SEASON 2 - Capítulo 4 - Eis a Questão

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— E então, como estamos? — Perguntou Hange ao passar pela porta.

Ansiosa, ela tirou sua capa e a pendurou sobre o gancho ao lado da porta.

— Eu estava te esperando para começar, é a primeira vez que torturo alguém então não sei bem o que fazer. — Disse o capitão Levi, parado no topo da escada que levava ao porão.

Nossos reféns haviam sido levados para celas separadas, no subterrâneo da construção, cuja aparência feral remetia facilmente a de um calabouço da era medieval. Pressionei meus lábios, observando a movimentação e tentando manter meus pensamentos longes das imagens assustadoras de tortura criadas pela minha imaginação. Aquilo era difícil, não só para mim pelo que eu podia ver, a maioria de nós encontrava-se muito desconfortável com a ideia de torturar e machucar fisicamente um ser humano.

Haviam várias velas acesas espalhadas pelo local, e ainda assim não pareciam ser o suficiente para iluminar a casa naquela noite escura. Levi e Zoe desceram as escadarias de pedra, indo em direção ao seu centro de tortura, enquanto que eu e o restante do esquadrão ficamos sentados à uma grande mesa de madeira. Mikasa por sua vez, parecia mais inquieta que o normal, e ficou em pé ao lado da porta que levava para a escadas.

— Caramba isso é tão desconfortável. — Reclamou Sasha.

— Não curto essa ideia de termos que fazer isso... Sei que é por uma boa causa mas... — Jean suspirou.

— Qual é gente, vamos encarar a realidade. Somos criminosos agora. — Armin disparou.

Nos sobressaltamos, olhando em direção ao loiro, que continuou a falar:

— Não estamos mais matando coisas gigantes que querem nos comer... Estamos matando pessoas porque nossas ideias e opiniões são diferentes, pessoas que pertencem a um outro grupo... — Ele estava cabisbaixo, e encarou suas mãos cujos dedos estavam entrelaçados sobre a mesa. — Não somos mais boas pessoas.

— Armin...— Mikasa murmurou.

— Eu discordo. — Falei. — Não estou dizendo que nós estamos certos e eles estão errados, se olhassemos por fora e conseguissemos entender as condutas deles além das nossas talvez poderíamos avaliar qual dos lados está certo, mas como isso não é possível, eu prefiro acreditar no nosso lado... E na nossa família.

A palavra família me fez recordar automaticamente da pequena folhinha de trigo germinada. E instintivamente, coloquei minha mão sobre minha barriga, me questionando sobre quais eram aqueles sentimentos que eu estava sentindo, já que havia uma grande dificuldade de discernimento. Todos se entreolharam, e pude sentir o olhar de Jean se focar em mim.

— Quanto tempo será que vai levar? — Perguntou Connie.

— Não sei mas espero que seja rápido. — Inspirei profundamente, enchendo meus pulmões de ar. — Acho que vou dormir um pouco, me acordem quando eles terminarem.

Pedi, levantando-me da cadeira, e deixando a sala calmamente em direção a um dos quartos. O cheiro de mofo e poeira estava presente tão intensamente ali que me causou um pouco de náusea, mas eu não me importava o suficiente para iniciar uma faxina, já que estava sentindo tanto sono que poderia facilmente dormir em pé.

Eu havia literalmente acabado de pegar no sono, ao menos foi o que pareceu, quando algo me cutucou, a fim de me acordar. Tive de controlar minha raiva para não desferir um soco no centro do rosto de Jean, que me olhava de forma curiosa. Então, seus lábios se curvaram num sorriso brincalhão.

— Você estava babando. — Apontou de forma travessa.

— Cale a boca, não estava não. — O empurrei fazeno-o se afastar, e me levantei.

Shingeki no Kyojin - Caminhos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora