SEASON 2 - Capítulo 5 - O resgate

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O sol se punha atrás das montanhas mais distantes, e eu e Sasha fazíamos vigia enquanto os outros amarravam o líder do posto de inspeção a uma árvore. Eu sabia que Levi seria feroz em relação ao homem, pois precisava extrair as informações necessárias dele, então preferi me manter longe e me ofereci para fazer a patrulha pela floresta enquanto a sessão de tortura acontecia. Estávamos todos ansiosos para consolidação dos planos de Hange e do comandante Erwin, mas não tínhamos notícia alguma ali onde estávamos e onde aguardaríamos por alguns dias até que Zoe e Moblit retornassem trazendo notícias da capital.

Parei em meio às árvores, e virei cento e oitenta graus para ver a qual distância o resto do grupo estava. E então, há quarenta e cinco graus para ver a distância entre mim e Sasha. Já era o nosso quinto dia ali, final de tarde, e eu havia ficado na patrulha durante todos estes dias, para evitar qualquer tipo de contato com Levi. Eu tinha certeza de que ele suspeitava de algo, era óbvio, mas numa atuação pouco convincente tentei convencê-lo de que meu período havia chegado e que eu estava sofrendo demais com as cólicas para ficar sentada junto dos outros arrumando os equipamentos. Jean por sua vez não havia tirado seus olhos de mim, visivelmente preocupado, eu precisei ameaça-lo pois ao descobrir sobre os planos do capitão de me deixar em Trost num lugar seguro, ele havia concordado que permanecer no esquadrão seria algo perigoso para mim e para o bebê, e considerou contar ao capitão Levi. Uma leve tortura psicológica foi suficente para fazê-lo repensar.

Bebê, essa era uma palavra muito estranha aos meus ouvidos, eu nunca antes havia segurado um, não sabia quais suas necessidades básicas, não sabia como haveria forma de criar um ali. Mas minha principal preocupação era outra no momento. Enquanto estávamos na floresta, poderia usar a capa em tempo integral, serviria para disfarçar o tamanho de meus seios que haviam crescido ainda mais nestes poucos dias, e a mínima protuberância que começava a aparecer aos pés de minha barriga. Talvez eu estivesse enxergando coisas demais, ao menos na minha visão não havia como já estar aparecendo, nem mesmo um pouco. Mas talvez minha baixa estatura e magreza abdominal colaborassem para que qualquer modificação interna fossem evidenciadas mais rapidamente.

Eu precisava de alguma mulher, precisava contar a alguma mulher. Afinal, uma mulher saberia o que fazer, ou se não soubesse, ao menos alguma vez na vida provavelmente já teria presenciado a gestação alheia. Sasha, era a primeira e mais óbvia opção, ela tinha vários irmãos ao que eu me lembrava, e provavelmente não era a mais nova entre eles. Ensaiei algumas vezes como falaria de forma que não causasse nenhum tipo de reação exagerada, o que seria um pouco difícil considerando tratar-se de Sasha. Resolvi agir, já que em poucos minutos ela trocaria de turno com Connie. Prendi a respiração por alguns segundos e então avancei em sua direção, pensando novamente em qual seria minha primeira pergunta, ou como pediria ajuda com isso, mas antes eu obviamente precisaria saber se ela poderia me ajudar.

- Sasha! - Chamei num tom baixo ao estar próxima o suficiente para ela ouvir.

- Oi!

- Escuta, eu... Você por acaso sabe de onde vem os bebês? Já viu ou segurou algum? - Meu plano de ser discreta e indireta foi pelos ares no instante em que abri a boca.

O rosto de Sasha se contorceu em confusão.

- Anh? Assim... Bom eu sei se onde eles vem, é claro. Já cuidei de dois dos meus irmãos mais novos, até acompanhei o parto deles, foi a cena mais horrível e tenebrosa que eu já vi.

Agora o meu rosto contorcia, tentando imaginar as atrocidades que minha pobre amiga havia presenciado. E no que dependesse de mim, provavelmente presenciaria novamente.

Shingeki no Kyojin - Caminhos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora