Shingeki no Kyojin - Caminhos do destino

SEASON 3 - Capítulo 9 - Azumabito

— Há muito mais sob o céu do que jamais imaginamos... — Girei meu rosto em direção a Eren. — Isso não te assusta? Quero dizer... Quantas coisas ainda viveremos e quantas pessoas vamos perder... fora as que já perdemos...

Ele não precisava responder, na verdade eu sabia sobre grande parte do que ele sentia, embora ao mesmo tempo grande parte dessas coisas parecesse um borrão em minha mente, como se fossem centenas de linhas entrelaçadas.

— Te assusta? — Havia um suave tom ameaçador escondido sob sua expressão serena.

— Deveria? — Franzi o cenho.

Eren ponderou, seu olhar fitando céu noturno.

— Depende do ponto de vista. — Ele concluiu, e percebi que a incerteza pesava em seus ombros. — Eu sinto muito por tudo o que você passou...

— Está tudo bem. — Sorri, apertando sua mão.
O silêncio dominou o ambiente, apenas o som dos grilos podia ser ouvido.

— Kasaki, você... Você já quis morrer? — perguntou. — Quero dizer, quando a Petra morreu, ou seus bebês, ou... sua mãe...

— Sim.— A palavra saiu da minha boca com firmeza, mas por dentro, era como se cada pedaço de mim se despedaçasse ao admiti-la. Eren me olhou com surpresa, seus olhos verdes se arregalando por um breve momento antes de suavizarem novamente. Ele não esperava essa honestidade, não desse jeito.

Houve um longo silêncio entre nós. Eu podia sentir o peso das minhas palavras pairando no ar, mesclado com o som distante dos grilos. Eren suspirou pesadamente, o som ecoando no vazio ao nosso redor, enquanto ele voltava sua atenção para o céu, suas emoções claramente lutando dentro dele. As estrelas acima pareciam tão distantes, quase inalcançáveis, mas mesmo assim pareciam ser o reflexo exato do que se passava entre nós .

— Mas há algum motivo para eu ainda estar viva,— continuei, tentando suavizar a tensão no ar. — Mesmo depois de tudo. Olhei para ele, meu rosto meio oculto pela escuridão da noite. — Foi uma escolha sua, afinal.

Eu havia compreendido, claro, eram apenas suspeitas mas agora sua reação trouxera uma confirmação. Eren desviou o olhar do céu e fixou os olhos em mim. Havia algo neles, uma tristeza profunda, um peso que eu sabia que ele carregava sozinho. A luz da lua banhava seu rosto, destacando os contornos afiados de sua mandíbula e as olheiras que pareciam mais profundas a cada dia.

De repente, o som familiar de uma voz firme cortou o silêncio.

— Eren, Kasaki.— Era Levi, sua voz carregando o tom de autoridade que todos conhecíamos bem. — Entrem. Amanhã sairemos cedo.

Eu e Eren trocamos um olhar breve antes de nos levantarmos. Mas, mesmo enquanto caminhávamos de volta, algo pairava no ar entre nós — algo não dito, algo que eu sabia que Eren não estava pronto para revelar. Eu podia sentir em cada pausa nas suas frases, em cada desvio de olhar, que ele estava escondendo algo. Algo grande.

— Kasaki, você vem? — Levi chamou de novo, sua voz se aproximando, mas desta vez havia algo mais suave nela. Sabíamos que o dia seguinte seria mais uma luta, e Levi sempre tinha um jeito de lembrar que o tempo estava contra nós.

— Já estou indo. — Respondi, minha voz mais baixa do que o habitual. Eren me lançou um último olhar antes de se afastar em direção a construção.

Enquanto eu me aproximava da entrada, minha mente começou a vagar. Desde que ajudávamos na construção do porto, eu havia começado a perceber pequenas coisas. A maneira como Eren se afastava às vezes, como se estivesse sempre com a mente em outro lugar, presa em pensamentos que ele nunca compartilhava, mas que eu, por algum motivo conseguia de certo modo entender. Ele tinha se tornado esquivo, frio, e raramente sorria. Às vezes, em meio a nossas conversas, ele deixava escapar fragmentos de informações. Detalhes sobre o plano, sobre o futuro... Havia algo assustador na forma como ele falava sobre sacrifícios e escolhas. Era como se ele estivesse seguindo um caminho que só ele conhecia, um caminho onde os outros eram apenas sombras projetadas pelas decisões que ele estava tomando em silêncio. Mas é claro, que ele sempre era cauteloso suficiente para não permitir que nenhuma gota sequer transbordasse para os ouvidos dos restante dos nossos amigos.