37 - Palavras sufocadas

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Boa leitura ♡

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Pov. Lalisa.

Eu sei, sai do controle. Eu simplesmente explodi. Minha mente está confusa e eu não sei lidar com essa bagunça que está meu coração, minhas emoções. Cresci ouvindo que demonstrar sentimentos é um sinal de fraqueza, e fracos não mereciam lugar no mundo. Se isso acontecesse, éramos castigados para aprender a desligá-las, nem que fosse na base da paulada. Fomos treinados para viver como robôs, sem emoção ou sentimentos, apenas recebendo ordens de nosso pai, quem nos criou e acolheu quando ninguém mais se importava, quando éramos apenas escória para a sociedade.  

Mas ele apareceu e nos salvou, nos fez se sentir pela primeira vez parte de alguma coisa, parte de uma família. Mesmo não sendo a melhor vida, devo tudo àquele homem, meu pai, Marco.

Eu nunca tive muita certeza sobre nada em minha vida. Eu não tinha certeza sobre quem eu queria ser e sobre talvez não saber ao certo quem eu era. Eu nunca tive oportunidade de pensar sobre os meus planos, sobre meu futuro como toda criança sonhadora. Eu costumava achar que viver o agora bastava.

Passei os olhos pelas inúmeras garrafas de bebidas fortes que comprei. Eu não entendia bem o porquê meu pai de sangue era tão viciado nesses líquidos idiotas, mas com o tempo eu descobri. Adquiri esse vício dele, por mais que não quisesse, sempre me rendia a esse hábito tóxico. Eu gostava dos efeitos, das sensações que me causava, era a única coisa que me fazia sentir algo. O álcool reduzia a dor, diminuia a ansiedade e espantava o desânimo e as vozes que insistem em gritar em minha cabeça. Era a tal liberdade e a euforia que todos os jovens lutaram tanto para ter, e eu tinha demasiadamente.

Mas, no final, quando os efeitos passavam, a sensação de solidão era algo inexplicável, sempre muito doloroso e aterrorizante. Na primeira vez que experimentei havia jurado para mim mesma que não iria ingerir este líquido em meu organismo novamente, não iria seguir os passos do monstro porque não estava em busca de um vício, mas sim uma fuga da assombrosa vida de Lalisa Manobal. Minha vida.

Mas depois da morte de meu irmão, as coisas pioraram, me afoguei completamente nesse vício. Eu nunca esqueci aquele dia que ficou marcado por gritos, choros, bebidas, drogas, histeria, sangue, morte e culpa! Eu me sentia culpada por não estar lá para ajudá-lo. Eu o deixei ir, sozinho... e agora ele está morto!

E a porra da culpa era minha!

E ali estava eu novamente, com os olhos pesados, o cheiro de álcool impregnado dentro do veículo e a manhã começando a dar as caras.

Peguei outra garrafa, abrindo-a e bebericando da boca da garrafa mesmo. Ali estava ela, a sensação de euforia e liberdade preencheu meu corpo no mesmo instante em que a bebida descia quente pela garganta, chamuscando a lingua e deixando um rastro amargo por todo meu corpo que relaxou cada vez mais. Minha mente estava lenta, tudo começava a rodar pela quantidade de álcool e talvez alguma droga que circulavam em meu organismo.

Normalmente, eu não uso essas coisas desagradáveis, costumo manter distância dessas toxinas. Mas eu precisava, precisava acalmar minha mente se não ficaria louca.

E então a primeira alucinação começou.

A imagem de Bambam, apareceu do meu lado no carro. Havia um sorriso doce e amigável em seu rosto angelical unido a um olhar tranquilizante e esperançoso repousando em sua face.

— Minha princesa preciosa, minha irmãzinha idiota. Olha só pra você… - o sussurro fraco saiu de seus lábios e se perdiam no meio da escuridão que se aproximava — Você precisa acordar, maninha.

Dangerous love_Jenlisa (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora