Dangerous love_Jenlisa (G!p)

45 - Espero que dê tudo certo

Boa leitura.

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O céu pesado e riscado de cinza tumultuado com uma chuva prevista, residia o horizonte com as nuvens se revirando pelo vento que começava a ganhar força. Era até engraçado como o clima tinha o hábito de aparecer nos momentos exatos de melancolia. Meu peito apertou enquanto meus olhos estavam focados na imponência daquele caixão, com detalhes preto tão escuro que me trazia lembranças dos olhos do homem ao qual ocupava aquele espaço.

Ele se foi

Eu ainda não conseguia acreditar nessa realidade tão cruel, mesmo com o caixão aqui, diante de meus olhos. Na verdade, meu cérebro se negava a admitir que era realmente ele dentro daquele caixão, sem vida. Era tão doloroso, tão surreal, tão impossível. Essa dor dilacera a alma. Corrói tudo por dentro, como se fossem dez mil facas rasgando tudo por dentro e por fora. Uma lágrima silenciosos trilhou entre minha bochecha e rapidamente tratei de limpá-la.

Algo se movimentou do meu lado, e precisei piscar duas vezes para entender que era Minnie fungando, tentando limpar o rosto com as mãos trêmulas, enquanto Lalisa estava ao seu lado, segurando tão fortemente o guarda-chuva, que os nós de seus dedos estavam brancos, sem sinal de oxigenação. Seu rosto estava inexpressivel, sendo a cópia fiel de Marco, buscando ser forte do jeito que o homem nos ensinou. Mas a diferença, é que eu sabia exatamente o que Lalisa sentia.   

— O choro não o trará de volta. O irmão de vocês cumpriu o seu papel, e agora cabe a nós seguirmos seu exemplo. - Sua voz fria e rígida soou imponente. Eu sabia que a morte de nosso irmão estava mexendo com ele tanto quanto mexia com todos nós, mas ele nunca deixaria transparecer tal sentimento. A mão pesada do homem ponderou sobre o ombro da nossa irmã caçula, e, com apenas um aceno e um olhar sério, ele deu seu recado: não chore.

— Pai... - Comecei, colocando a mão sobre a dele — Cada um vive seu luto à sua maneira. Escolha a que melhor te cabe, mas por favor, não nos diga como devemos ser fortes e não demonstrar nossos sentimentos. Estamos em um enterro, nos deixe pelos menos sofrer da nossa maneira.

Seu rosto se virou vagarosamente, olhando para o caixão como se fosse apenas um objeto num cenário banal. Ele respirou fundo e passou a mão nos cabelos pouco grisalhos, continuando com sua fisionomia impenetrável, seu olhar rígido teimando na certeza de que não derramar lágrimas era a opção mais adequada naquele momento. Eu vi Minnie com a vista marejada e as narinas abertas acatando a instrução silenciosa de Marco. E vi ali o esforço descomunal que fez ao respirar fundo e apertar os punhos, limpando o rosto para assumir uma expressão rígida.

Não suportando mais segurar o choro demasiado que insistia em sair, a mais nova saiu correndo para o banheiro. Lalisa e eu ficamos paradas, se coçando para ir atrás dela também, e quando Marco deu um aceno positivo, disparamos em direção ao banheiro, seguindo os passos de Minnie. Ao entrarmos, vimos a garota sentada no chão incrivelmente limpo e gelado, chorando compulsivamente. Sem pensar duas vezes, corri até ela e me joguei ao seu lado, abraçando-a fortemente e lhe passando o conforto que a garota tanto precisava naquele momento. Que todos nós precisamos.

Lalisa continuou parada na entrada da porta, sem reação. E antes que uma única lágrima pudesse cair, ela assassinou qualquer chance disso acontecer ao respirar fundo e limpar os olhos com a palma da mão direita, tão rápido quanto um furacão pode destruir uma cidade.

— Venha, Pokpak. - A chamei, estendendo um braço em sua direção enquanto o outro estava envolto nos ombros de Minnie, que usava o mesmo como apoio para sua cabeça, chorando em meu ombro. Lalisa por um momento não fez nada, mas eu sabia que ela estava lutando para reagir conforme papai nos criou — Está tudo bem. Só estamos nós três aqui.