O som do salto da minha bota ecoou pelo corredor, reverberando em cada canto do calabouço. A chuva recente havia transformado o chão em um emaranhado de pedras irregulares, onde pequenas poças d'água dançavam sob a luz fraca que penetrava pelas estreitas janelas. No centro sombrio do grande salão, as correntes pendiam do teto como serpentes de ferro, prendendo os pulsos de Filip, cujos braços estavam erguidos em um gesto de impotência.
Seu corpo, antes robusto, agora era apenas uma sombra esquelética, suas costelas salientes sob a pele pálida, os olhos afundados em olheiras profundas. Mesmo com os olhos fechados, sua voz rouca e fraca ressoou quando me aproximei.
― Já voltou, princesa? ― Ele murmurou, quase como um sussurro moribundo.
O corte em seu pescoço havia cicatrizado, mas o cheiro que exalava denunciava a sujeira e o abandono.
― "Já"? A percepção do tempo se distorce quando se está aprisionado, não é? ― Deixei meu dedo deslizar pela lâmina afiada que eu segurava. ― Já se passaram algumas semanas desde que você foi trancado aqui... Cinco, para ser mais precisa.
Meus passos ecoaram no chão úmido enquanto me aproximava dele, cada movimento exalando determinação e força. A luz fraca destacava os traços do meu rosto, marcado pelo poder que emanava de cada fibra do meu ser. Filip então abriu seus olhos, revelando um brilho desafiador por trás daquele semblante debilitado, seus lábios rachados esboçando um sorriso malicioso, como se vislumbrasse um jogo de poder além das correntes que o prendiam.
― Então essa é sua ideia de tortura? ― Ele provocou, arqueando uma sobrancelha com desprezo. ― Vai me deixar aqui definhando para morrer de fome?
Balancei a cabeça em negação, mantendo a compostura diante de sua tentativa de provocação.
― Oh, não, tio. ― Minha voz adquiriu um tom adocicado, mas carregado. ― Eu não seria capaz de fazer isso... Ao menos não antes de você esclarecer o motivo pelo qual disse que minha mãe está viva.
Com um gesto firme, coloquei o prato que trazia comigo sobre a mesa, ao lado da lâmina que reluzia à luz fraca do calabouço.
― Eu já disse, só vou falar quando você me soltar. ― Ele bufou, desafiando-me com seu olhar penetrante.
― Bom, então neste caso temos um problema... ― Me aproximei lentamente de Filip, cada passo ecoando determinação e firmeza. ― Porque eu não vou te soltar, não enquanto você estiver vivo.
― Então me mate de uma vez, sua puta. ― O desafio ecoou pelas paredes sombrias do calabouço, a luz fraca destacando os traços endurecidos do prisioneiro.
― Olhe a boca. ― A voz grave de Levi cortou o ar surgindo de trás de mim, repreendendo-o com autoridade. ― Isso não é jeito de falar com uma dama.
Um sorriso de desdém dançou nos lábios ressequidos de Filip, um último sinal de sua arrogância diante do destino sombrio que o aguardava.
― É, Filip. Seja educado. ― Meus braços cruzaram-se sobre o peito. ― Eu até trouxe o seu almoço, imagino que esteja com fome.
— Vão se foder vocês dois!
O prisioneiro, obstinado em sua resistência, cuspiu com desprezo no chão frio do calabouço, sua determinação ainda fervendo em meio à fraqueza física. Um suspiro cansado escapou de meus lábios, meu olhar lançando um desafio silencioso enquanto me aproximava da mesa, minha mão firme ao pegar o pedaço de pão sobre o prato.
― Pare de agir como um garoto mimado, abra essa boca, sim? ― Aproximei-me dele novamente.
― Acha mesmo que eu vou comer qualquer coisa que você me ofereça? ― Sua voz, embora fraca, continha um resquício de orgulho ferido.
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Shingeki no Kyojin - Caminhos do destino
FanfictionFanfic de Shingeki no Kyojin Romance Levi Ackerman Em um mundo despedaçado pelos titãs, entrei para o Esquadrão de Reconhecimento, determinada a proteger os que amo. Contudo, o destino tinha outros planos para mim. Minha ligação familiar me conduz...