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— Por que acharam que as ações de vocês não iam ter reações? – Me perguntou com o mesmo tom de voz sério.

— Não foi uma opção. – Disse baixo e ele apertou meu queixo.

— Se não foi uma opção, por que o infeliz que tava com você avançou sobre a moto dele? Hein?! E não me diga que foi sem intenção.

— Porque estava muito bêbado. – Afirmei e ele soltou meu queixo e se afastou um pouco pensativo.

— Você veio justificar os erros dele? Por que ele não vem e me encara? Por quê? – Perguntou.

— Porque Pietro não é capaz de vir aqui e te enfrentar, você vai bater nele, se ele for agir vai ser pelas escondidas e ele deve ter ficado com medo depois do que fez com ele. Seu amigo deve estar muito mal, e eu entendo que queira se vingar, mas nenhum de nós tem a culpa pelo o que aconteceu. – Falei agora em um tom de justiça, o motoqueiro havia se acalmado, pelo menos pareceu quando ele sentou-se em uma caixa de madeira que ali havia. Eu estava impressionada com tudo, mas preferi dar as costas e ir embora.

— Espera, menina. – Falou ele e eu olhei para trás – Cuidado com quem se mete. – Disse de longe deixando um ar de suspense, eu com certeza ia obedecer. Não quero me meter em algo desse tipo nunca mais.

— Não se preocupe, não faria isso outra vez. – Disse num tom de voz alto e sai de lá.

Fui para casa completamente pensativa, eu acho que fiz a coisa certa, foi ruim, mas me livrou de uma barra, me lembrava todo momento de quando ele ganhou aquela corrida, da forma que ele comemorou sua vitória, mil confusões em minha mente e uma voz falando "— Você vai ficar bem Léo" me impressionava mesmo sem querer. Quanta irmandade.
Pedi para ir para casa, porque eu precisava ficar sozinha e refletir um pouco, fui deixada por um táxi e entrei da forma mais sutil dentro de casa, fui para o meu quarto rapidamente, tranquei aquela porta e cai na cama de imediato. Acabei dormindo rapidamente. Acordei às 09h30min com a minha mãe a me chamar, tomei um banho e fui tomar café, meu pai estava sentado e já terminava o seu café da manhã:

— Bom dia pai. – Ele sorriu.

— Bom dia, querida. Não dormiu na casa de sua amiga? – Perguntou me olhando e não tinha pensado em uma boa desculpa, não se ia ser aceitável, mas foi o melhor que eu pude inventar.

— É que eu esqueci de levar um pendrive com alguns modelos de roupas para Fabíola escolher e achei melhor vir buscar, mas deu vontade de ficar em casa, senti preguiça. – Sorri e minha mãe chegava à sala de jantar.

— Preciso de dinheiro, Marechal. – Falou minha mãe e eu baixei a cabeça com aquela frase, minha mãe adorava falar aquela frase, por outro lado meu odiava ouvi-la.

— De dinheiro? E sua conta? Eu depositei muito dinheiro há alguns dias atrás. – Minha riu alto, em tom de provocação, aquilo fez o sangue me meu pai esquentar.

— Eu gastei com as roupas para Anne. – Meu pai deu dois leves socos na mesa, logo foi levantando.

— Gastou tudo?! Mas tinha uma quantia enorme! – Continuei de cabeça baixa, ia começar a confusão deles. Mais uma vez na hora do café da manhã.

— Quantia? Você chama aquela mixaria de quantia? Minhas filhas não vão andar feias por ai, repetindo roupas, maltrapilhas! – Gritou minha mãe e Anne estava observando da sala, eu vi e ela olhava atenciosamente.

— Dinheiro só rende se você investir mais do que gasta, Hellen. Estou cansado de sua falta de senso, do seu comportamento infantil. – Disse meu pai.

— Falta de senso? Eu sou a sem senso agora?

Não tomei café, eles discutiram até meu pai ter que ir trabalhar, não sei onde eles iriam parar, mas aquilo estava insuportável.
Peguei uma bicicleta que estava na garagem e fui andar um pouco, fazia muito tempo que eu tinha feito aquilo, andar na "bike" me recordava muitas coisas da infância.
Ainda não tirava da cabeça as cenas de ontem, aquilo tinha me marcado.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora