Naquele dia tão esperado, a atmosfera pesada pairava sobre nós enquanto nos preparávamos para mais um passo rumo ao desconhecido, um caminho que muitos encaravam como uma jornada em direção à morte iminente. As cicatrizes das batalhas anteriores já se faziam marcantes em grande parte de nós, transformando-nos em seres desprovidos de temores e ansiedades, mas repletos de determinação e uma estranha calma.
O cronograma do dia incluía uma pausa para almoço, seguida pela movimentação para a cidade e o laborioso processo de transportar todos os equipamentos para a muralha, incluindo os imponentes cavalos que nos acompanhavam fielmente. Entre os itens a serem transportados, estavam também as novas armas secretas, conhecidas apenas por poucos indivíduos, devido ao risco de revelar sua existência ao inimigo. A desconfiança permeava nossos pensamentos, pois a certeza de um infiltrado entre nós era quase palpável.
Meus passos determinados me levaram para fora do quarto, onde fui interceptado por Moblit, que me informou da espera do Capitão Levi em seu escritório. Um misto de ansiedade e apreensão se misturava enquanto me aproximava da porta, antecipando o diálogo iminente com Levi. A tensão se intensificou, imaginando as palavras que o Capitão usaria para tentar persuadir-me a manter distância da missão, especialmente dos olhos vigilantes da polícia militar, já que Filip continuava desaparecido, como se tivesse evaporado no ar.
Ao adentrar o recinto, um arrepio percorreu minha espinha, preparando-me para o embate verbal que se seguiria. Encarei Levi, cujos cotovelos descansavam sobre as alças de madeira da cadeira, seu olhar impassível fixo em mim. Tentei decifrar suas intenções, mas nenhuma das conjecturas incluía um pedido de desculpas. Surpreendentemente, suas primeiras palavras foram uma expressão de remorso:
— Peço desculpas por tê-la enviado para aquela fazenda. Sinto que isso tenha sido desagradável para você. — Sua voz permanecia firme, sem emoção.
— E quanto a Filip? Alguma novidade ou minhas ações foram em vão? — questionei, mantendo minha postura desafiadora.
— Ainda não o localizei. — Levi respondeu com impaciência.
— Então, minhas ações foram realmente em vão. — Com um gesto de desdém, cruzei minhas pernas e ergui uma sobrancelha. — Pelo menos conseguiu me afastar de sua vista.
— Foi necessário, você sabe disso. — Levi retrucou.
— Não, Levi, você foi o único com a escolha. Optou por me afastar. — Meus olhos faiscavam de indignação diante dele.
Naquele momento, a atmosfera entre nós se tornou ainda mais carregada, como se uma densa nuvem de tensão pairasse entre o Capitão Levi e eu, criando um ambiente quase tangível em sua intensidade. Percebi que, de alguma forma, ele também estava contendo suas reações, mantendo-se contido por algum motivo desconhecido.
Seus lábios esboçaram um riso irônico e anasalado, enquanto arqueava a sobrancelha em minha direção, intensificando a tensão. Era evidente que algo o perturbava, algo que ele não expressava abertamente.
— Parece que minha escolha não foi tão terrível para você, já que pelas cartas de Kirschtein, você não demonstrou o mínimo interesse em saber de mim. — Sua voz carregava um tom ácido.
— Você agiu como se não se importasse comigo, como se fosse um estranho. Por que eu deveria demonstrar interesse em saber sobre você? Não entendo sua surpresa com a reciprocidade das minhas ações.
— Fico contente que esteja bem, Kasaki. Pelos últimos relatos, o Cadete Kirschtein parece dedicado a sua felicidade. — Levi comentou, desviando o olhar para a janela, o que me fez perceber que suas palavras escondiam algo mais profundo.
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Shingeki no Kyojin - Caminhos do destino
FanfictionFanfic de Shingeki no Kyojin Romance Levi Ackerman Em um mundo despedaçado pelos titãs, entrei para o Esquadrão de Reconhecimento, determinada a proteger os que amo. Contudo, o destino tinha outros planos para mim. Minha ligação familiar me conduz...