— Eu não acredito em absolutamente nenhuma palavra do que você disse. — Mordi meu lábio inferior, meus olhos fitando a expressão tensa da Payva.
— É a verdade. — ela suspirou, seus olhos marejando novamente. — Eu... Eu pensei que... que ele iria me proteger... Mas ele me deixou lá, ele me abandonou e permitiu que fizessem isso comigo.
Arqueei uma de minhas sobrancelhas, analisando seu comportamento em busca de qualquer sinal de mentira, qualquer resquício de fingimento, mas pela primeira vez, Payva parecia estar sendo sincera. E eu digo parecia, porque eu não daria meu braço a torcer tão facilmente.
— É a verdade. — Payva repetiu, franzindo o nariz, os ombros encolhidos como se quisesse desaparecer.
A corrente no tornozelo dela tinia de leve, acompanhando seus movimentos quase imperceptíveis. Aquele som metálico parecia encher o quarto de tensão. Suspirei, apertando o lábio inferior.
— Vou pedir para um médico ver você — disse com a voz firme, já me virando para sair.
— Não! Por favor, não... — A voz dela saiu urgente, quase implorando.
Hesitei, parando no meio do caminho.
— Chame uma enfermeira. Eu... eu não quero que um homem toque em mim de novo.
Aquilo me atingiu como um soco no estômago, e senti um calafrio percorrer minha espinha. Travei no lugar por um segundo, tentando processar suas palavras. Engoli em seco, ajustando a postura antes de me virar de leve, o mais fria possível.
— Eu volto se a enfermeira confirmar sua versão. — As palavras saíram quase cortantes, e eu não esperei pela resposta.
Dei mais um passo em direção à porta, determinada a sair dali o mais rápido possível, mas então ouvi a voz hesitante de Payva me chamando.
— Obrigada. — Ela não olhou para mim, os olhos ainda grudados no chão.
Fechei a porta atrás de mim, tentando ignorar a sensação desconfortável que tomava conta de mim. Assim que fechei a porta, caminhei pelo corredor de maneira calma, apesar da agitação dentro de mim. O som dos meus passos sobre a madeira ecoava pelo espaço silencioso, chamando a atenção de Levi, Eren, Jean e o resto do grupo que estava esperando. Quando me viram, todos endireitaram as costas, ansiosos por notícias, mas eu engoli o choro que ameaçava vir à tona. As lembranças de Filip e do que eu passei na mão dele me sufocaram por um breve momento, mas eu as empurrei de volta, tentando não demonstrar fraqueza.
Levi foi o primeiro a romper o silêncio.
— Como foi?
Eu respirei fundo, ajustando a postura antes de responder, tentando não vacilar.
— Parece que ela está mentindo... — comecei, mantendo a voz firme. — Mas ela realmente está machucada. — Tentei agir com indiferença, como se aquilo não me afetasse, caminhando até uma das cadeiras. Sentei-me, peguei uma xícara de chá que estava ali à mesa e tomei um gole, sentindo os olhos de todos sobre mim.
O silêncio que se seguiu foi constrangedor. Todos continuavam me encarando, e eu já estava ficando impaciente.
Por fim, serrei os olhos e soltei, de forma ríspida:
— O que foi?
Ninguém respondeu de imediato, mas o clima no ar parecia ter ficado ainda mais denso. Eles continuaram me olhando, e finalmente Levi perguntou, sua voz baixa, quase cuidadosa:
— Você está bem?
— Estou ótima. — Respondi rapidamente, talvez rápido demais, e bebi um grande gole de chá, sentindo o líquido quente deslizar pela garganta. Meu olhar voltou para eles, tentando mudar o foco. — E vocês? Já estão com as malas prontas para irmos para Marley?
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Shingeki no Kyojin - Caminhos do destino
FanfictionFanfic de Shingeki no Kyojin Romance Levi Ackerman Em um mundo despedaçado pelos titãs, entrei para o Esquadrão de Reconhecimento, determinada a proteger os que amo. Contudo, o destino tinha outros planos para mim. Minha ligação familiar me conduz...