os pais dele. - Eu concordei e adentrei o banheiro.
Tomei um banho rápido e vesti qualquer roupa, aquela notícia tinha sido um choque, afinal... Semana passada foi um assalto e agora um incêndio, e se esses fatos coicidirem? Cheguei ao hospital e o irmão dele estava na recepção:
— Maurício... - Ele me abraçou, lacrimejando, era lamentável.
— Ele está a um fio da morte. - Sussurrou em meu ouvido e eu comecei a chorar.
— Sabe como esse incêndio começou?
— Esse incêndio, foi provocado. Cara, alguém quer matar o Pietro, só pode. - Era tudo muito confuso, muito suspeito.
— Sabe o Pietro tem sido um ótimo amigo para mim, ele... me ajuda nos momentos mais difíceis, eu não quero que aconteça nada ruim com ele. - Maurício me olhava.
— Pietro quer te ter perto dele. - A seriedade de Maurício, deixou em mim um ar confuso.
— Eu também gosto dele, ele é... ótimo. - Maurício baixou a cabeça e eu me sentei, completamente nervosa, trêmula.
— Pietro está na terapia intensiva, ele não teve queimaduras, mas passou muito tempo respirando a fumaça, e isso o afetou gravemente. Seu sistema respiratório se comprometeu. - Maurício levantou-se.
— E... Já podemos vê-lo? Queremos saber como ele está! - A enfermeira abominou a ideia.
— Fiquem calmos e tenham fé, neste momento é disso que ele precisa. Ele está em más condições. Só poderão vê-lo se ele melhorar. - Ela nos deixou frustrados.
— Isso tudo é suspeito demais. Primeiro ele é surrado e agora... tentaram matar ele. Ele só sobreviveu porque... não sei, não era seu dia de morrer.
— Temos que ter fé, ele vai ficar bem e ele vai falar o que realmente aconteceu.
Ruan narrando:
Agora sim, me sinto mais vingado, ele pagou pelo que fez com Léo, e por querer minha garota. Mesmo que eu não seja o certo pra ela, eu sei que ela não é certa pra ele, muito satisfeito e afim de tomar um café quente para suprir o frio intenso da cidade, fui a um café do subúrbio e para minha surpresa, o garçom era nada mais nada menos que o meu sogrinho:
— Como a vida é irônica, senhor... Aqui estamos! - Eu dei um sorriso cínico, talvez não tanto.
— Rapaz, você me deve uma conversa! Tenho que falar com você. - Ele me olhou e eu também queria conversar com ele.
— Quer que eu faça um convite formal para que sente? - Ele tirou o avental e se sentou.
— Sabe qual o objetivo principal... Eu quero saber o que tem com Isabelle. - Eu ia jogar na mais verdadeira peça.
— Acho que não é justo que começamos isso, falando as minhas intenções com ela, vamos falar de homem pra homem, eu não sou garoto que esperava pra ela, estou consciente.
— Se tivesse uma filha ia querer o mesmo que eu quero pra ela. - O encarei.
— Não sabe o quanto eu gosto dela, não tem ideia da dimensão do meu sentimento pela sua filha, mas não é isso que interessa pra os pais, é claro... Que um rico de família significante seria melhor.
— Ela te ama, e isso basta. Se a ama, eu não tenho nada mais a falar, só uma coisa, rapaz!
— Faça ela feliz! Era isso que ia me falar? - Ele confirmou as minhas deduções.
— Isabelle é a melhor filha que alguém poderia ter. - Sua filha é...
— Não estou mais com ela. - Eu tentei evitar uma emoção, mas aquilo me deixava quebrado.
— Por que terminaram?
— Eu sei que estar com ela, trouxe dificuldades. Se ela quiser, lute também pela causa. Me entenda como homem.
— Eu não sei, as dificuldades iriam surgir, isso era obvio.
— Mas quando elas surgiram, Isabelle caiu, ela não gosta do que atualmente vive, vou deixá-la escolher, é melhor assim.
— As mulheres são intensas. - Eu dei um sorriso irônico.
— Falou o cara que se casou com a mulher mais interesseira do mundo. - Isso o fez se sentir afetado.
— Não ache que pode falar o que quer. - Lançou e eu o olhei.
— Jogue as cartas, não disse pra agulhar, falei por falar. - Ele se levantou.
— Foi uma boa conversa...
— Ruan. - Ele deu um sorriso de lado. - Meu café amargo. - O lembrei do pedido feito anteriormente.
Isabelle narrando:
Fiquei até as 15 h e não teve jeito, ele não teve nenhuma melhora. Deixei o hospital e fui em casa, tomei um banho demorado e fui comer alguma coisa. Logo depois minha mãe chegou e eu tentei fugir dela, infelizmente ela foi até o meu quarto:
— Admiro que tenha ficado até agora esperando alguma notícia de Pietro. - Eu a olhei.
— Sério? Eu faço isso pela minha amizade com ele, que se tornou forte. Pela minha amizade. - Repeti para deixar claro o que realmente existia entre nós dois.
— Fico feliz que tenha uma amizade saudável, você vem me surpreendendo com boas escolhas. - Ela sorriu e eu apenas me deitei.
— Estou cansada. - Ela me deixou sozinha.
Não demorou muito tempo, em menos de um minuto comecei a chorar. Tantas coisas e em tão pouco tempo, me faziam esse efeito. E quando fechei os olhos, foi inevitável não vê-lo:
"— Eu quero ajudar você, do meu jeito! Isabelle, quero mostrar que você não está só. Eu vou fazer isso."
"— Ruan nunca, nunca, se interessou tanto de alguém como se interessa por você. - Aquilo me fez baixar a cabeça e chorar."
Mas, o que gritou me fazendo estremecer foi lembrar "— Elas vão ficar, a partir de agora, é cada um pro seu lado. Volta pro seu castelo, mimada."
Doeu muito, aquela última frase se repetia várias vezes e quando eu tentava não lembrar, ela sussurrava. Fiquei alguns minutos chorando, eu tinha vontade de ligar pra ele e dizer que eu as coisas ficam piores sem ele, não posso fazer nada e é isso que está me quebrando. Tenho que agir, e é isso que eu vou fazer, vou até ele, vou lhe enfrentar, como a primeira vez! Sem medo, Isabelle! SEM MEDO!
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Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)
Roman d'amourAs diferenças gritavam entre os dois, enquanto ela era o acerto dele, ele seguia sendo o erro dela. Ruan é um motoqueiro acostumado com as ruas e os desafios duros da vida, conseguindo tudo com muito esforço. Enquanto Isabelle é a primogênita com um...