SEASON 2 - Capítulo 3 - Riscos

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— Dia cinco tentando entender o motivo de a Kasaki estar levando uma caneca de terra pendurada na sua bolsa. — A voz de Jean vinha de alguns passos atrás de mim.

— Dia cinco ignorando o Jean e dizendo a ele que não é da conta dele. — Falei alto o suficiente para ele ouvir.

— Talvez seja um feitiço. — Agora a voz era de Connie.

— Acho que é algum remédio, ela só vomitou uma vez de ontem pra hoje. — Eren deu de ombros.

— Homens... Poderiam ser batatas, ou pães — Sasha resmungou ao meu lado.

— Mas em? — A encarei.

— Sei lá, estou com fome. Ainda bem que estamos chegando. — Ela lançou um olhar esperançoso em direção ao grande portão, que podíamos ver ao horizonte.

Levi, Mikasa, Armin e os soldados de Hange estavam alguns metros a nossa frente, e Historia seguia perto de mim e de Sasha.

— Estou com sono. — Suspirei.

— Você acordou não tem nem duas horas, Kasaki. Deve estar doente mesmo... — Sasha cerrou os olhos.

A caneca fora amarrada a minha mochila, e eu havia garantido que ninguém chegasse perto o suficiente para ver se havia algo germinando ali, nem mesmo eu. Mas a cada minuto, estávamos mais perto de Trost, e consequentemente mais perto de Levi pedir para analisar o recipiente de cor acinzentada. Decidi que iria me certificar de olhar primeiro, fosse qual fosse o resultado, eu poderia tomar uma decisão sozinha, se houvesse necessidade.

— Andamos tanto esses dias que meus pés já criaram novos pés. — Connie reclamou.

— O que me desola ainda mais é saber que provavelmente não teremos nem um tempinho de descanso quando chegarmos lá. — Sasha suspirou

— E quando foi que nós tivemos algum descanso? — Jean revirou os olhos, o olhei sobre meu ombro e ri.

— Não sei, mas eu sinto que agora a coisa está feia de verdade, talvez esteja pior do que o que já passamos. — Sasha encarou seus pés.

Senti uma onda de ansiedade se alastrar por cada milímetro de meu corpo, além dos problemas corriqueiros e fatais, eu me via presa a um dilema ridículo. Levi lançou um rápido olhar em minha direção, e senti minha barriga doer.

Mais algumas centenas de metros andando, meu estômago parecia estar competindo com o de Sasha para ver qual conseguiria roncar mais alto. Todos nós sentíamos fome, mas nenhum se atreveria a pedir para o capitão parar, ele havia dito mais cedo que aquela seria nossa última pausa, então andaríamos por mais algumas horas ainda até chegar a Trost, sem descansos.

— Ah Deus, eu vou morrer. — A cabeça de Sasha pendeu para trás.

— Exagerada. — Connie pigarreou.

De repente um estalo pareceu iluminar minha mente, eu havia guardado algumas fatias de pão em minha bolsa, como uma reserva de emergência, já que eu estava vomitando a maioria das coisas que comia, era importante ter algo extra para repor.

— Espera Sasha, eu me lembrei que tenho comida. — Avisei, e então sem parar de andar, movimentei a mochila para a frente de meu corpo.

De relance, vi um pequeno ponto verde sobressaltar-se do montinho de terra. Travei por um segundo, tentando focalizar minha visão na caneca para ter certeza do que estava vendo, cerrei os olhos, e senti meu coração parar de bater em meu peito, quando reparei que de fato havia um pequeno brotinho surgindo ali. Meu coração disparou em meu peito, e lancei um rápido olhar em direção a Levi, que felizmente continuava andando.

Shingeki no Kyojin - Caminhos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora