Shingeki no Kyojin - Caminhos do destino

SEASON 1 - Capítulo 5 - Atrito

Passadas quase três semanas desde a minha chegada à base do Reconhecimento, gradativamente me tornei mais integrada ao ambiente e às dinâmicas do grupo, principalmente com os membros do pelotão do capitão Levi. Após o habitual café da manhã, ao deixar a cozinha, percebi uma agitação incomum no hall de entrada.

O som cadenciado de passos ecoou no espaço, antecedendo a descida imponente do capitão Levi. Ele vinha acompanhado por Hange, uma personalidade peculiar, de estatura elevada e óculos que emolduravam um olhar preocupado.

– A resposta é não. – A voz do capitão soou firme, sem concessões.

– Eu compreendo que isso seja um empecilho neste momento, mas não temos outra alternativa. – Hange tentava argumentar com serenidade. – Você terá que ir até Sina.

A tensão na atmosfera era palpável. As palavras do capitão Levi cortavam o ar, evidenciando sua postura inflexível. Hange, por outro lado, parecia determinada, mesmo diante da decisão inabalável de Levi. 

Curiosa e cautelosa, diminuí o passo, tentando disfarçar minha curiosidade sobre a conversa. As palavras sobre o julgamento de Eren me atingiram em cheio. Era evidente que aquilo tudo havia acontecido enquanto eu ainda estava inconsciente após a queda. Uma sensação de urgência para saber mais tomou conta de mim, e eu mordi o lábio inferior, desejando profundamente ouvir mais daquela discussão entre os líderes da tropa.

– Certo, entendido. Mas se quiser estar por aqui quando os recrutas chegarem, acho que é melhor você ir hoje mesmo. - Zoe parecia contrariada, como se não houvesse outra opção.

– Se eu tivesse opção melhor...

– Não tem. - A voz dela diminuiu um pouco, mostrando um certo conformismo.

– Ah, droga. - O capitão soltou um resmungo, indicando claramente sua frustração e desagrado com a situação.

Decidi parar de bisbilhotar a conversa e fui verificar como Eren estava. Saber sobre seu julgamento fez com que eu entendesse um pouco mais o motivo de meu amigo parecer tão fragilizado nos últimos dias, além do repentino fascínio e vontade de matar titãs. Caminhei calmamente pelo andar térreo, mas não o encontrei. Prossegui então minha busca no andar superior, até que localizei o rapaz dentro de um depósito, esfregando o chão com determinação.

– Eren? – Chamei-o, ganhando sua atenção imediatamente. – Como você está?

– Estou bem. E você? – Perguntou ele, mostrando um leve sorriso enquanto endireitava a postura, mergulhando o esfregão no balde à sua frente.

– Estou bem. – Coloquei minhas mãos nos bolsos de trás da calça, sentindo uma onda de alívio por saber que ele estava aparentemente ileso. – Eu não sabia que você havia passado por um julgamento, peço desculpas por não ter te apoiado sobre isso.

– Ah, bom, foi antes de eu vir pra cá. Eles me deixaram preso durante um tempinho e depois eu fui julgado. – Eren deu de ombros, sua expressão descontraindo um pouco. – Quando o capitão Levi foi te buscar, eu havia chegado aqui apenas um dia antes.

A preocupação ainda pairava em meus pensamentos.

– Alguém te machucou? – Pressionei meus lábios, tentando disfarçar minha preocupação.

– Levei alguns chutes do capitão Levi, mas está tudo bem agora, meus machucados saram bem rápidos. – O moreno sorriu, tentando me tranquilizar. – Obrigado pela preocupação, Kasaki.

Meu rosto esboçou uma rápida expressão de dor, imaginando o impacto de um chute de um dos homens mais fortes que já conhecera.

– Não precisa agradecer. – Balancei a cabeça e cruzei os braços em frente ao corpo, tentando disfarçar minha inquietação.